Belinda nunca poderia imaginar que a noite que deveria marcar um futuro brilhante se transformaria em um pesadelo devastador. Enquanto luta para sobreviver entre as ferragens retorcidas do veículo, ela vê, com um misto de desespero e incredulidade, seu marido Liam Beaumont fugindo com sua amante nos braços, ignorando seu grito de socorro. Sentindo o sangue escorrer por suas pernas, Belinda segura seu ventre de doze semanas, temendo pela vida de seu bebê e pelo seu próprio destino. À beira do abismo, com o corpo sucumbindo à escuridão e a alma em frangalhos, Belinda faz uma promessa ardente: "Se eu sobreviver, me vingarei desse homem!" Em um último vislumbre do carro azul que leva Liam e Viviane para longe, ela grava a imagem na mente, transformando a dor em uma determinação feroz. A tragédia poderia ter sido seu fim, mas se torna o ponto de partida para uma transformação radical. Recuperando-se lentamente, Belinda emerge das cinzas com uma nova identidade e um único propósito: vingar-se de Liam Beaumont e todas as mentiras que ele representava.
Leer másBELINDA
“Liam, eu estou grávida.”
Essa frase tem se repetido em loop na minha cabeça. A voz doce e gentil de Viviane, a acionista da empresa do meu marido, não deixou a minha mente desde esta manhã. Desde então encontro-me dirigindo pela cidade sem destino. “Você me prometeu que iria se divorciar dela.”“E eu irei Viviane. Você está grávida de um filho meu… porém não é tão simples. Mas você sabe, eu amo você!” Após ouvir a revelação calorosa dos dois que terminou em sexo eu comecei a pensar no dia que revelei sobre a minha gravidez. Liam ficou tão feliz, mas agora eu só consigo pensar em como ele foi mentiroso e manipulador. Depois de vagar por tantos lugares eu me pego pensando em como a minha situação é deplorável. Não tenho amigos. Não possuo mais família. Eu não possuo nenhum amparo para me consolar neste momento. Enquanto isso, ele e Viviane desfrutam de sexo casual matinal. Não precisa ser nenhum especialista para identificar o barulho de móveis rangendo e gemidos ofegantes. Foi doloroso ? Bastante! Mas eu precisava ouvir até o final para não restar nenhuma dúvida. Eu queria gritar contra o telefone ou ir imediatamente à empresa para gritar dizendo que ele era um completo traidor e adultero. Mas isso só trairia desgraça para mim mesma e no final, a culpa é toda minha por estar em uma situação como essa. Afinal eu abdiquei de tudo para me casar com Liam Beaumont. O meu grande amor. Que bela ironia. Desligo o carro para abastecer pela terceira vez neste dia. Não demoro muito pois não quero ter que encontrar nenhum conhecido na cidade. Ajeito meu óculos diante do vidro escuro da cafeteria do posto de gasolina. Entro no local vestindo o meu suéter bege cafona por cima do vestido florido que Liam me deu de presente no mês passado. Dizer que nesses últimos quatro anos ele tem sido um péssimo marido seria rude, pois Liam cumpre com suas obrigações. Um marido presente. Nunca esquecendo datas comemorativas. Presentes com frequência. Ele não é negligente com relação a atenção. Temos sexo com frequência. — O que mais eu poderia querer ? Pergunto a mim mesma. O dia está quase acabando e eu estou estupidamente perdida. — Com licença, senhorita. O que gostaria de pedir hoje? Nós temos- — Uma xícara de café preto sem açúcar. Interrompi a garçonete de fios castanhos. Os seus olhos verdes quase saltaram pela minha forma rude, mas hoje não é um dia para ser uma esposa simpática.“Hoje terei uma reunião importante. Chegarei uma ou duas horas mais tarde. Por favor, me espere acordada meu amor. Eu te amo!”
— Mentiroso.
