Adoção de Emily
Depois que Charlotte foi adotada, o orfanato nunca mais teve silêncio.Emily tinha apenas dois anos, mas o vazio que a irmã deixou foi maior do que qualquer criança poderia suportar. Todas as noites, sem exceção, eu escutava o choro dela ecoando pelos corredores, um lamento tão profundo que parecia vir da alma.— Mamãe! Papai! Char-lotteee! — ela gritava, a voz rouca, o corpinho pequeno se debatendo no colchão estreito.As outras crianças acordavam assustadas. Algumas se encolhiam debaixo das cobertas, outras taparam os ouvidos, mas nenhuma conseguia ignorar o desespero daquela menina que chamava por quem nunca mais voltaria.Eu corria até ela, tentava embalar nos braços, mas Emily se encolhia, se debatia, rejeitava. Não aceitava o meu colo, não aceitava o das freiras. O único colo que ela queria era o da mãe ou o da irmã — e esses não estavam mais ali.Foi então que Grace passou a ser chamada noite após noite. A