Presa ao Destino do Mafioso
Presa ao Destino do Mafioso
Por: Ninha Cardoso
Um grande susto

Prólogo

— Valentina! - gritei assim que saí do banheiro.

Ela estava caída na cama, encolhida, tremendo, com expressão de dor. O rosto pálido, os olhos semicerrados, a respiração curta. Um gemido saiu dela.

— O que aconteceu?! - corri até o lado da cama, segurando seus ombros.

— D-dói… Matteo… Não consigo… Esticar o corpo - arqueou o corpo, apertando a barriga.

Não pensei duas vezes. Peguei-a nos braços, sentindo cada estremecer, cada suspiro, cada tremor. Corri pelo corredor sem olhar para nada, tropeçando nos móveis, indo até a escada.

— Fica firme! - gritei, segurando-a em meus braços contra o peito — Você não vai me deixar agora! Já chega de tentar fugir.

No meio da escada, Mira surgiu, imóvel, sorriso frio, os braços cruzados. Ao lado dela, minha mãe, como se estivesse surpresa

— O que está acontecendo? - perguntou, com aquela voz venenosa que eu já odiava.

— Afaste-se! - rosnei, atravessando-a com o corpo de Valentina — Não quero você perto dela!

— Eu só queria ajudar… - disse ela, tranquila demais.

— Não! -  minha raiva misturada ao receio do que pode ter sido. — Não toque nela!

Joguei Valentina no carro, segurando sua cabeça para que não batesse. Dei a volta depressa, liguei o motor e acelerei, cada curva queimando meus nervos, cada segundo queimando o peito. Ela tremia no banco ao lado, suava frio, cada gemido me atravessava.

— Aguenta, gattina - sussurrei — Apenas aguenta até chegarmos!

No hospital, corri pelos corredores. Enfermeiros vieram correndo, pegando-a da minha frente, mas eu não soltei sua mão.

— O que aconteceu?! - perguntei, voz alta, cortante. — Diga agora! – queria urgência como se fosse possível saber.

— Precisamos estabilizá-la - disse uma enfermeira, afastando-me.

— Não posso esperar! – olhei feio para a mulher — Ela está fraca demais!

A médica entrou, expressão séria.

— Não temos como dar uma resposta sem antes examinar a paciente, senhor. Terá que aguardar.

Passei a mão pelo cabelo e esfreguei o rosto, enquanto ela era levada para dentro da ala. Meu celular tocou, era minha mãe. Não era o momento de atender, passei o dedo e desliguei a chamada.

Andei de um lado para outro, suspirando pesado por algumas vezes, até que finalmente vi a médica se aproximando.

— E então?

— Ela está bem agora, já está medicada, mas o exame mostrou níveis extremamente altos de anticoncepcional - disse, direta. — Quantidades perigosas. – inclinou a cabeça de leve.

Meu corpo travou.

— O quê?

— O senhor pode entrar para falar com ela – fez um gesto indicando o quarto.

Assim que entrei ela me olhou arregalando os olhos e apertando as mãos.

— Você fez isso por conta própria?

Ela desviou o olhar, respirando com dificuldade, testa franzida.

— Eu… Não queria problemas… - murmurou.

— Problemas?! – me aproximei e ela se encolheu — Você estava sentindo fortes dores, quase sem cor – gesticulei forte — Isso não é problema, é burrice! - segurei seu rosto — Por que tomou tantos?

— Eu… Não sei… - ela respondeu, tremendo.

— Não existe “não sei”! – elevei a voz novamente. — Fala comigo!

Ela fechou os olhos, respirando fundo, gemendo de dor. Meu coração batia acelerado, a adrenalina queimando minhas veias. Eu não sabia se estava mais com medo ou mais bravo.

— Matteo… Me desculpa… - sussurrou, quase inaudível.

— Desculpar? - rosnei. — Você está bem agora. É isso que importa! Só isso! - segurei suas mãos com força.

A médica verificou os sinais vitais, mas eu não tirei os olhos dela. Cada tremor, cada gemido, cada suspiro curto.

— Se houver complicações… - falei sério para a médica — Eu quero saber agora.

— Há risco - disse a médica. — Mas por enquanto, está estável. É só não repetir isso.

Ouvi a recomendação dela e depois que saiu, controlei minha irritação para não explodir.

Segurei seu ombro, cada estremecer, cada suspiro me irritando. Não gostei desse susto de vê-la assim. Lá fora, o mundo podia desmoronar, mas aqui só existia ela.

— Escute - falei firme, controlando minha reação por causa dela e do local — Ninguém vai te machucar enquanto eu estiver por perto. Entendeu? Tem que me contar as coisas.

Ela fechou os olhos, cansada. Eu continuei segurando sua mão. Cada batimento cardíaco dela na máquina ao lado era uma cobrança e um alerta. Aquela situação podia escapar do meu controle a qualquer momento.

— Vou descobrir o que aconteceu - prometi baixinho, mas sem suavidade — E se você se machucou por sua própria decisão ou não, ninguém mais vai repetir isso.

— Se eu já estou melhor, não tem que se preocupar mais, Matteo – ela falou sem olhar pra mim — Você já tem tanta coisa para fazer.

— Não importa. Eu disse que você tem que me contar tudo, até o que minha família fizer.

— Matteo... Eu tô cansada – ela apertou as unhas na mão — A gente pode falar depois?

— Não pense que vou deixar isso ser esquecido, Valentina – segurei seu pulso e ela ergueu o olhar pra mim — Você vai me deixar de cabelo branco, gattina.

— É que... – molhou os lábios com a ponta da língua — É complicado e...

— Eu descomplico – me inclinei sobre ela e respirei fundo — Toda vez que um mal entendido acontece, a gente perde tempo.

— Eu sei, mas não foi...

— Foi você quem tomou essa dose alta sozinha? – ergui as sobrancelhas.

— Não – respondeu baixinho.

— Então me diz a verdade. Quem foi? – ela virou a cabeça — Olha pra mim, gattina – ela voltou a olhar, mas fugindo sempre, olhando para os lados — Você sabe que eu não vou deixar isso assim – suspirei e esfreguei a testa — Eu tinha coisas a fazer e larguei tudo quando você me deu esse susto.

— Desculpe.

— Não se desculpe se a culpa não foi sua.

— Não pode deixar pra lá? – deitou a cabeça — Só dessa vez?

— Não – levantei e andei até a janela — Se eu fizer isso agora, a tendência é piorar – enfiei as mãos nos bolsos.

Fiquei calado um momento, pensando. Isso tinha muito a assinatura de minha mãe. Só pode ter sido ela. Talvez Mira também. Me virei para ela. Valentina abaixou os olhos. Não tem jeito, ela está me escondendo e é por causa de minha mãe. Não sou tonto. Infelizmente, terei que entrar em outra disputa com a senhora Nádia.

— Vou falar com a médica. Se ela liberar você, vamos para casa e vai ficar descansando.

— E você? – mordeu o lábio.

— Eu vou ter mais uma batalha a ganhar.

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