Ao retornar à mesa, a noite não se estende por muito mais tempo. Após conversas fúteis e um silêncio sepulcral entre mim e William, todos nos despedimos, combinando de nos encontrarmos em família novamente em breve.
— Por que fizeram isso? Por que não me contaram?
Já dentro do carro e recomposta, sinto a necessidade de entender a motivação de tudo isso.
Foram anos me dedicando a ser uma boa filha, a não dar trabalho, sendo a melhor na escola e no meu papel dentro da empresa. De nada valeu; fui praticamente vendida sem sequer ser questionada sobre o meu querer ou desejo.
Uma pausa silenciosa acontece, mas decido não dormir sem respostas. Se ninguém falar nada, insistirei mil vezes, se preciso. Ficar quieta por tanto tempo custou minha liberdade.
Em um trecho que ficamos presos pelo trânsito, meu pai desata a falar:
— Alguns dias atrás, realizei uma reunião de negócios com Orlando Azevedo, pai de seu noivo.
Inicialmente, a reunião era para vermos a possibilidade de uma união entre nossa