Antes de você, depois de mim

Antes de você, depois de mimPT

Romance
Última atualização: 2025-09-25
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Índice

Sophie Carter, 29 anos, fotógrafa de moda, mora em Paris desde que fugiu de um relacionamento tóxico com um influente empresário de Nova York. O término deixou cicatrizes profundas: ela perdeu a confiança, os sonhos e parte da sua identidade. Determinada a nunca mais se apaixonar, vive apenas para o trabalho — até que, em uma viagem para cobrir um evento em Veneza, conhece Matteo Bianchi, restaurador de obras de arte. Diferente de tudo que ela conheceu, Matteo não tenta invadir sua vida, mas a convida a compartilhá-la. Entre canais, pontes e segredos, Sophie descobre que o segundo amor não precisa ser mais intenso… precisa ser mais verdadeiro.

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Capítulo 1

Capítulo 1

sinopse:

O som da campainha ainda ecoava quando Leonardo entrou no apartamento, o rosto vermelho, os punhos cerrados. Ele avançou sobre Sophie, que ainda segurava a caixa da entrega nas mãos.

— Que diabos é isso? — gritou, a voz carregada de ódio. — Atender o entregador? Você é uma vagabunda! Sempre atrás de homem!

Sophie recuou, tentando manter a calma:

— Leonardo, eu… eu só recebi a encomenda. Não fiz nada de errado!

Mas ele não ouviu. Cada palavra que saía da boca dele era uma lâmina:

— Não fiz nada? Você está de caso com ele, não está? Você é uma interesseira, uma oferecida! — e, num impulso, a empurrou contra a parede, os olhos dele brilhando de raiva doentia.

Ela caiu no chão, cobrindo o rosto com os braços enquanto ele distribuía t***s, sem deixar espaço para defesa.

— Você é uma qualquer! — ele continuou, gritando. — É por isso que eu fico com outras também! Você não pode ver homem sem ficar se oferecendo!

Sophie, exausta, soluçava, tentando se levantar e afastá-lo:

— Para, Leonardo… eu não fiz nada! Eu só recebi a encomenda!

Leonardo ria, amargamente, o olhar cheio de desprezo.

— Ninguém nunca vai te querer! — disse, aproximando-se mais. — Você é feia, sem graça… eu só estou com você por pena.

Mas naquele instante, mesmo tremendo, machucada e sem forças, Sophie ergueu o olhar, cheio de determinação:

— Um dia… eu vou conseguir sair disso. Nunca mais vou voltar.

Leonardo gargalhou, um som cruel e gelado.

— Ah, é? Você acha que ir embora resolveria? Eu te encontraria até no inferno. Ninguém jamais vai querer você, Sophie. Ninguém.

Ela sentiu o peso das palavras dele, o medo e a dor misturados, mas também algo mais — a primeira fagulha de coragem de que, mesmo ali, havia uma saída.

O chão frio do apartamento parecia engolir Sophie enquanto ela permanecia deitada, os machucados latejando, a pele ardendo pelo toque de cada agressão. As lágrimas escorriam incontroláveis, misturando dor e medo, e o peso da realidade era esmagador. Ela precisava sair dali. Se ficasse mais um minuto, tinha certeza de que poderia morrer nas mãos de Leonardo.

Antes, ele era diferente. Antes do casamento, Leonardo era carinhoso, atencioso, um verdadeiro príncipe. Mas príncipes não existem, e Sophie aprendeu isso da pior forma. Pouco menos de três meses após o “sim”, ele começou a mostrar sua verdadeira face. Primeiro foram pequenas críticas, disfarçadas de cuidado: “Por que você se maquia tanto?”; “Tá se arrumando pra quem?”. Logo vieram os insultos: “Mulher, minha mulher, não se arruma igual a uma vagabunda!”. E, depois, o primeiro tapa. Nunca mais parou.

