Máfia Romance • Grumpy x Sunshine • Found Family • Fast Burn Aurora Sinclair cresceu esquecida em um orfanato na Itália. Humilde, sonhadora e cheia de esperança, ela acreditava em contos de fadas, mesmo quando a vida só lhe oferecia páginas rasgadas. Com um passado marcado por abandono, violência e solidão, tudo o que Aurora queria era uma chance, um recomeço. Do outro lado da cidade, estava Ettore Bellucci. Bilionário. Temido. Don da Cosa Nostra. Um homem frio, sarcástico e desacreditado no amor. Para ele, sentimentos eram fraquezas… até conhecer Aurora. Contratada como sua secretária, Aurora nunca imaginou que entraria no mundo perigoso da máfia. Muito menos que seu coração passaria a bater por um homem tão intenso quanto proibido. Entre ordens, olhares e pretextos para ficarem próximos, Ettore se vê enredado por aquela mulher de alma pura e tenta a todo custo negar a paixão que cresce dentro dele. Mas quando o passado de Aurora ressurge com ameaças, verdades ocultas e segredos de sangue, ambos são arrastados para uma guerra que vai muito além do poder e do amor. Sequestros, traições, tiros, sangue... Em meio ao caos, nasce algo mais forte que qualquer máfia: uma família.
Ler maisCapítulo 1 – Aurora Sinclair
Eu não me lembro do meu primeiro dia no orfanato. Ninguém se preocupou em me contar como foi. Ninguém se importou o suficiente para lembrar. Desde que tenho consciência, aquele lugar foi o meu mundo: paredes frias, camas enfileiradas, corredores escuros e o cheiro constante de mofo misturado com desinfetante. À noite, era comum ouvir choros abafados, soluços escondidos nos travesseiros.
Nunca fui a preferida. Nunca fui a menina que os casais apontavam com um sorriso nos lábios e diziam: “Essa sim, essa tem algo especial.” Às vezes, algum adulto se aproximava, segurava meu rosto entre as mãos, olhava fundo nos meus olhos e perguntava meu nome, minha idade, o que eu gostava de fazer. Por um instante, eu ousava acreditar. Talvez dessa vez fosse diferente. Talvez eles gostassem de mim. Mas o olhar deles mudava. Sempre mudava. Havia algo em mim que os fazia hesitar. Talvez fosse meu silêncio. Meu jeito de abaixar a cabeça. Ou talvez nunca tenham tido a intenção de me adotar. Eu era apenas mais um número, uma formalidade para cumprir.
A rejeição doía, mas a indiferença doía ainda mais. Vi tantas crianças saírem dali de mãos dadas com seus novos pais, enquanto eu permanecia. O coração afundava, e a mesma pergunta martelava em minha mente: o que há de errado comigo? Eu tentava sorrir, tentava parecer doce. Falava pouco, na esperança de não incomodar. Mas nada funcionava. No final, o resultado era sempre o mesmo: eu ficava, e os outros iam embora.
E os que ficavam... aprendiam a ser cruéis. Não porque quisessem, mas porque precisavam. Era a lei do orfanato: ou você machuca, ou é machucado. Eu era um alvo fácil — pequena, frágil, sozinha. Não tinha amigos, nem irmãos. Era a presa ideal. Meus cabelos eram puxados, minhas coisas roubadas. Riam de mim quando chorava, me empurravam contra as paredes. Inventavam histórias para as cuidadoras, que nunca se davam ao trabalho de verificar se eram verdade. E quando apanhava, não revidava. Nunca aprendi a me defender. Aprendi a suportar.
A fome era minha companheira constante. A comida nunca era suficiente. Quem comia rápido demais, pegava mais. Os mais espertos escondiam pão para comer depois. Eu quase sempre ia dormir com o estômago roncando. Aprendi a ignorar a dor da fome como aprendi a ignorar tantas outras dores — a solidão, o frio, o medo.
Mas, em meio ao caos, existia um ponto de luz: Dona Teresa. Ela era uma das funcionárias mais velhas do orfanato e, diferente das outras cuidadoras, fazia mais do que o necessário. Ela via. E, por algum motivo que nunca entendi, ela me viu.
Lembro da primeira vez que me chamou de “meu anjo”. Meu peito doeu. Palavras gentis eram tão raras que quase me esqueci de como soavam. Ela me dava um pão extra quando via que eu não havia comido. Me cobria durante a noite quando me encontrava encolhida de frio. Dona Teresa não falava muito, mas suas palavras tinham um peso diferente.
— Você é forte, Aurora. Mesmo que não veja isso agora. Um dia, você vai sair daqui, e o mundo vai conhecer quem você realmente é.
Eu queria acreditar. Mas como acreditar em um futuro quando meu presente era tão escuro?
Os anos passaram, e cada um me marcou de forma diferente. Aos dez anos, entendi que nunca teria uma família. Aos doze, aprendi que não podia confiar em ninguém. Aos quinze, já sabia que a vida nunca seria fácil para mim. E aos dezoito, soube que estava sozinha.
A idade chegou, e com ela, a inevitável saída do orfanato. Ninguém podia ficar além disso. Eu estava por minha conta — sem dinheiro, sem apoio, sem rede de segurança. Apenas uma sacola com roupas usadas e um coração cansado.
No dia da despedida, me despedi de Dona Teresa. Ela segurou minhas mãos e, pela primeira vez, vi lágrimas nos olhos dela.
— Eu queria ter feito mais por você — ela disse. Mas ela já havia feito mais do que qualquer um.
Antes que eu partisse, ela colocou algo em minha mão: um envelope com algumas notas amassadas.
— É pouco, mas pode ajudar.
