Agatha sempre viveu sob o controle rígido do pai, seguindo regras severas ao lado da irmã mais velha. Em busca de liberdade, cede ao convite da irmã para sair e, após beber demais, acaba ao lado de um desconhecido na mesma condição. Ao acordar, foge apavorada. Pouco tempo depois, descobre que está grávida. Ao contar ao pai, é expulsa de casa e deixada à própria sorte, enquanto sua irmã sorri cruelmente, sussurrando em seu ouvido uma despedida amarga: — "Boa sorte com sua nova vida... espero que encontre o pai do seu bebê... um pobre e miserável assim como você." Determinada a criar o filho sozinha, Agatha enfrenta tempos difíceis, trabalhando em empregos simples, mas mantendo-se firme por amor à filha, Flor Bela. Durante anos ela luta para sobreviver, encontrando empregos modestos, depois, ao perder o emprego, vê sua estabilidade ruim mais uma vez. Em meio à busca por trabalho, conhece Alexander, um empresário rígido que lhe oferece uma vaga como secretária. Ela aceita a oportunidade sem imaginar que seu novo chefe é Vitor, o filho de Alexander — um homem temido por sua frieza e fama de dispensar secretárias. Depois de um tempo, o impacto é avassalador quando ela reconhece Vitor como o homem daquela noite do passado, sem que ele tenha ideia da conexão entre eles. A partir desse reencontro inesperado, Agatha precisa encarar os fantasmas que tentou enterrar: o segredo da paternidade de Flor Bela, o risco de perder o emprego e a ameaça constante do passado se repetir. O destino os une novamente, agora em circunstâncias ainda mais complexas, forçando-a a lidar com verdades dolorosas, sentimentos confusos e a possibilidade de um futuro que ela nunca imaginou — tudo isso enquanto tenta proteger o que mais ama: sua filha.
Ler mais— São dois cometas, meu amor... corpos celestes que orbitam o Sol — disse Agatha, com a voz embalada por uma melodia serena, quase sussurrada.Flor Bela continuava olhando para o céu, como se seus olhos pudessem atravessar o tempo. As estrelas piscavam devagar, como se também estivessem ouvindo.A brisa da noite dançava entre os fios soltos de seu cabelo, levando consigo perfumes de jasmim e maresia. Seus pés tocavam a terra úmida e morna do jardim, e o som ritmado das ondas distantes se misturava ao silêncio cúmplice entre elas.— Eles parecem fugir um do outro — disse Flor Bela, os olhos fixos na trilha brilhante dos cometas cruzando o firmamento. — Talvez só estejam esperando o momento certo... — Agatha respondeu, com aquele jeito dela de dar esperança até aos mistérios do universo.Flor Bela virou o rosto, e o luar desenhou em seus traços uma quietude antiga, como se carregasse um mapa de saudades. Agatha tocou suavemente seus dedos e sentiu ali um pulsar diferente, como se, naq
Seis meses se passaram na grande cidade, e a empresa de Alexander floresceu ainda mais com uma velocidade impressionante. O que antes era apenas uma empresa ousada no centro da cidade e no 27º andar de um prédio comercial, agora ocupava um arranha-céu inteiro no coração financeiro da metrópole. A fachada de vidro refletia o céu azul e os helicópteros que sobrevoavam a cidade, enquanto o saguão principal, decorado com mármore italiano e lustres de cristal, recebia diariamente empresários, celebridades e influenciadores em busca de parcerias e oportunidades. Tomada pela riqueza, luxo e fama, a empresa se tornara uma espécie de vitrine do sucesso moderno. Era como uma isca de peixe reluzente, lançada ao mar da ambição humana — e sempre atraía turistas distantes, curiosos para ver de perto o império que desafiava as leis do mercado. As redes sociais fervilhavam com fotos do edifício, dos eventos exclusivos promovidos por Alexander, e dos produtos inovadores que pareciam antecipar
