Capítulo 8
Ettore Bellucci
A traição é um câncer. Silenciosa, traiçoeira, ela se infiltra pelas frestas como fumaça densa, consumindo tudo o que toca. Um só homem pode trair, mas traições nunca acontecem isoladamente. Elas são como uma teia: por trás de cada fio cortado, há outras mãos, outros sussurros escondidos na escuridão.
Alguém da Famiglia estava nos vendendo.
As palavras de Lorenzo e Henrico ainda ecoavam na minha mente como um tambor surdo. O atentado não fora um golpe de sorte dos Giordano — não havia sorte envolvida. Eles sabiam demais. Sabiam onde, sabiam quando.
Aquilo tinha sido um plano. Frio, calculado, meticulosamente articulado.
O que significava que o informante não estava agindo sozinho.
Eu não acreditava em coincidências.
Estava sentado na poltrona do escritório, na boate, os cotovelos apoiados na mesa de vidro enquanto fitava Lorenzo. Seu olhar era, como sempre, de pedra.
Ele e Henrico tinham modos diferentes de carregar o peso do mundo. Lorenzo era o estrategist