Quando a poderosa herdeira Valentina D'Ávila, conhecida por sua língua afiada e seu coração blindado, descobre que para assumir a presidência da empresa da família precisa estar casada, ela vê seus planos desmoronarem… até que uma proposta improvável surge: se casar por contrato com Dante Marini, seu rival nos negócios e antigo desafeto pessoal. Dante é tudo o que Valentina despreza: arrogante, sedutor e perigosamente manipulador. Mas ele aceita o acordo com uma condição o casamento precisa parecer real, inclusive entre quatro paredes. Com o tempo, o que era apenas encenação se transforma em desejo, e o contrato começa a perder as cláusulas, uma por uma… especialmente a mais importante: não se apaixonar.
Leer másValentina D’Ávila cruzou as pernas com elegância, os saltos altos ecoando pelo piso de mármore enquanto atravessava o salão espelhado da sede da D’Ávila Empreendimentos. O blazer vinho moldava seu corpo com perfeição, e o batom vermelho era a armadura que usava para disfarçar o cansaço. Ela havia se preparado por anos para este momento.
— Que comece a guerra — sussurrou para si mesma, empurrando a porta do escritório do avô. Do outro lado da mesa, Aristides D’Ávila, seu avô e presidente do império, observava com os olhos frios e calculistas. Ele tinha a expressão de quem estava prestes a dar uma sentença, não uma promoção. — Sente-se, Valentina. Ela o fez, mantendo a postura impecável. — Eu revisei seu plano de reestruturação. Excelente. — Ele fez uma pausa. — Mas há um detalhe que a impede de assumir a presidência. O sangue gelou em suas veias. — Qual detalhe? — perguntou com voz firme. — A cláusula 12 do testamento da sua avó. — Ele deslizou um documento em sua direção. — "Para assumir a presidência da D’Ávila Empreendimentos, a sucessora deve estar legalmente casada, a fim de garantir estabilidade pessoal e visão familiar nos negócios.” Valentina encarou as palavras como se fossem um soco. — Isso é uma piada? — Uma cláusula legalmente válida. Você tem até o final do mês para se casar. Ou o cargo passa para o próximo da linha: seu primo, Alberto. Ela prendeu a respiração. Alberto era incompetente, além de machista. Não havia chance de deixá-lo destruir o que ela levou anos para construir. — E se eu casar por contrato? — Desde que o casamento seja legal e comprovado, não me importa a motivação. Valentina se levantou, o coração martelando no peito. O mundo corporativo estava cheio de tubarões, mas ela era uma rainha. E uma rainha encontraria uma solução. Naquela mesma noite, o nome que cruzou sua mente fez seu estômago revirar: Dante Marini. Seu rival de faculdade. Seu oponente mais arrogante. Seu ex… quase tudo. Alto, perigoso e dono da Marini Corp — um homem que sabia exatamente como provocá-la e, pior, como fazê-la perder o controle. Ela digitou seu número com os dedos trêmulos. — Dante? Aqui é Valentina D’Ávila. — Que honra — respondeu ele, com a voz grave e irônica. — A princesa caiu da torre? — Preciso de você. — Isso já é um ótimo começo. Mas diga, D’Ávila... é trabalho, guerra... ou proposta de casamento? Ela respirou fundo. — Um pouco dos três. O restaurante era sofisticado demais para um jantar informal, e Valentina sabia disso. Escolhera aquele lugar propositalmente. Se fosse fechar um acordo com Dante Marini, precisava controlar o ambiente — e os olhares. Ela chegou pontualmente às oito. Usava um vestido preto justo, de cetim, que destacava suas curvas e confiança. O cabelo preso em um coque impecável, a maquiagem leve... mas os olhos? Eram de guerra. Dante já a esperava. Encostado no encosto da cadeira, vestia um terno cinza escuro perfeitamente alinhado, o colarinho aberto e a arrogância estampada no sorriso. — Você está linda, como sempre. — Ele se levantou ao vê-la e beijou sua mão, prolongando o contato só para irritá-la. — Não estou aqui para joguinhos, Marini. — Pena. Sempre fui ótimo neles. Ela sentou-se, ignorando o olhar de aprovação do garçom ao ver os dois juntos. Pareciam um casal poderoso. Bonitos demais para serem reais. Falsos demais para serem felizes. — Vou ser direta — disse Valentina. — Preciso de um marido. Até o fim do mês. Ele arqueou uma sobrancelha. — E pensou logo em mim? Me sinto lisonjeado. — Pensei em alguém que não fosse grudento, que não tivesse esperanças românticas, e que, acima de tudo, soubesse guardar segredo. Dante sorriu. O tipo de sorriso que derretia defesas — e calcinha, se ela não tivesse uma mente de aço. — E o que ganho com isso? Ela deslizou um envelope para ele. Dentro, havia um contrato simples: casamento com validade de seis meses, aparições públicas, fotos conjuntas, uma cerimônia simbólica e... uma