Ela se levantou graciosamente dos aposentos, envolta em uma seda azul-petróleo que refletia a luz tênue da manhã como se fosse feita de água e mistério. Seus pés tocaram o chão frio de mármore, fazendo-a estremecer levemente. Ao seu redor, cortinas de linho branco dançavam com a brisa suave que vinha do jardim, trazendo consigo o aroma de jasmim e terra molhada.A mão trêmula deslizou sobre a mesa de carvalho polido, repleta de papéis importantes, tinteiros semiabertos e uma fotografia antiga parcialmente coberta por uma carta não terminada. Seus dedos hesitantes pararam sobre o telefone de discagem, o objeto que parecia pesar toneladas naquele instante.— Alô. Quem fala? — Sua voz escapou como um suspiro nervoso, delicada como cristal prestes a se romper. Seus olhos se fixaram na moldura da janela, onde o sol começava a acariciar as folhas com timidez.Do outro lado, uma pausa quase calculada precedeu a resposta — um silêncio denso, que parecia conter séculos de palavras não ditas.—
Vitor caminhava em sua direção, com passos lentos e firmes. As mãos estavam mergulhadas nos bolsos da calça preta, e seus olhos carregavam um brilho contido — como se tentasse domar uma avalanche de sentimentos. O sol poente desenhava silhuetas douradas nas paredes ao redor, e o ar parecia suspenso entre os dois.— Espera... — disse ele, a voz rouca, como se cada palavra precisasse vencer um nó na garganta. — Não precisa se assustar. Só queria ver a Bela... e dar um beijo nela. Posso?Agatha sentiu o tempo parar por um segundo. O pedido singelo despertou nela um sentimento inesperado — uma onda de ternura e aceitação que vinha de um lugar que ela nem sabia existir. Seu coração se abriu, como uma flor tocada pela luz suave do entardecer.Seus olhos, antes cheios de cautela, agora brilhavam com um espanto genuíno. Não havia mais medo, só uma certeza quente.— Claro que pode, Vitor... — disse ela, quase num sussurro. — Você acredita que o Alexander me pediu a mesma coisa? — E afinal, voc
— Olá, meninas. — exclamou Alexander com um sorriso genuíno nos lábios, embora os olhos traíssem uma curiosidade vigilante. Seu tom carregava uma leveza quase ensaiada, como se quisesse dissolver, sem sucesso, a tensão suspensa no ar. — Estou atrapalhando a conversa de vocês?As duas mulheres pararam de falar por um instante. Mas nenhuma respondeu de imediato. O silêncio que se seguiu era tão espesso que parecia cobrir a sala como uma névoa silenciosa. O tique-taque do relógio na parede tornou-se subitamente audível, marcando cada segundo com uma precisão incômoda. Flor Bela, em seus braços, emitiu um som quase imperceptível — um suspiro entre o sono e o desconforto — como se sentisse o calafrio que passava entre os presentes.— Agatha, você trouxe a Flor hoje? — murmurou Alexander, dando um passo à frente. Sua voz tinha um timbre suave, mas havia algo nela — uma nota de saudade ou felicidade — que não passou despercebida. — Será que eu poderia dar um beijinho e um abraço na minha
Agatha encarou Lorena enquanto ela se aproximava com passos lentos e calculados, os saltos finos tocando o chão em ritmos quase ritualísticos, como se cada movimento fosse coreografado para dominar o espaço sem pressa. Os dedos de Lorena deslizavam pelo colar de pérolas em volta do pescoço com a delicadeza de quem sabe exatamente o efeito que sua imagem provoca — uma mistura de refinamento e intimidação.O olhar de Agatha permanecia fixo, mas não havia ali ódio declarado, nem aquela frieza cortante que precede confrontos diretos. Era algo mais profundo: um cansaço denso e antigo, tecido por meses de provocações e crueldade, jogos de poder e perseguições veladas. Um desgaste que não se vê, mas se sente — como um vestido molhado grudando na pele após uma chuva morna e inesperada.Lorena parou à distância cuidadosamente calculada — perto o suficiente para invadir o espaço pessoal, longe o bastante para parecer apenas uma colega cordial. A luz amarelada da manhã atravessava as persianas,
Último capítulo