Parte 143...
Valentina
Quando escuto a porta se abrir, já sei que é ele. Eu estou sentada no sofá da sala nova, abraçada aos joelhos, tentando entender tudo o que aconteceu naquele dia.
Quando ele aparece no corredor, percebo o quanto ele parece cansado. Exausto. Como se tivesse carregado o peso de um prédio nas costas.
— Valentina - ele diz, a voz baixa, quase áspera de tanto segurar sentimentos.
— Oi… - respondo, tentando não parecer preocupada, mas falho miseravelmente. — Você demorou.
Ele tira o casaco, joga sobre a poltrona e se aproxima. Os olhos dele… Deus. Sempre tão fortes, agora estão vermelhos nas bordas. Não de choro, mas de raiva contida. De cansaço. De tudo.
— Eu precisava resolver esse assunto - ele diz. — E resolvi.
Eu endireito a postura, esperando. Ele senta ao meu lado, não muito perto, não muito longe. Como se estivéssemos pisando num território novo, cheio de armadilhas sentimentais.
— O que você fez? - pergunto.
Ele respira fundo.
— Eu mandei minha mãe e a Mira e