Ariel enfrenta desafios emocionais e profissionais após um relacionamento tóxico com seu ex-namorado, Thomas,que manchou sua reputação no mercado de trabalho. Aceitando um emprego como faxineira na empresa de Alicia e Christian, ela se vê confrontada com a hostilidade de Christian, o qual, apesar de inicialmente determinado a afastá-la, começa a sentir um complexo turbilhão de emoções, deixando incerto se esse relacionamento de antagonismo pode se transformar em algo mais profundo e verdadeiro.
Leer másNova York
Junho, 16
Cheguei em casa e me joguei no sofá, sentindo uma vontade de chorar e gritar para todos ouvirem. A pressão no meu peito era insuportável.
— Amiga, aconteceu alguma coisa? — Jéssica, minha melhor amiga, perguntou, se aproximando com a expressão preocupada.
Levantei o rosto, vendo-a terminar de arrumar o cabelo antes de voltar ao trabalho.
— Fui demitida. — A resposta saiu como um sussurro, quase um lamento.
A expressão de curiosidade de Jéssica se transformou em susto. Ela calçou os saltos e se sentou ao meu lado no sofá, com um olhar preocupado.
— Foi o seu chefe? — Ela perguntou, a voz tremendo.
— Sim. — Respirei fundo, sentando-me. — Ele disse que se eu não cooperasse com ele, iria me demitir. E quando ele veio com aquelas mãos imundas na minha perna, eu não aguentei e gritei, chamando a atenção do escritório inteiro.
— Ele tocou em você? — A raiva dela era nítida.
— Não deu tempo. Eu levantei e saí. Mas ele me alcançou e disse uma coisa que eu já sabia.
— O quê? — Jéssica estava tensa, pronta para atacar.
— Que ele me contratou porque me achou gostosa. — Senti um nó na garganta. — E que se não fosse por ele, eu nunca arrumaria um emprego. Meu nome está sujo no mercado de trabalho.
Jéssica olhou para mim com pena, segurando minha mão com força. — Sinto muito, Ariel.
Nós duas sabíamos que ele tinha razão. Tomás fez questão de espalhar boatos sobre mim, e agora, com a influência do sobrenome dele, eu não conseguiria arrumar emprego em lugar nenhum.
— Para piorar, o idiota disse que ia confirmar todas as acusações. — Peguei uma almofada e enterrei meu rosto nela, tentando sufocar um grito.
— Você está disposta a trabalhar com qualquer coisa? — Jess perguntou, a voz baixa.
Balancei a cabeça, ainda com o rosto na almofada.
— Bom, lá na empresa abriram vagas para funcionários da limpeza.
Ergui a cabeça, encarando minha amiga esperançosa.
— Você sabe que eu aceito qualquer coisa.
— Mas não é a sua área de formação. — Jéssica me lembrou, com uma expressão preocupada.
— Eu sei, mas não posso me dar ao luxo de ficar desempregada. Preciso ajudar com as dívidas e minha mãe precisa dos remédios. — A angústia transparecia na minha voz.
Jéssica sabia que a saúde da minha mãe não estava boa e sempre me ajudou a comprar os remédios quando eu não podia. Mas eu não queria abusar da sua boa vontade.
Só tinha minha mãe e um irmão que mora em Portugal. Ele era mais velho e se mudou quando tinha 18 anos. Sentia saudades, mesmo que nós dois conversássemos mais de duas vezes por semana por vídeo chamada. Max não sabia sobre a mamãe, pois ela não me deixou falar com ele.
No início, ela alegava que não queria preocupá-lo, e eu concordei, pois sabia que ele abandonaria a faculdade e seus sonhos para vir cuidar dela. Mas quando ele terminou o curso, ela ainda insistiu em não contar, e eu respeitei suas vontades.
— Vá se trocar. Você vem para a empresa comigo e eu te apresento a Dulce. Ela é a gerente do RH e responsável pelas contratações. Para a sua sorte, ela gosta de mim. — Jéssica sorriu, tentando me animar.
Senti um leve sorriso se formar nos meus lábios. — Você acha que isso vai dar certo?
— Claro que sim! Se alguém pode ajudar, é a Dulce. Agora vai!
Corri para o meu quarto, meu coração batendo mais rápido. Eu estava torcendo para conseguir esse emprego.
Não me importava qual área seria. Com a minha reputação, pensariam que eu não era digna de nenhuma vaga, mas precisava tentar.
Nós entramos no carro de Jéssica e ela pegou o trânsito de Nova York até a empresa. Assim que paramos no estacionamento, um nervosismo tomou conta de mim. Eu realmente precisava dessa vaga de emprego.
Estávamos indo para o elevador quando ouvimos uma voz chamar, pedindo para segurar. Jéssica segurou a porta imediatamente, e uma mulher alta, com cabelos escuros e bem cuidados, entrou.