Lágrimas densas escorrem por minha face. Lágrimas que contive todo esse tempo transbordam por meus olhos. Lembranças do passado começam a saltar por minha mente, lembranças de um passado não tão distante quando eu ainda acreditava no seu amor. Será que ele realmente era um bom marido ou isso era a minha mente tentando justificar o injustificável ? Provavelmente é minha consciência tentando me convencer de que não entreguei a herança da minha mãe nas mãos de um homem que apenas me enganou. Abro a galeria do celular fitando todas as imagens e nós dois nos últimos quatros anos. O armamento está praticamente cheio de momentos marcantes de nós dois. No passado, a beleza de Liam foi o que me chamou atenção no primeiro momento, porém não foi o fator excruciante para me apaixonar. A sua atenção, o seu carinho por mim e mesmo contra a opinião do meu padrinho e tutor, eu abri mão de tudo para ficar com Liam. Eu confiei naquele homem que parecia ser o meu refúgio. Quando ele me contava sobre os seus planos para o futuro, fui eu quem estive do seu lado. Foi com o dinheiro da minha herança que ele fundou a empresa para quatro anos depois ele querer me descartar como lixo. — Você foi tão burra Belinda… tão burra… ele só usou você. Sussurro com dificuldade. O cheiro do café servido pela garota me da náuseas. Corro entre as pessoas do local o mais rápido que consigo. No banheiro, em desespero me jogo contra a privada da última cabine.“Blargh”
Pela falta do que ter para vomitar, meu estômago dói. E eu me contorço no chão sujo. Minha bota de cano alto está suja assim como a barra do meu vestido. Limpo minha a boca de qualquer jeito e dou descarga.
Duas garotas vestidas com uniforme do colegial me encaram e riem antes de sair pela porta do banheiro. Olho meu reflexo no banheiro e não vejo nenhum fragmento da mulher que um dia eu fui. Não possuo nem vinte e um anos e estou acabada. Destruída por completo.Meu cabelo está seco. As olheiras profundas. O tom da minha pele amarelado. Nem mesmo o tom dos meus olhos possuem alguma vida. Me aproximo do espelho fitando o tom esverdeado dos meus olhos. Um sorriso torto se forma em meus lábios. Aproximo o indicador e o polegar das minhas orbes retirando as lentes de contato dos meus olhos. — Agora sim. Bem melhor! Se nenhum dos meus esforços foi suficiente para manter Liam comigo, eu vou começar agora a parar de tentar agradá-lo e recuperar o controle da minha vida. A heterocromia sempre foi um assunto delicado entre Liam e eu. Esse traço herdei da minha avó, mas ele dizia ser algo estranho. Uma pessoa ter um olho de cada cor e no passado, eu julguei melhor neutralizar essa característica. Mas agora, tudo mudou. Caminho pelos corredor que dá acesso ao salão da cafeteria. Depósito duas notas na mesa e caminho em direção a saída. — Senhorita! A garçonete de cabelo castanho gritou. Entretanto, continuei o meu caminho. O sol já havia se posto e provavelmente a essa hora Liam deve estar com Viviane. Destravo o veículo e entro. Instintivamente minhas mãos envolvem o meu ventre. — Eu vou te proteger. Nós não precisamos do seu pai traidor.[SEIS MESES DEPOIS]BÉATRICE MONTMORENCY* * * — PAPAI! — Aeliana gritou sendo jogada no alto por Henry que gargalha com a nossa filha. Observo os dois e penso em como em tão pouco tempo os dois se aproximaram, parecendo que nunca estiveram separados. No começo imaginei que fosse necessário fazer terapia, mas no final as coisas fluíram e agora eles se tornaram inseparáveis. — SOCORRO… MAMÃE! — novamente meu pequeno sol grita pulando da cama. Meu coração quase salta para fora ao ver os dois correndo como duas crianças pelo quarto — PEGA A MAMÃE! — Aeliana declarou e os dois viaram na minha direção. Sinto a cama afundar com o peso dos dois, mas sou mais rápida. — Os dois, vamos parando! — adverti tanto o pai como a filha — Em pleno domingo e vocês dois ainda não tomaram nem mesmo chave? — Aeliana fez beicinho descendo da cama. Seguro a vontade de rir diante do seu pijama de dragão — A senhorita está muito indisciplinada, se continuar assim vai voltar para o internato. — Mas mamãe!
