Capítulo 10
Aurora Sinclair
Os dias em Palermo seguiam seu ritmo cansativo, quase implacável. Todas as manhãs, o som estridente do despertador me arrancava do sono no meu quarto apertado. A água gelada do chuveiro era um choque brutal que me acordava de verdade para enfrentar mais um dia exaustivo. Vestia a mesma calça preta e blusa branca, ajeitava o cabelo rapidamente, sem me preocupar com a aparência, e saía apressada pelas ruas ainda silenciosas da cidade.
A cafeteria onde trabalhava era pequena, mas o aroma do café fresco preenchia o ambiente, oferecendo um conforto momentâneo — ao menos para quem gostava daquele cheiro forte. Para mim, porém, era sinônimo de horas intermináveis em pé, clientes exigentes e um patrão que parecia indiferente a tudo, a não ser aos lucros.
Até que um dia, ao chegar para mais um turno, notei uma novidade atrás do balcão: uma moça nova, tentando equilibrar três xícaras de café numa bandeja, claramente sem jeito. Antes que eu pudesse alertá-la, uma das