Leonardo tinha casos com várias mulheres, mas, paradoxalmente, sua obsessão por Sophie só aumentava. Qualquer estresse, qualquer frustração, era nela que ele descontava. Ele a isolou do mundo: nem telefone para falar com a família, nem visitas aos pais que ela tanto amava. Ela se tornara, na visão dele, um objeto, um saco de pancadas que carregava todas as suas ansiedades.

Mas naquele dia, enquanto ele deixava o apartamento, Sophie sentiu uma fagulha de coragem. Entre soluços e dor, ela se levantou. Cada passo era um esforço, cada movimento ardia, mas ela sabia que precisava fugir. Pegou uma mochila pequena, enfiou poucas peças de roupa, documentos e algumas bolachas que havia escondido, por precaução. Cada item era um fio de esperança, uma promessa de que havia algo além daquilo.

Saindo às pressas, como um animal acuado, passou pela portaria correndo, o coração disparado, cada sombra parecendo uma ameaça. Encontrou o primeiro táxi disponível e, com as últimas notas de dinheiro que conseguiu pegar do cofre de Leonardo, pagou a corrida. A adrenalina mantinha suas pernas firmes, mesmo quando a dor latejava em cada músculo.

O aeroporto parecia um labirinto interminável. Sophie quase desmaiava de cansaço e medo, mas respirava fundo, repetindo para si mesma que precisava continuar. Depois de muito desespero e ansiedade, conseguiu uma passagem de última hora. Quando finalmente entrou no avião, o assento parecia pequeno demais para conter todo o alívio que sentia. Ela fechou os olhos, deixando o corpo relaxar, por alguns segundos permitindo-se respirar sem medo de ser atacada.

Paris não era longe da Suíça, mas para Sophie, era como atravessar um continente inteiro. Não importava o cansaço, a dor ou o medo; ela havia conseguido. Pela primeira vez em meses, sentiu que havia esperança — uma vida nova a esperava, e ela finalmente estava correndo em direção a ela.

Enquanto o avião decolava, Sophie olhou pela janela, observando as luzes da cidade desaparecendo, misturadas com lágrimas de alívio. Cada quilômetro percorrido era um passo longe do inferno que Leonardo havia criado, um passo rumo à liberdade que ela sempre mereceu.

....

3 anos depois

A luz filtrava pelas janelas altas do estúdio, dourando partículas de poeira suspensas no ar. O clique constante da câmera se misturava ao som abafado do trânsito parisiense, distante, como se fosse de outro mundo. Sophie ajustou a lente, observando a modelo mudar de pose. Nada escapava ao seu olhar — cada sombra, cada dobra de tecido, cada reflexo na pele.

Fotografar sempre fora seu refúgio. Agora, era também sua armadura.

— Um pouco mais para a esquerda — disse, a voz firme, quase sem emoção.

A modelo obedeceu, e Sophie disparou mais três fotos rápidas antes de abaixar a câmera. Seu assistente correu para ajustar a iluminação, mas ela já sabia que tinha capturado o que precisava. Fechou o visor, desligou o equipamento e guardou-o com a precisão de um ritual.

O trabalho terminado sempre lhe trazia alívio. Era a prova de que ainda controlava alguma coisa.

Do lado de fora, o céu de Paris se despedia do inverno com um azul pálido. Sophie caminhou até o pequeno café da esquina, o mesmo que frequentava quase todos os dias. Sentou-se na mesa junto à janela, pediu um café noir e abriu o caderno de anotações. Não para escrever, mas para folhear páginas antigas, rabiscadas com frases soltas e ideias que não tinham destino.

Seu celular vibrou. Um número de Nova York. Ela deixou tocar até parar.

Dois anos haviam passado desde que fugira daquela cidade, mas ainda havia dias em que Nova York a perseguia — não nos cartões-postais ou nas lembranças boas, mas no eco de uma voz que aprendeu a temer, no peso invisível que, às vezes, lhe prendia os ombros.

Olhou para o reflexo no vidro: cabelos castanho-claros caindo sobre o rosto, olhos atentos, mas guardados. Havia se tornado especialista em esconder-se de si mesma.

