Quando a exausta mãe solteira Carla conhece o fugitivo e CEO Daniel em um café no centro da cidade, ela não faz ideia de que ele está usando-a para despistar a polícia. Mas depois de uma troca impulsiva — seu carro velho pelo esportivo milionário dele — suas vidas colidem em um perigoso jogo de segredos, tentações e segundas chances. Ele pode comprar qualquer coisa. Pode tomar qualquer coisa. Ela não acredita que merece coisa alguma. Ele é Daniel: bilionário, CEO, playboy internacional… e o homem que a polícia está caçando. Quando Carla finalmente descobre quem ele é, já é tarde demais. Ela está com as chaves — não só do carro dele, mas também de seus segredos. Envolvida no mundo de contrabando, traições e desejos de Daniel, Carla precisará escolher entre voltar à vida pequena e segura que acredita merecer — ou arriscar tudo para conquistar aquela que nunca imaginou poder ter. Até que o amor força os dois a descobrirem o próprio valor.
Leer másEu precisei olhar para o chão do elevador enquanto segurava o pequeno envelope apertado contra o peito. Eu sabia que, se olhasse para a Sarah, ia desabar em lágrimas. E eu não queria perder o controle na frente de todo o escritório. Ou mesmo na recepção. Por isso, quando as portas se abriram com aquele “ping” alegre, eu quase corri para dentro do café e me sentei na última mesa, lá no fundo.
Sarah veio atrás de mim e se sentou do outro lado da mesa. Com as costas voltadas para a entrada e para todo mundo, finalmente consegui agradecê-la.
— Sarah, eu quero... — comecei a dizer.Mas foi o máximo que consegui. Meu peito arfou e as lágrimas levaram todas as palavras embora. Tudo o que eu consegui fazer foi chorar, chorar e chorar diante da Sarah sorridente. Parecia que tinha chovido sobre o envelope que eu segurava.
Ela esticou o braço por cima da mesa e segurou minhas mãos trêmulas, e mesmo assim eu não consegui dizer uma palavra por vários minutos. Talvez ela tenha se cansado do meu pranto, porque se levantou e voltou com dois lattes. Quando se sentou de novo, eu ainda não tinha conseguido parar de chorar, mas pelo menos já conseguia respirar e murmurar algumas palavras.
— Esse é o dia mais feliz da minha... — tentei dizer, mas comecei a soluçar de novo.
— A gente sabe, Carla, a gente sabe. Você merece isso — ela me garantiu.— Eu não mereço... eu não mereço amigas como você! Eu vou pagar, cada centavo.— Shhh... calma. Tá tudo bem. Todo mundo ajudou. Até o chefe!— Mas... é demais!— Sim, faculdade é cara. A gente sabe. Alguns de nós já passaram por isso. Por sorte, tivemos pais para ajudar. E o Diogo tem você.Eu ainda custava acreditar no que via. Abri o envelope agora salpicado de lágrimas e tirei o cheque, feito em nome do Diogo. Era mais dinheiro do que eu jamais sonhei. Li o valor de novo, através da máscara de cílios borrada. Sarah me deu um guardanapo para limpar, mas eu tinha medo de soltar o cheque — parecia que, se eu deixasse, ele ia voar ou eu ia acordar de novo no meu apartamento de um quarto que eu dividia com meu filho recém aprovado na faculdade.
Diogo agora tinha 18 anos e, contra todas as probabilidades, fora aceito em uma boa faculdade local. A gente não precisaria se preocupar com moradia, mas ele ia passar mais horas no metrô do que em qualquer outro lugar, indo da faculdade pro trabalho e de volta.
— Eu não sei como te agradecer, Sarah. Nem o pessoal do escritório... Como é que eu vou encarar todo mundo?
— Só diz “obrigada” e segue em frente, Carla. Tá todo mundo torcendo pelo Diogo. Ele é um garoto especial! — Isso ele é — respondi, tentando limpar os olhos sem soltar o cheque, nem o manchar com maquiagem ou café.— Mas foi o máximo que deu pra juntar. Mal cobre o semestre. O que você vai fazer com o resto? Tem os livros, ele não vai poder trabalhar tanto... — Sarah falava quase pedindo desculpas por ela e os colegas não poderem pagar tudo.
— Eu não sei. Vou continuar tentando bolsas e auxílio do governo. Talvez a gente consiga cortar alguns gastos. — Cortar o quê? No último happy hour você só tomou água! — Talvez eu arrume um segundo emprego... ou um terceiro.Sarah riu disso. Desta vez fui eu quem segurou a mão dela.
— Mas, sério, é demais. Você tem certeza que todo mundo... — Carla, chega! A gente te adora e queria poder fazer mais, mas...Sarah parou de falar no mesmo instante em que o sino pendurado na porta do café tocou e a porta se abriu com força. Virei-me para seguir o olhar dela até o homem que entrou decidido e veio em nossa direção. Naquela parte da cidade, não era incomum ver homens elegantes, em ternos sob medida, desfilando em seus carros esportivos. Os prédios estavam cheios de escritórios de advocacia de alto nível e magnatas das finanças.