cláusula de privacidade. — Você receberá uma compensação financeira ao final do acordo, além de acesso temporário a alguns dos nossos contatos internacionais. Sei que está expandindo a Marini Corp para o mercado europeu. Dante folheou as páginas com calma, mas seus olhos estavam nela o tempo todo. — Nenhuma cláusula sobre sexo? Que curioso... Valentina cruzou os braços. — Isso não é parte do acordo. — Mas vai ser inevitável. Você me quer, D’Ávila. Sempre quis. Ela riu, um som seco e elegante. — Querer não é o mesmo que cair. Eu sei muito bem quem você é, Dante. — Ótimo. E mesmo assim está me pedindo em casamento. — Ele fechou o contrato. — Aceito. Ela arregalou os olhos. — Assim? Sem discutir valores, sem revisar as cláusulas? — Não preciso de dinheiro. Mas você... — Ele se inclinou, os olhos mergulhando nos dela — ...vai me pagar de outro jeito. Ela manteve a expressão firme, mesmo com o arrepio que percorreu sua espinha. — Isso é um jogo perigoso, Marini. — E você acabou de me convidar pra brincar. Valentina apertou os dedos sob a mesa, tentando conter o impulso de jogar o vinho tinto no rosto dele. Dante sempre soube provocá-la — e agora usava isso como arma. — Escute bem, Marini — disse ela, com a voz baixa e firme. — Esse contrato não tem espaço para jogos, nem para... distrações. O que eu quero é claro. Casamento. Aparência. Fim. — E o que eu quero? — Ele apoiou os cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos. — Porque, querida, se vamos dormir sob o mesmo teto, usar alianças e mentir para o mundo inteiro... quero mais do que um “fim”. — Defina “mais”. — Uma convivência... real. Nada de você me trancar fora do quarto ou agir como se eu fosse um incômodo. Se quer enganar o mundo, terá que fingir bem. Em todos os aspectos. Os olhos dela estreitaram. — Você quer dormir na mesma cama que eu? — Quero que pareça verdadeiro. Isso inclui dividir espaços, intimidade, toques... até onde você conseguir levar essa encenação. — Encenação, hein? — Ela sorriu, venenosa. — Então me diga, Dante... vai aguentar ficar tão perto de mim sem tentar passar dos limites? Ele inclinou-se, a voz rouca e perigosamente baixa: — Eu vou passar dos limites. A questão é... você vai deixar? Ela arqueou uma sobrancelha, disfarçando o arrepio que percorreu seu corpo. Aquilo era exatamente o que temia — e o que, secretamente, seu corpo ansiava. — O contrato terá uma cláusula nova. Nada de envolvimento físico sem consentimento explícito. Dante riu, jogando-se para trás na cadeira. — Você é inacreditável. Controladora até o fim. — E é por isso que eu dirijo um império, Marini. E você... ainda tenta alcançar o meu nível. Ele a encarou por um instante, sério. Depois, seu sorriso diminuiu. — Talvez agora eu finalmente te ultrapasse. Ela se levantou, pegando a bolsa com a mesma frieza com que dava ordens em uma sala de reunião. — Amanhã às dez, no cartório. Assinamos os papéis. Traga seu documento e... sua melhor mentira. Antes de sair, ela se inclinou e murmurou: — Isso é só um jogo para você, Dante. Mas para mim? É poder. E eu não perco. Ele ficou observando enquanto ela saía, os quadris marcando cada passo decidido. Levou a taça de vinho aos lábios e sorriu, como se estivesse saboreando mais que a bebida. — Você vai se perder em mim, D’Ávila. E quando perceber... vai ser tarde demais.O som mais bonito do mundo, para Valentina, não era mais o tilintar de taças em uma sala de reuniões, nem o barulho do teclado enquanto fechava um contrato milionário. Não.O som mais bonito, agora, era aquele que preenchia seu lar nas manhãs: o suave balbuciar, seguido de risadinhas e pequenos grunhidos doces de uma vida que ela e Dante haviam colocado no mundo.No colo de Valentina, aninhada contra seu peito, estava Aurora.Aurora Marini.Tão pequena. Tão perfeita. Tão absurdamente linda que parecia ter sido desenhada à mão pelo próprio universo.A bebê dormia serena, com os lábios levemente entreabertos, as bochechas gordinhas e rosadas. Os cílios longos, escuros, repousavam contra a pele clarinha. E os cabelos... ah, os cabelos! Uma nuvem de fios pretos, lisos e brilhantes, que faziam todos os que a viam comentarem, encantados: “Ela é a cara da mãe...”.Mas quem olhasse com atenção notava também a expressão determinada — aquele franzir sutil das sobrancelhas, aquele queixo ligeira
