Mundo ficciónIniciar sesiónSou Olivia Ribeiro, secretaria da "Ribeiro construtora". Tenho como missão garantir que tudo ande bem na empresa, faço o que precisa ser feito. Meu pai, em sua forma de ser, me entregou a tarefa de convencer um homem a nos vender suas terras. O que eu não sabia, era que ele tinha um plano maldoso para mim. Meus pais, em um ato de desespero, prometeram minha mão em um casamento arranjado. Desde então, não sei o que será de mim.
Leer másOlivia
8 anos de idade Mamãe disse que tenho que estar bonita hoje, pois é o aniversário da tia Sol. Ela veio até o meu quarto com uma caixa branca cheia de borboletas coloridas desenhadas. Tia Sol tinha mandado para mim; eu e minha irmã vamos usar vestidos iguais. — Está aqui o seu vestido. Lembre-se de pentear os cabelos quando terminar de se vestir — diz ela, entregando a caixa. Em seguida, sai, fechando a porta do quarto. Escuto ela abrir a porta ao lado da minha, a porta do quarto da minha irmã. — Boa tarde, filha! Mamãe trouxe o seu vestido. Quando terminar de se vestir, me chama para fazer um penteado lindo em você. Não esquece de separar sua sapatilha. Mamãe nunca se oferecia para fazer penteados em mim. Sempre disse que eu era independente, forte e inteligente, porque sou um ano mais velha que a Milena. Atravesso o quarto e abro a porta do armário do banheiro, esticando-me na ponta dos pés, a fim de alcançar a toalha. Tomo um banho rápido e lavo meus cabelos ruivos. Hoje, na escola, tive aula de artes com tinta, e acabou respingando um pouco neles. Saio do banho e puxo o laço da caixa. Quando abro a tampa, fico encantada. — Uaaau! — tiro de dentro, com cuidado, um vestido lilás cheio de brilho e rodado. — Bem que a tia Sol disse que ama essa cor. No fundo da caixa, vejo uma fita de cetim da mesma cor do vestido, em um tom mais escuro. É um laço delicado para amarrar na cintura. Com cuidado, me visto e tento amarrar a fita, que deve formar um laço, mas, como é nas costas, não consigo. Então continuo me arrumando. Dessa vez, começo a pentear meus cabelos. Se eu chamar a mamãe, ela vai ficar chateada e vai fazer o mesmo penteado de sempre: um meio preso. Esse eu já sei fazer de cor, então poupo trabalho e começo a fazer eu mesma. Me olho no espelho e aproveito para fazer cachos nas pontas do cabelo com a ajuda dos meus dedos e um pouco de gel. Em cima da minha penteadeira, pego um gloss e uma sombra lilás bem suave e passo no rosto. — Sapatilhas! — corro para a sapateira e calço uma sapatilha branca com laçinho. Ela também é cheia de brilho e combina com meu vestido. Sentada na cama, com as mãos apoiadas no colchão, olho para baixo e bato os pés de leve no chão. Vou esperar a mamãe terminar o penteado da Milena para fazer o laço com a fita, assim ela não fica sobrecarregada. — Olha, filha — escuto o som de sapatos batendo no chão do outro lado da parede. — Ficou perfeito. Você é perfeita. Mamãe finalizou o penteado. Sinto um pouco de ciúmes. Mamãe nunca foi assim comigo. Quando a babá não está de folga, é ela quem me acompanha. Seco o suor das mãos no lençol e desço da cama. Organizo a caixa e, antes de fechar, pego a fita e a dobro com cuidado no braço. Vou descer e pedir para a mamãe colocar em mim. Quando saio do quarto, vejo Milena radiante, com um coque digno de princesa nos cabelos. Mamãe caprichou em cada detalhe, em cada cacho e em cada mecha. Não há um fio de cabelo fora do lugar. — Olivia, vem aqui — me viro em direção à minha mãe. Ela percebe a fita nos meus braços. — Não conseguiu fazer o laço na fita? — aceno que não. — Deve ser pelo tamanho da sua barriga. Meus olhos se enchem de lágrimas. Ela sempre diz que eu deveria emagrecer, comer menos, mas eu não sei por que sou assim ou por que ela fala essas coisas. Tenho vontade de dizer que não consegui amarrar porque o laço fica nas costas, mas aprendi que não devo contrariá-la. Mamãe pega a fita e amarra o laço em mim. — Pronto. — Ela sorri para mim, pega na minha mão e na mão da Milena. Depois disso, descemos as escadas. Ela não percebeu que não coloquei os brincos que ela nos deu ontem e também não viu que não passei perfume. Não porque eu não quis, mas porque não lembrei. Só me lembrei ao olhar para Milena, toda ornamentada e cheirosa. Novamente, senti ciúmes. Mas... tudo bem. Eu sou independente, forte e inteligente.Ao retornar à mesa, a noite não se estende por muito mais tempo. Após conversas fúteis e um silêncio sepulcral entre mim e William, todos nos despedimos, combinando de nos encontrarmos em família novamente em breve.— Por que fizeram isso? Por que não me contaram?Já dentro do carro e recomposta, sinto a necessidade de entender a motivação de tudo isso.Foram anos me dedicando a ser uma boa filha, a não dar trabalho, sendo a melhor na escola e no meu papel dentro da empresa. De nada valeu; fui praticamente vendida sem sequer ser questionada sobre o meu querer ou desejo.Uma pausa silenciosa acontece, mas decido não dormir sem respostas. Se ninguém falar nada, insistirei mil vezes, se preciso. Ficar quieta por tanto tempo custou minha liberdade.Em um trecho que ficamos presos pelo trânsito, meu pai desata a falar:— Alguns dias atrás, realizei uma reunião de negócios com Orlando Azevedo, pai de seu noivo.Inicialmente, a reunião era para vermos a possibilidade de uma união entre nossa
Claro que eu sei que o que sai da boca desse homem é uma pergunta sem valor, pois, neste momento, eu não tenho escolha. Devo aceitar.Só agora entendi o olhar e as frases de minha mãe. De alguma forma, ela quis me preparar, e sei que não foi com intenção de tornar o momento mais leve, mas sim para que eu não cometesse erros.Minha garganta está trancada, e me sinto anestesiada. De relance, vejo minha mãe trocar olhares com meu pai. Não consigo formular palavras, então respondo à sua pergunta com um aceno de cabeça em afirmação.Aplausos começam ao redor do ambiente.Meus pais e os acompanhantes do homem ficam de pé.Meu noivo se levanta e estende a mão para mim, que o acompanho, afastando-me da cadeira. Seus dedos são gelados, combinam com ele. Talvez não esteja menos nervoso do que eu; sei que também não escolheu estar aqui.O anel é lindo, dourado e com um diamante médio. Ao redor de sua estrutura, existem dezenas de micro pedras cravejadas; juntas, parecem pequenos focos de brilho.