Quando ela se virou para nós, com os olhos azuis claros e um sorriso gentil, reconheci quem era: Alicia Mitchell, dona de metade da empresa.
— Boa tarde! Obrigada por segurar o elevador. — Ela disse, sorrindo.
— Boa tarde! — Respondi, tentando não gaguejar.
— Boa tarde, Sra. Alicia. — Jéssica a cumprimentou formalmente, mas Alicia a encarou com uma expressão estranha.
— Já conversamos sobre isso, Jéssica. — Alicia disse, com um olhar que misturava seriedade e um toque de brincadeira.
— Desculpe… Alicia. Foi força do hábito. — Jéssica se desculpou, encolhendo os ombros.
— Tudo bem… A reunião foi adiada para às 18h, já foi comunicada? — Alicia mudou de assunto, com um sorriso relaxado.
— Sim, eu estarei lá com os estagiários. — Jéssica respondeu, parecendo mais tranquila. Alicia se virou para mim.
— E você, qual o seu nome?
— A… Ariel Davis. — Respondi, nervosa, enquanto as palavras saíam em um fio fino de voz. Eu realmente admirava essa mulher.
— É um prazer te conhecer, Ariel. Pela sua expressão, acho que você já me reconheceu. — Ela disse, sorrindo de um jeito que me fez corar de vergonha.
— Desculpe. — Eu murmurei, desviando o olhar, tentando não parecer tão embaraçada.
— Tudo bem, estou acostumada com esses olhares. — Alicia riu suavemente, o que fez meu coração aquecer um pouco.
— Eu trouxe a Ariel para tentar a vaga na equipe de limpeza. — Jéssica interrompeu, fazendo com que meus olhos se arregalassem em choque.
— Entendi. Bem, diga à Dulce que a vaga já é dela. — Alicia falou, como se fosse a coisa mais simples do mundo.
— Sim, se… Alicia. — Jéssica disse, radiante, com um sorriso que poderia iluminar o dia nublado de Nova York.
As portas do elevador se abriram e nós três saímos. Alicia lançou um sorriso caloroso antes de seguir seu caminho, e eu esperei ela se afastar para finalmente falar com Jéssica.
— Como assim; dizer que a vaga já é minha? — Perguntei, incrédula, o coração acelerado.
— Ela é dona de metade disso tudo aqui, e eu sei que tem um bom coração. Só apelei para esse sentimento, sabendo que ela iria te dar a vaga. — Jéssica piscou um olho, começando a caminhar com um passo leve, como se o mundo estivesse ao nosso favor.
Segui apressada, quase tropeçando em meu próprio entusiasmo, enquanto Jéssica nos conduzia até uma sala de cópias. Ela fez algumas cópias de documentos e do meu currículo, e meu coração estava a mil por hora.
Assim que chegamos na sala de Dulce, uma senhora de cabelos grisalhos e expressão carrancuda levantou o olhar dos papéis. Ela me avaliou por cima dos óculos, e a atmosfera ficou tensa.
— O que você está fazendo aqui? — Dulce perguntou, com a voz firme, enquanto eu colocava os papéis em sua mesa.
Jéssica começou a explicar, mas a expressão de Dulce não mostrava nenhuma expectativa positiva. Ela decidiu puxar meu histórico no mercado de trabalho, e meu ânimo começou a se esvair.
— Eu… — tentei explicar, mas as palavras travaram na minha garganta.
Ela então viu os boatos e negou a contratação.
Jéssica percebeu meu desespero e saiu atrás de Alicia, como uma heroína que vai em busca de salvar a amiga.
Fiquei parada, encarando o chão, sentindo que tudo tinha acabado. Mas, depois de alguns minutos, Alicia voltou, conversando com Dulce, enquanto a gente esperava do lado de fora. Em seguida, ela se aproximou, ficando na minha frente.
— Eu sei que você não fez nada.. — Alicia disse, olhando para mim com uma expressão acolhedora. — A culpa é desses idiotas que acham que só porque têm dinheiro, podem sair por aí assediando as mulheres.
Ela se aproximou, tocando meus ombros com suavidade. — Pode ficar tranquila, seu emprego está garantido.
Uma onda de alívio me invadiu, mas logo a ansiedade tomou conta novamente. Depois de resolver tudo, Jéssica foi para sua mesa e eu fui para o elevador, ainda sem acreditar no que havia acontecido.
Assim que as portas se abriram, me deparei com uma cena que me paralisou: um casal se agarrando. A mulher me encarou, e quando o homem se virou, meu coração despencou. Era Christian Mitchell.
— Des…desculpe. — A palavra escapuliu, como se não quisesse sair.
O olhar dele se fechou em desdém, e a expressão fria me avaliou como se eu fosse um incômodo.
— Saia da minha frente! — ele ordenou, sem nenhuma gentileza.
Só então percebi que estava parada, atrapalhando a passagem.
— Me desculpe. — Eu disse, tentando me afastar.
