Os flashes pipocavam diante deles como tiros de luz, interrompendo a noite com estalos frenéticos.
Valentina sorriu para as câmeras, os dedos entrelaçados aos de Dante, como se tivessem nascido um para o outro. A entrada no baile da Fundação D’Ávila era o primeiro evento público do casal “oficialmente casado”. E a mídia estava faminta por cliques — e provas do romance. Ela usava um vestido de cetim vermelho com fenda generosa na coxa e decote profundo nas costas. O tecido abraçava suas curvas com precisão cirúrgica. Dante, em um terno preto com camisa sem gravata, parecia saído de uma campanha de perfume caríssimo. Os dois juntos eram dinamite. — Continue sorrindo — ele sussurrou ao seu ouvido, enquanto posavam. — Você está linda demais para parecer tão entediada. — Estou apenas praticando o autocontrole — ela respondeu, entre os dentes. — Se eu soltar, arranco sua língua. — Pode usar a boca para outras coisas, se preferir. Ela arqueou uma sobrancelha, os olhos ainda presos nas câmeras. — Você é mesmo incorrigível. Ele a puxou pela cintura com firmeza, fazendo com que seus corpos se alinhassem com perfeição. A tensão entre eles era visível até para os fotógrafos, que gritavam para que “dessem um beijo”. — Vai negar um beijo de aparência, esposa? — ele provocou. Valentina não respondeu. Apenas se virou levemente, segurou a nuca dele com uma mão e selou os lábios nos dele. O beijo, para sua própria surpresa, não foi superficial. Foi quente. Foi ousado. A boca dele encaixou na dela como um vício, e quando Dante a segurou com mais força pela cintura, ela sentiu o corpo inteiro se acender. Aquilo não era ensaio. Não era teatro. Era instinto. Era fogo. Quando se afastaram, os olhos de ambos estavam dilatados. O mundo ao redor parecia ter desaparecido por segundos. Só voltaram à realidade quando um dos repórteres gritou algo sobre “o casal mais explosivo do ano”. Dentro do salão, Valentina manteve o sorriso, mas seu coração batia feito um tambor. — Isso foi além do necessário — ela comentou, pegando uma taça de champanhe da bandeja de um garçom. — Está me agradecendo, então? — Dante pegou outra taça e brindou com a dela. Ela riu, sarcástica. — Estou tentando entender o que foi aquilo. — Foi um beijo. E um bom beijo, diga-se de passagem. Quer repetir para tirar a dúvida? — Nem sonhe. — Não preciso sonhar. Você tremeu. Valentina se virou, prestes a retrucar, mas foi interrompida pela chegada de Cecília Duarte, uma socialite influente. — Valentina! Meu Deus, você casada! E com Dante Marini! — exclamou, abraçando-a com entusiasmo falso. — Mal posso acreditar. Os dois juntos são... perfeitos! — O amor surpreende — respondeu Valentina, sorrindo com os lábios, mas não com os olhos. — Vocês têm química — disse Cecília, encarando Dante com um brilho curioso. — Dá para sentir a energia sexual a metros. Valentina tossiu discretamente e passou o braço por Dante, fingindo naturalidade. Ele, claro, adorou. — Ah, isso não é novidade — ele disse, olhando diretamente para a esposa. — Valentina tem uma forma... única de me manter acordado à noite. Ela o chutou levemente por debaixo da mesa de coquetel. Ele apenas riu. Horas depois, de volta à cobertura, o silêncio entre eles era elétrico. Valentina tirou os saltos com um suspiro e caminhou descalça até a cozinha, onde Dante já preparava duas taças de vinho. — Não sabia que era um anfitrião tão atencioso — ela comentou. — Você é minha esposa. Preciso cuidar de você, não é? Ela o encarou por alguns segundos. A tensão sexual pairava entre eles, mais densa do que nunca. — Você quer me provocar até que eu ceda, não é? — disse ela, pegando a taça da mão dele. — Quero que você pare de fingir. Está me desejando tanto quanto eu a você. Ela bebeu um gole demorado e depois o encarou. — Desejo não é o mesmo que entrega. — Então me prove que consegue resistir. Silêncio. Valentina passou por ele, o olhar firme, e foi até a sala. Parou diante da parede de vidro com vista para a cidade. As luzes lá fora competiam com as que brilhavam dentro dela. Ouviu os passos dele se aproximando. Sentiu quando Dante parou atrás dela. — Não vou te tocar. Só se você me pedir. Ela fechou os olhos, o coração acelerado. Sentia o calor do corpo dele. A respiração, o cheiro, a promessa. Ele encostou os lábios na curva do pescoço dela, sem encostar de fato. — Você quer, Valentina. Você só não quer admitir. Ela se virou devagar, com os olhos faiscando. — Um toque, Marini. Só um. E depois vai embora pro seu lado da cama. — Um toque é tudo o que eu preciso. Dante segurou o rosto dela com ambas as mãos e a beijou. Não como no evento — aquilo foi uma explosão. O beijo agora era possessivo. Intenso. Cheio de tensão acumulada. Valentina se entregou por segundos que pareceram eternos. As mãos dele desceram pelas costas dela até a cintura. O corpo inteiro dela colado ao dele, sem espaço para mentiras. Quando o beijo cessou, ela estava sem fôlego. — Acabou — disse ela, com a voz rouca. — Já teve o que queria. — Não — ele sussurrou. — Eu só comecei. Ela saiu da sala sem olhar para trás. Mas o fogo já estava aceso. E Valentina sabia que, cedo ou tarde, ele a consumiria inteira.