A recepção ainda pulsava com risos, música e brindes, mas, para Valentina e Dante, o tempo já parecia correr em outro ritmo. Um ritmo que pertencia apenas a eles dois.Quando se despediram dos últimos convidados — em meio a abraços, desejos de felicidade e flashes que eternizavam cada segundo —, Dante segurou a mão de Valentina e a levou, quase em silêncio, até o carro que os aguardava. Seus olhos se encontraram, e não foi necessário dizer absolutamente nada. Ambos sabiam exatamente para onde aquela noite os conduziria.O caminho até o hotel parecia diferente. Como se a cidade, normalmente apressada e barulhenta, entendesse que aquela noite era sagrada e se curvasse, silenciosa, diante deles.Dentro do carro, Dante segurava a mão de Valentina com força, como se precisasse daquele contato físico para se manter no presente, para se assegurar de que, sim, tudo aquilo era real. Seus polegares acariciavam o dorso da mão dela em movimentos lentos, quase reverentes.— “Estamos casados...” —
O som das palmas ainda ecoava, misturado às risadas e aos sorrisos emocionados, quando Valentina e Dante atravessaram o corredor repleto de pétalas brancas, de mãos entrelaçadas, já como marido e mulher. A leveza que pairava no ar parecia quase palpável, como se o próprio universo, cúmplice daquela união, sussurrasse bênçãos silenciosas a cada passo que eles davam.A poucos metros dali, sob uma grande tenda de vidro montada em meio aos jardins, aconteceria a recepção. E, assim como tudo naquela noite, não faltava absolutamente nenhum detalhe. O lugar parecia um cenário de filme, e, mesmo para quem estava acostumado com festas luxuosas — como boa parte dos convidados —, aquele evento conseguia arrancar suspiros genuínos.A entrada da tenda era formada por um arco de flores naturais: peônias, rosas brancas, orquídeas e ramos de eucalipto, que exalavam um perfume fresco e delicado. Lustres de cristal gigantes pendiam do teto, refletindo a luz dourada e criando um efeito mágico, como se m
O som suave dos instrumentos de corda começou a preencher o ambiente. As notas flutuavam no ar, criando uma atmosfera que parecia pertencer a outro mundo — um mundo onde o tempo desacelerava, onde tudo girava em torno de uma única expectativa: a chegada dela.O local da cerimônia parecia ter saído de um sonho cuidadosamente desenhado. Um jardim exuberante, cercado por árvores centenárias e flores que exalavam um perfume sutil. Ao centro, uma estrutura de vidro e ferro, com delicados arabescos dourados, abrigava o altar, adornado com arranjos de peônias, rosas brancas e folhagens verdes que desciam como cascatas vivas.As cadeiras, perfeitamente alinhadas em ambos os lados do corredor, estavam tomadas por rostos conhecidos — amigos, familiares, colegas, todos vestidos em tons neutros, elegantes, criando uma paleta que deixava o espaço ainda mais sofisticado e leve.Dante estava ali, em pé, no altar, com as mãos cruzadas à frente, respirando fundo várias vezes, como se isso fosse sufici
O sol amanheceu de forma diferente naquela manhã. A luz parecia mais dourada, mais suave, como se até o universo compreendesse que aquele não era um dia comum. Era o dia. O dia em que Valentina D’Ávila e Dante Marini, depois de idas, vindas, embates, contratos e recomeços, selariam não apenas um compromisso — mas uma escolha.O relógio marcava seis e meia da manhã quando Valentina abriu os olhos, antes mesmo do despertador tocar. Por um segundo, ela ficou ali, deitada, olhando o teto do quarto do hotel, tentando processar que aquele era, de fato, o dia do seu casamento.O coração batia mais forte, apertando o peito com uma mistura de ansiedade, empolgação e uma pontada de nervosismo que nem ela, tão acostumada a reuniões decisivas e negociações milionárias, conseguia controlar.A equipe já estava a postos. O quarto foi transformado em um pequeno ateliê de beleza. Espelhos iluminados, cabides com vestidos alinhados, caixas de sapatos, bandejas de maquiagem, e arranjos de flores frescas
O céu noturno já dominava a cidade quando Valentina finalmente atravessou a porta do apartamento de Dante. O dia tinha sido longo, exaustivo — uma sucessão de compromissos, decisões e reuniões para acertar os últimos detalhes do casamento. Ainda assim, havia algo leve em seu coração, um sentimento novo que a fazia caminhar com um brilho discreto nos olhos.Dante a esperava na sala, sentado no sofá com uma expressão que misturava ansiedade e carinho. Quando a viu, levantou-se rapidamente, quase derrubando o livro que segurava, para recebê-la com um abraço firme e envolvente.— “Você chegou.” — disse ele, a voz rouca de emoção. — “Eu estava contando os minutos.”Ela sorriu, sentindo o calor daquele abraço como um porto seguro. A fadiga dos dias intensos parecia dissolver-se ali, no aconchego dos braços dele.— “Queria estar só com você agora. Sem nada no meio.” — murmurou, olhando para ele com ternura.Eles permaneceram ali, entrelaçados, por alguns minutos, deixando que o silêncio fala
Último capítulo