Era mais do que dinheiro. Era amor. Era cuidado. Era a única prova de que, em toda a minha vida, alguém realmente se importou comigo.
Deixei o orfanato naquele dia sem olhar para trás. Porque olhar para trás doía. E eu já tinha sofrido o suficiente.
ETTORE BELLUCCIEu voltei ao trabalho, sentando-me em minha cadeira, mas minha mente estava longe. O que foi aquilo? O que deu em mim para falar daquele jeito com Aurora? Aquelas palavras impulsivas, aquele desejo de manter algo escondido entre nós...Eu sabia que era tesão, nada mais. Eu nunca me deixava levar por isso. Depois que eu matasse o maldito traidor, isso acabaria. Eu não podia colocar uma jovem mulher como ela na minha vida, em meio ao caos e à constante ameaça que a minha existência representava. Ela tinha uma vida pela frente, uma chance de ser algo mais do que eu poderia oferecer. Eu só estava me iludindo, isso iria passar. Não deveria ter deixado ela entrar tão profundamente no meu radar, mas era tarde demais.Fechei os olhos por um instante, tentando afastar os pensamentos. Eu não queria pensar nela. Eu não podia me distrair com isso. Mas era difícil
ETTORE BELLUCCIMe despedi de Alice com um sorriso nervoso, sentindo uma mistura de gratidão e ansiedade. Ela me deu um olhar compreensivo, quase como se soubesse o turbilhão de emoções que eu estava enfrentando. Eu tentei disfarçar a apreensão, mas sabia que não conseguiria escapar de tudo o que estava acontecendo.— Boa sorte, Aurora. Vai ficar tudo bem. Você merece estar lá — ela disse, seu tom suave, mas cheio de confiança.—Obrigada, Alice. Nos vemos depois. — Falei com um sorriso forçado, tentando manter a calma. Mas, no fundo, eu sabia que o dia seria difícil. Eu não sabia o que esperar, especialmente com a fofoca que já começava a se espalhar pelos corredores da empresa.Caminhei até a sala onde trabalhava com Ettore, sentindo o peso dos olhares nas minhas costas. Cada passo parecia mais pesado do que
ETTORE BELLUCCIEu estava sentado na minha cadeira, o peso da decisão que precisava tomar me consumindo. Lorenzo entrou sem bater, com o rosto fechado e uma expressão séria. Algo me disse que não seria uma boa notícia. Ele se aproximou e, sem rodeios, começou a me contar sobre os boatos que estavam circulando pela empresa.—Aurora... as mulheres estão falando por aí que ela é sua amante — ele disse, e eu senti como se um punhal tivesse sido cravado no meu peito. —Disseram que ela conseguiu o cargo por ser sua nova... amante.Eu soltei o ar com força, tentando me controlar. Eu sabia que a fofoca correria, mas isso? Isso era uma afronta. Como alguém ousaria espalhar algo tão baixo sobre ela? Eu sabia que não poderia deixar aquilo passar em branco. Eu não iria permitir que desrespeitassem alguém sob minha proteção, e
AURORA SINCLAIREnquanto eu me olhava no espelho, ainda processando tudo o que tinha ouvido, a porta do banheiro se abriu, e eu vi uma mulher da limpeza entrando. Nossos olhos se encontraram, e por um segundo, ambas ficamos congeladas.Era como olhar para um reflexo. Nós parecíamos irmãs gêmeas.A outra garota arqueou a sobrancelha e sorriu. — Uau, achei que tivessem colocado um espelho novo aqui.Eu soltei uma risada e balancei a cabeça. — Se não fosse eu mesma, teria certeza de que você é minha irmã perdida.— Alice — ela se apresentou, estendendo a mão.— Aurora — eu respondi, apertando a mão dela.Antes que pudéssemos continuar a brincadeira, a porta do banheiro se abriu novamente, e três mulheres entraram. Assim que nos viram, os sorrisos sumiram de seus rostos.— O que temos aqui? Duas g&
AURORA SINCLAIREu não sabia o que estava acontecendo comigo. Tudo estava tão confuso, tão rápido, e a única coisa que eu sentia era uma pressão crescente no peito, como se estivesse prestes a explodir. Os meus pensamentos estavam bagunçados, mas uma coisa estava clara em minha mente:Eu queria mais.Eu queria mais de Ettore, mais daquele desejo que queimava dentro de mim, mais daquela atração irresistível que ele despertava, e talvez... mais daquela coisa que ele despertava em mim, uma coisa que eu nunca havia sentido.—Você se lembra do que disse ontem? — Ele perguntou de novo, e a pergunta ecoava em minha mente, um lembrete sutil do que eu havia dito, do que eu havia pedido. Mas eu estava tentando escapar dessa sensação, tentando afastar essa vontade, essa necessidade que parecia tomar conta de mim a cada segundo que passava.
AURORA SINCLAIRAcordei lentamente, como se estivesse saindo de um sonho, mas a sensação de estar no lugar errado era impossível de ignorar. O quarto ao meu redor era estranho, e por um momento, não sabia onde estava. O cheiro do lençol, o colchão firme, a ausência de qualquer som familiar... até que, ao mover meu corpo, me deparei com algo quente e firme atrás de mim.Quando meus olhos se abriram, vi o teto de um apartamento que não reconhecia. Eu estava deitada, sem saber como ou quando, nos braços de Ettore. Ele estava ali, seu peito tocando minhas costas e os braços envoltos ao meu corpo, me segurando como se fosse uma coisa preciosa. Ele estava adormecido, sua respiração tranquila, mas eu não conseguia tirar o pensamento da minha cabeça:Como cheguei aqui?O medo tomou conta de mim por um instante. Eu não sabia
Último capítulo