O garçom trouxe o café. Ela agradeceu em francês, sorveu um gole e deixou o amargo aquecer-lhe a garganta. Não havia mais planos para a vida além do próximo trabalho. O amor, a entrega, os sonhos — estavam todos trancados no mesmo cofre onde guardava as lembranças de Nova York.

E ela tinha jogado a chave no Sena.

...

O telefone tocou novamente naquela noite.

O mesmo número de Nova York.

Sophie deixou que vibrasse sobre a mesa, o som abafado pelo tecido do lenço que havia deixado jogado ali. Não iria atender. Não precisava ouvir para saber de onde vinha — ou de quem poderia ser.

Ela estava sentada no chão da sala, cercada por caixas de fotos antigas que havia decidido organizar para um novo projeto. Entre retratos de modelos e editoriais premiados, encontrou uma imagem que não lembrava ter guardado: um jantar em Manhattan, luzes douradas refletidas nos copos de vinho, e ela — sorrindo, os ombros levemente inclinados para o homem ao seu lado.

O homem que arruinara tudo.

No começo, ele tinha sido encantador. Atento. Interessado em cada detalhe da vida dela. Um colecionador de promessas, todas embrulhadas em palavras bonitas. Sophie lembrava-se da primeira vez que o fotografou — a confiança no olhar dele, o jeito como falava como se o mundo fosse dele. E talvez fosse.

O que ela não sabia é que seria engolida por esse mundo.

Vieram as críticas disfarçadas de preocupação: “Essa cor não combina com você”. “Por que gastar tempo com um trabalho que paga tão pouco?”. Depois, os convites que eram ordens. As ausências justificadas com negócios importantes. E, por fim, a sensação de que já não havia espaço para ela na própria vida.

A última discussão havia acontecido numa noite fria de dezembro. Ela lembrava da voz dele ecoando atrás dela:

— Você nunca vai conseguir sem mim.

Dois anos depois, ainda havia dias em que essas palavras queimavam como se tivessem sido ditas ontem.

Sophie fechou a caixa de fotos, colocou-a no armário e apagou as luzes. No escuro, o apartamento parecia maior, e o silêncio, mais pesado. Ela deitou-se na cama sem se trocar, olhando para o teto, tentando convencer-se de que o passado estava trancado do outro lado do oceano.

Mas, no fundo, sabia que ele ainda encontrava maneiras de atravessar.

Sophie não conseguiu pregar os olhos naquela noite.

Deitada de lado, observava o contorno difuso da janela iluminada pela luz pálida da lua. O tic-tac do relógio parecia mais alto do que deveria, marcando um tempo que ela não queria viver.

Fechou os olhos, mas as sombras não se foram.

Vieram em fragmentos — imagens rápidas e cortantes que, mesmo dois anos depois, ainda sangravam.

O som áspero da voz dele, que começava baixa, quase suave, antes de se transformar em gritos que faziam suas mãos tremerem.

O choque do corpo contra a parede, a dor seca que percorria os ossos, e o vazio que ficava depois, como se tivesse perdido um pedaço de si.

As noites em que se encolhia no canto do quarto, o rosto enterrado nos joelhos, tentando fazer o mundo sumir enquanto as lágrimas umedeciam o pijama.

E, pior que tudo, o cheiro.

Um perfume feminino que ela não conhecia, que se misturava ao dele quando ele voltava tarde. Era doce demais, quase enjoativo, e se infiltrava no ar como uma confissão silenciosa. Não precisava perguntar. Sabia. Sempre soube.

Sophie respirou fundo, tentando afastar o enjoo que a lembrança trazia. Apertou o travesseiro contra o rosto, como se pudesse abafar os fantasmas. Mas fantasmas não precisam de som para gritar.

Virou-se na cama e fixou o olhar no teto, onde a luz da rua desenhava linhas tênues.

Paris dormia lá fora.

Ela, não.

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