Adoção de Charlotte
Três meses. Parecem poucos dias quando se olha no calendário, mas para uma criança órfã é uma eternidade.Nesse tempo, vi Emily florescer de novo. Grace cumpriu sua promessa. A menina agora sorria nos braços dela, começava a balbuciar novas palavras e já a chamava de “mamãe” com a naturalidade de quem encontrara abrigo. Eu sabia que Margaret e Edmund estariam em paz vendo aquilo.Charlotte, porém… Charlotte continuava a mesma. Olhar duro, ombros retos, a expressão de quem já tinha visto mais da vida do que qualquer criança deveria. Ela não se misturava às outras crianças. Fazia a lição sozinha, com a letra impecável que Margaret tanto elogiava. Guardava o urso de pelúcia ao lado da cama, como se fosse a única lembrança digna de confiança. E, quando achava que ninguém a observava, passava os dedos sobre as fotos dos pais que guardei com tanto cuidado e que a assistente social mantinha em sua pasta.No terceiro mês, finalmente, u