BÉATRICE * * * — Ma-mãe? — Aeliana perguntou, um pouco confusa, ela adentrou o escritório. Assim que os seus olhos se encontraram com os meus, ela sorriu correndo na minha direção, porém, ao perceber outra pessoa no local ela hesitou no meio do caminho — Mamãe… porque tá chorando? — ela pergunta mesmo que os seus olhos estejam fixos em Henry. Ao meu lado, Henry permanece imóvel fitando Aeliana com intensidade. Não sei exatamente como está o seu coração, mas provavelmente deve estar uma bagunça e impressionado como a nossa filha parece tanto com ele. Apesar de sermos muito próximas e até mesmo parecidas, Aeliana é como um espelho de Henry. Seus fios são como a obsidiana, além de resistentes, possuem volume, semelhante aos de Henry que só mantém a elegância pelo corte regular. Sorrio observando os dois se encararem em silêncio. Os orbes como safiras fitam Aeliana dos pés a cabeça e eu imagino o que Henry deve imaginar quando ver sua filha vestida de maneira tão peculiar, ele vai
BÉATRICE* * *— Eu sinto muito… Henry. — digo entre as lágrimas. É tudo que o meu pulmão cansado consegue falar. Pedir desculpas de um jeito tão covarde.Mesmo que eu peça perdão de joelhos, eu não conseguirei devolver os anos perdidos de Aeliana ou a primeira vez que ela me chamou de “mamãe” que para Henry teriam sido momentos como “papai” também. No fim, pedir perdão é tudo que me resta.— Eu não posso te devolver os anos perdidos de Aeliana… eu sei. — minha garganta dói e o bolo desce rasgando, mas eu não posso parar — Não desista de Aeliana e por favor, não deixe respingar nela nenhum dos meus erros. Ela tudo que eu tenho… sem ela. Eu não tenho mais nada. — declarei com toda a força que me restava no meu corpo — Eu sei que pareço ser uma mãe negligente que abandonou a filha para se vingar do seu ex marido, mas não é sobre isso. — fungo entre as palavras — Eu precisava me livrar de tudo que me amarrava ao passado. Juro que tentei esquecer, mas, todas às vezes que eu via Aeliana eu
BÉATRICE* * *— Como? — perguntei boquiaberta com as palavras do meu irmão. De repente alguém bater na porta, é uma das empregadas.— Senhor e senhorita. — a mulher se curva — Tem um convidado aguardando pela senhorita, posso informar que a senhorita irá descer ou acompanho o mesmo até aqui?— Não. — respondi por reflexo, mas me recomponho para Aeliana não ouvir o teor da conversa — Não… informe ao convidado que estarei descendo. Peça-o para que me aguarde. Por favor.— Sim, senhorita. Irei transmitir as suas palavras. Com licença. — após se curva, a mulher saiu deixando eu e Ethan a sós.— O que pretende fazer? — Ethan questionou e só uma coisa me veio à mente, a minha filha. Sem pensar muito, respondi:— Irei vê-lo. — digo e oriento Ethan a esperar alguns minutos com Aeliana, para que de tempo até que eu leve Henry para um lugar onde possamos nos falar com tranquilidade. Afinal, é um assunto extremamente delicado.Desço os degraus da escadaria da mansão pensando nas possibilidades
[ALGUNS DIAS DEPOIS]BÉATRICE* * *Tudo desmoronou, era como se uma avalanche tivesse nos pego de surpresa. Contudo, eu sabia que no final daquela história eu era a errada.Não havia justificativas.Quando eu vi minha filha tremendo nos braços de Henry eu fiquei desesperada e entrei em choque. Foi ainda pior pela forma como ele descobriu.Se eu soubesse que aquelas ligações eram de Sofia e da diretora do internato eu teria atendido, mas eu não poderia imaginar, afinal havia falado com Sofia no dia anterior e estava tudo bem… ou melhor, eu achava que estava.— Ei, não adianta se lamentar agora. — meu pai apertou o meu ombro direito tentando me tranquilizar da merda que eu havia feito.— Eu sei. — respondi tomando um pouco do café da minha xícara. Observo minha filha ainda adormecida em seu quarto na mansão do meu pai.Depois daquele dia a doutora Collins informou que devido a teve um quadro de psicogênica, mais conhecido como febre emocional, o que me deixou parcialmente mais tranquil
HENRY* * *— Henry… eu posso explicar. — Béatrice declarou e eu encarei perplexo. A menina em seus braços se contorce de dor, sua pele está completamente vermelha e mesmo que eu quisesse entrar em um conflito resolvo agir ao invés disso. Corri apressadamente até o quarto para vestir minha calça e pegar as chaves do meu veículo.Não demoro muito e já estou na sala. O homem de cabelo acinzentado ainda não havia retornado, sem esperar por ele eu pego a menina dos braços de Béatrice.Assim que a garota está em meu colo ela geme de dor e seu rostinho se contorce. Céus, que menina linda! Meus olhos doem e sinto vontade de chorar pelo desespero, mas me recomponho. Tomando a menina em meus braços, caminhei para fora do apartamento.— HENRY! — Béatrice me gritou do corredor. Não dei ouvidos. Desço os degraus da escada de emergência com medo de vascular e deixar a garota nos meus braços cair. Minha mente está a milhão pensando nas possibilidades dessa garota ser filha de Béatrice e…— Não vo
Último capítulo