Um acidente trágico muda para sempre o destino de duas irmãs: Charlotte, adotada por uma família rica e moldada para viver sob regras e contratos, e Emily, criada com simplicidade e amor por uma assistente social. Anos depois, Charlotte se forma em Direito e é forçada a um casamento de conveniência com Nicholas Vaughn Eriksen, um poderoso magnata de Massachusetts. Ele não a ama, mas exige dela um herdeiro. Charlotte, no entanto, nunca esqueceu seu verdadeiro amor e, após duas recaídas, engravida sem saber que o filho não é de Nicholas. Quando decide pedir o divórcio, Nicholas recusa: “Temos um filho, e vamos criá-lo juntos.” Impaciente, Charlotte foge com o amante, mas seu avião cai no Pacífico. O magnata descobre a traição e, mais tarde, que o bebê não é seu. Para cuidar da criança, Nicholas contrata uma nova babá: Emily. Ele não imagina que aquela jovem doce e determinada é justamente a irmã perdida de Charlotte — e que, junto ao menino, pode mudar seu coração para sempre.
Ler maisA Pressa do Nosso Fim Quatro meses — O dia em que decidi desaparecer Quatro meses. Às vezes, olho para o calendário e não acredito que o tempo passou tão rápido desde que Edmund chegou aos meus braços. Eu o chamo de Ed quando é madrugada e ele chora com fome; sussurro “meu Ed, meu amorzinho” e parece que a casa inteira amolece num silêncio de bênção. Não reclamo de acordar, não reclamo de amamentar, não reclamo de ter a camisa molhada nem de doer a lombar — é como se cada incômodo confirmasse que, apesar de tudo, algo na minha vida é verdadeiro. Sou mãe. Mãe de um menino que nasceu do único amor que reconheço: Mark. Estou de licença-maternidade. Os dias têm cheiro de leite morno e algodão. Quando Ed adormece, encosto o nariz no alto da cabeça dele e inspiro fundo, como se pudesse guardar esse perfume para quando o mundo apertar de novo. Nicolas, quando chega do trabalho, sempre passa pelo quarto do bebê antes de qualquer outra coisa. Eu o
O Filho do Meu Segredo Eu me lembro como se fosse hoje do frio que percorreu meu corpo quando entrei no consultório da médica, semanas depois da Lua de Mel. Tudo havia sido combinado: eu estava em tratamento hormonal, pronta para a inseminação artificial, e Nicolas acreditava que aquele seria o passo definitivo para cumprir o contrato. Eu fingia serenidade, mas por dentro tudo era caos. A médica pediu que me deitasse, que relaxasse, que faríamos uma avaliação antes do procedimento. Eu obedeci mecanicamente, tentando afastar o medo. Mas quando a imagem apareceu no monitor, o mundo parou. Ela franziu o cenho, ajustou os aparelhos e depois sorriu com suavidade. — Senhorita Harrington, não precisaremos fazer a inseminação. O exame mostra que você já está grávida. Meu coração disparou. — Grávida? — repeti, como se aquela palavra fosse um idioma estrangeiro. Ela assentiu com calma, ap
O Casamento e o EncontroDois meses se passaram desde o acordo silencioso feito no escritório de Nicolas. O tempo correu como um rio sombrio, arrastando Charlotte com ele sem dar-lhe a chance de nadar contra a corrente. Ela se sentia como uma folha perdida, levada pelo vento para um destino que não escolhera. O dia do casamento chegou sem que ela tivesse feito nenhuma escolha, sem que tivesse se permitido sonhar sequer com o vestido. A mãe adotiva tratara de cada detalhe como se fosse ela mesma a noiva: o vestido branco de corte clássico, as joias caras, a maquiagem impecável e fria, o buquê que parecia mais uma peça de decoração do que algo vivo. Charlotte apenas obedeceu, como vinha fazendo desde que era criança.Era estranho pensar que estava prestes a se casar e não havia escolhido sequer as flores que segurava nas mãos. Quando olhou no espelho pela última vez antes de sair do quarto, não se reconheceu. A jovem refletida parecia uma boneca adornada com tudo o q
No dia seguinte ao noivado, Nicolas chamou o pai adotivo de Charlotte para uma conversa particular.— O senhor está passando sua filha para um casamento? — perguntou Nicolas, o tom calmo, mas firme.O homem ajeitou a gravata e respondeu, sem titubear:— Não, senhor Harrington. Nós assinamos um contrato. E ela aceitou.Nicolas arqueou uma sobrancelha, desconfiado.— Aceitou? Pois eu vi a tristeza nos olhos dela.O pai respirou fundo.— Ela tinha um namorado… do interior. Acreditava que se casaria com ele. Mas o contrato já estava assinado quando isso aconteceu.Nicolas fechou a expressão.— Isso muda tudo. — pausou, medindo as palavras. — Vocês estão forçando Charlotte a um casamento. E quem me garante que ela não vai atrás desse namorado no futuro?— Ele foi embora. — o homem rebateu rapidamente. — Não está mais aqui. Mudou-se para outro país.Nicolas inclinou-se para trás na cadeira, em silênci
O Plano Que Vê Além — Edmund, Margaret e o MentorNo plano onde o tempo se curva e os olhos veem sem necessidade de luz, Edmund e Margaret ficaram de mãos dadas. A saudade os envolvia como uma bruma cálida; ao mesmo tempo havia uma inquietude que queimava o peito de ambos.Eles ouviram — com a sensibilidade que a eternidade dá — os lamentos das filhas. Viram, em fios tênues como fios de ouro, as preces que Emily fez ao cair da noite; sentiram, como uma dor gentil, a súplica silenciosa de Charlotte no salão. As imagens cruzavam o espaço invisível, e cada palavra das meninas era como um fio que puxava-os de volta ao que foi interrompido.Atrás deles, uma presença serena surgiu — o mentor. Não era rosto conhecido dos vivos; era a calma em forma de figura. Sua voz, quando falou, foi como um vento que não rasga mas acalma.— Calma — disse. — Elas têm que viver isso. O tempo que lhes foi dado é um tempo de provas. Vocês cumpriram o tempo de vocês.<
Depois do anúncio do nosso noivado, senti os flashes dos fotógrafos atravessarem a sala como se fossem estrelas caindo. Havia aplausos, cumprimentos, sorrisos fabricados. Mas quando olhei para o lado, o que mais me prendeu foi o rosto dos meus pais adotivos — orgulhosos, triunfantes, satisfeitos como se tivessem acabado de consumar um bom negócio. Riam, trocavam olhares cúmplices, exibiam-se diante da sociedade como quem mostra uma obra de arte rara: “Vejam o que conseguimos”, diziam os olhos deles.Mal sabe essa sociedade hipócrita o que aconteceu nas sombras. Mal sabem os convidados que, poucos dias antes, quando o meu namorado da faculdade entrou na sala com o pedido de casamento humilde, sincero, meus pais responderam com um “não” frio e definitivo. Mal sabem que hoje, diante da mesma gente que aplaudiu o meu choro, esses mesmos pais me entregam como quem entrega um certificado, um título de propriedade.Sento-me por trás do véu, sorrio para as câmeras, e dentr
Último capítulo