Sinto olhares curiosos sobre mim, mas logo são desviados.— Está faltando uma, não? — pergunta o rapaz grisalho ao lado da Sra. Martha, que reconheço ser o mesmo do elevador hoje mais cedo. Suponho que ele seja marido dela.Meu pai acena e prossegue:— Sim, Milena não conseguiu estar presente. Está viajando com o noivo, mas logo irão conhecê-la também.Minha mãe não resiste e logo começa a falar:— Tão linda ela é… ficou noiva tão jovem. Sempre achamos que a nossa Olivia iria se casar primeiro, não é, meu bem?Ela está falando comigo?Sim, está. Vejo a falsidade em seus olhos quando me encara. Concordo com a cabeça.Minhas mãos estão embaixo da mesa; cutuco meus dedos com as unhas. Sinto a palma começar a suar. Que droga de nervosismo.Arrumo a postura e pego a taça com água. Bebo um gole e, ao colocá-la novamente na mesa, começo a observar mais ao redor.Todos estão concentrados em uma conversa fútil sobre o dia a dia com os filhos. Vou virando a cabeça. O homem ao lado do meu pai ba
*Horas mais tarde*Cheguei em casa por volta das 18h e subi direto para o meu quarto. Tomei um banho breve, evitando molhar os cabelos, para preservar o babyliss feito mais cedo. Meu tempo principal esta noite deve ser dedicado à minha aparência.Escolho um vestido verde e justo, com um leve decote nos seios — perfeito para a ocasião. Após vesti-lo, coloco um par de saltos agulha nos pés e os acessórios escolhidos, que seguem a mesma paleta de cores do vestido. Passo um óleo no cabelo e capricho na maquiagem, para logo depois aplicar o perfume.Quando finalizo, escolho uma bolsa e confiro se nada está faltando.— Retoque de batom, perfume de bolsa, espelho… hum, arma de choque. — Nunca se sabe quando vamos precisar de uma. Coloco tudo dentro da bolsa e desço para a sala.Encontro minha mãe de pé em frente ao sofá. Ela usa um vestido azul sofisticado, com mangas longas.— Vejo que aprendeu a se vestir. — Ela me avalia de cima a baixo e vem até mim.— A reunião de hoje marca um passo im
Seguindo com o meu dia, decidi finalizar todas as pendências que eu tinha, tanto de forma on-line quanto presencial. Organizei documentos, separei contratos e, por fim, continuei com meu objetivo de iniciar a negociação de compra do terreno. Agora já são 16h; espero que o tal Arthur não esteja ocupado.Decido começar pelo básico: ligação.Abro minha agenda na mesma página em que meu pai escreveu o contato do rapaz. Abro o teclado telefônico do meu celular e digito rapidamente. Coloco no viva-voz e aguardo alguém atender.Tento ligar uma, duas, três vezes, mas não obtenho retorno.— Vou tentar apenas mais uma vez. — Novamente, clico no botão verde de chamada. Três segundos depois, alguém atende.— Alô?Uma voz feminina?— Alô? Perturba tanto e não vai falar nada? Olha só, você quase estragou um momento importante!Momento importante? Ai, meu Deus.— A-alô, boa tarde. Peço desculpas. Esse é o contato do Sr. Arthur?— É sim — a mulher do outro lado da linha responde de modo desconfiado.
*Alguns dias depois*Recebi uma ligação do meu pai hoje, dizendo:"Olivia, esteja na minha sala após o almoço.”Agora, de frente para a porta de sua sala, dou três batidas suaves para demonstrar minha presença e entro. Ele está em sua cadeira, digitando sem parar no notebook. Sem dizer nada, me posiciono à sua frente logo depois de colocar minhas agendas em cima da mesa.— Boa tarde, pai. Estou aqui.Finalmente ele eleva o olhar e diz:— Ótimo. Preciso te passar alguns detalhes sobre a obra idealizada pelo prefeito.Ele fecha o notebook.— De acordo com as exigências dele, não existe terreno desocupado com tamanha capacidade. Confesso que, por um momento, isso me deixou bastante preocupado. — Bate a mão de leve na mesa. — Mas encontrei um lugar perfeito. Só precisamos de uma forcinha, pois o responsável pelas terras se mostrou resistente à proposta de venda.Gira um pouco a cadeira, como se estivesse pensando.— Arthur Guimarães. É o nome do dono do lugar.Ele explica que o terreno já





Último capítulo