— Só sabe se desculpar? — Ele retrucou, com um tom cortante.
Christian não esperou pela minha resposta e avançou, passando por mim como se eu não existisse. A mulher ao lado dele não fez menção de se despedir e continuou me encarando enquanto eu entrava, sentindo uma mistura de vergonha e raiva.
As portas se fecharam e eu finalmente respirei fundo, tentando processar o que acabara de acontecer. Meu coração ainda batia rápido, mas agora era por outra razão. Eu tinha que deixar aquele momento para trás e me focar na nova oportunidade que estava se desenhando.
Finalmente, o elevador parou e eu saí o mais rápido possível, indo direto para o ponto de ônibus, aliviada por ter pelo menos um novo caminho pela frente.
ArielRespirei fundo, tentando me acalmar, mas meu coração estava martelando no peito. O barulho da briga ecoava pela casa, e eu sabia exatamente de onde vinha.Nicholas e Henry estavam se enfrentando de novo, e a situação parecia mais grave do que o normal. Olhei para Olivia, assustada, encolhida no canto, sem saber como reagir. Eu precisava fazer algo.– Nicholas! Henry! – gritei, minha voz firme, mas sentindo o peso da tensão no ar. – Parem agora!Eles continuaram, mas então Christian entrou, com um olhar de autoridade.– Vocês dois, parem agora!Quando ele falava daquele jeito, nã
ArielA rotina havia voltado ao normal, com Alicia aproveitando sua lua de mel nas Maldivas e Christian e eu focando nos preparativos do nosso casamento. Eu não sabia como o tempo estava passando tão rápido, mas sentia que havia tanto a fazer antes do bebê chegar. Estávamos decididos a casar antes de ele nascer, uma maneira de garantir que nossa família começasse de uma forma sólida e oficial.Eu estava em minha sala, respirando fundo, tentando afastar o enjoo que vinha e ia em ondas. A gravidez estava me dando mais desafios do que eu imaginava, mas a ideia de que nosso filho estava a caminho me dava forças. Eu estava tentando me concentrar nos detalhes dos preparativos do casamento, mas a pressão das responsabilidades e as náuseas me atrapalhavam.
ArielA praça de alimentação do shopping estava cheia e barulhenta, mas a companhia de Jess e Alicia fazia aquele ambiente se tornar confortável. Nós havíamos passado horas correndo de loja em loja, e agora finalmente tínhamos um momento para respirar enquanto tomávamos um suco e comíamos algo leve.Alicia, sempre animada, começou a falar sobre os últimos detalhes do casamento dela. Eu sorria, ouvindo-a falar sobre flores e vestidos, mas, como sempre, o assunto logo voltou para Christian.— E como está o nosso querido Christian? — Alicia perguntou com um sorriso curioso.Suspirei e mexi no canudo do meu suco.— Mais protetor do que n
ChristianSaí da empresa às seis da tarde com um peso enorme saindo junto comigo. A reunião foi mais longa do que deveria, e só faltei mandar aquele idiota do conselho para o inferno umas três vezes. Só não o fiz porque Ariel me pediu para ser paciente e lidar com isso com calma. Calma.Algo que definitivamente não era meu ponto forte. Mas, por ela, engoli o que tinha vontade de dizer e fiquei até o fim.Quando saí da minha sala, Isadora estava esperando na recepção com o buquê de rosas que encomendei.— Aqui estão as rosas, senhor Christian. — Ela estendeu o buquê com um sorriso profissional, mas
ArielBen voltou cerca de meia hora depois, segurando um pequeno saco de farmácia com a empolgação de uma criança com um presente de Natal. Ele me entregou o teste, e eu senti como se o peso do mundo estivesse em minhas mãos.— Respira fundo. — Ele disse, dando um tapinha no meu ombro. — Vamos lá.Assenti e entrei no banheiro da minha sala, o coração disparado. Minhas mãos tremiam enquanto eu abria a embalagem e seguia as instruções. Depois de terminar, coloquei o teste sobre a pia e saí para esperar com Ben. Ele já estava roendo as unhas, andando de um lado para o outro da sala.— Quanto tempo leva? — Ele perguntou, impaciente. (Ariel)Semanas depois… Noite de natal.A cozinha estava cheia de aromas deliciosos: o assado no forno, o purê de batatas que eu misturava com cuidado e a panela com molho borbulhando suavemente no fogão. As luzes natalinas piscavam devagar nas janelas, iluminando o ambiente com um calor aconchegante, enquanto uma música de Natal tocava baixinho ao fundo.Por mais que minha mente insistisse em divagar, eu estava determinada a fazer daquela noite algo especial.Enquanto mexia o purê, minha mente, como sempre, traiu minha determinação. Thomaz. O peso do que aconteceu com ele parecia uma sombra constante, mesmo que eu soubesse que não havia outra escolha.Ele destruiu tanto da minha vida, e embora eu Capítulo 129 - Noite de natal.
Último capítulo