Mas esse cara era diferente. O cabelo perfeitamente penteado, a pele impecável, o terno escuro de três peças e a gravata vermelha contrastavam com o olhar feroz que ele trazia. Ele examinou o café como quem entra em um campo de batalha. E foi justamente no canto mais discreto desse campo de batalha, longe dos olhares de todos, que eu tinha me escondido pra chorar.
Quando nossos olhares se cruzaram, ele lembrou como se sorri, e — como um velho amigo prestativo — sentou-se na mesa ao lado.
— Oi — cumprimentou, com algumas mechas rebeldes escapando do exagero de gel e caindo na testa, os olhos azuis cravados nos meus. — Isso vai parecer muito estranho, eu sei, mas é uma coisa boa. Eu realmente, realmente preciso trocar de carro com você. Só dessa vez.Ele levantou um cartão preto e brilhante, com um logo reluzente que eu mal reconheci. Acho que devo ter feito uma cara esquisita, porque ele sorriu mais, inclinou-se na minha direção e tentou pegar minha mão. Eu queria tanto proteger aquele cheque que me afastei.
— Não precisa ter medo. É uma boa notícia. Pode até ser divertido! — Ele pegou minha mão livre, colocou o cartão nela e fechou meus dedos. — Aqui. Essas são as chaves do meu carro. Você pode ficar com ele se me deixar pegar o seu emprestado. Só hoje, eu prometo.Fiquei olhando nos olhos azuis dele, sem saber o que fazer.
— Estou estacionado aqui no prédio mesmo. Terceiro andar, vaga B12. E você? — Uh... segundo... acho. Em frente ao elevador. — Certo. Eu o encontro. Obrigado. Muito obrigado.E ele foi embora sem olhar pra trás, com as minhas chaves na mão — tiradas da minha bolsa, ou do meu bolso, eu nem sei.
— Que diabos acabou de acontecer? — perguntei.
Juro que eu pretendia avaliar cuidadosamente o gosto, procurar algo estranho ou até tentar ler a expressão do homem enquanto comia, para evitar ser envenenada — mas falhei. Assim que fechei a boca, a comida se derreteu nela. Estava perfeitamente cozida, macia e saciante; eu só queria comer a panela inteira.Ele deve ter percebido, porque sorriu satisfeito. — Aqui, eu vou te servir um prato. — Ah, não, senhor. Obrigada, mas não, obrigada. Aqui: sua chave... cartão... coisa — disse, pegando-o dentro da bolsa. — Vou só pegar meu carro e ir embora. — Bem, isso vai ser um problema. — Pegou o cartão com delicadeza. — Seu carro... Bom, não é muito seguro você andar por aí com ele. E acho que você merece um agradecimento decente por hoje. Mas antes, você realmente não quer provar meu brasato al Barolo? É muito bom. Por favor, sente-se!— O que você fez com o meu carro? Já passei por tanta coisa hoje, cobrindo whatever seja que você faz, e eu não quero mais encrenca, senhor... Eduardo ou Je
Não houve outra ligação. Em vez disso, uma nova mensagem apareceu na tela: “aperte o ícone de casa.”Na tela, entre todos aqueles ícones piscando, setas, números e luzes, havia de fato um pequeno ícone com uma casinha. Fiquei sinceramente ofendida quando o sujeito achou necessário mandar outra mensagem explicando: “é o ícone da casinha branca.” Por acaso ele achava que eu era idiota?Com o dedo suspenso no ar, hesitei. Eu estava prestes a apertar um comando dentro do carro de um sujeito extremamente suspeito — que, diga-se, praticamente roubou o meu carro! Mesmo tendo deixado outro incrivelmente caro no lugar… seria o certo fazer o que ele mandava? Quem era esse cara, afinal? E por que ele precisava do meu carro pra fugir da polícia, se tinha essa máquina incrível?Lembrei da arma, dos passaportes, do dinheiro e de outras coisinhas suspeitas, e cheguei à conclusão de que aquelas não deviam ser as únicas ilegalidades ali dentro. Meu Deus… tem um corpo no porta-malas!Imediatamente
Toda a confusão com o carro e o detetive me fez esquecer completamente das mensalidades da faculdade do Diogo. Só me lembrei de que estava sentada sobre milhares de dólares quando a porta do elevador se abriu e Sarah e eu chegamos ao andar do escritório. Todos, até os chefes, estavam lá, em volta da entrada, sorrindo.Quando entrei na sala, uma salva de palmas estourou, e por um instante eu não fazia ideia do que estava acontecendo. Depois lembrei da generosa doação coletiva deles — e corei. Mais pela distração do que por vergonha, embora ainda houvesse um pouco dela: a vergonha de não conseguir dar ao meu filho a educação que ele precisava e merecia, apesar de trabalhar feito uma condenada por décadas desde que o tive.Aquelas pessoas do escritório, porém, tinham acabado de me dar mais do que toda a minha família em todos esses anos. Meus pais me toleraram durante a gravidez e até os primeiros anos do Diogo. Mas, assim que completei dezoito, eu estava por conta própria.Agora, pela p
— Bem, parece que o seu dia acabou de ficar muito melhor — disse Sarah, enquanto a gente parava diante daquele carro.Depois que o homem estranho saiu do café, olhando para todos os lados, Sarah praticamente me arrastou até o estacionamento. Terceiro andar. Vaga B12. Lá estava ele. Seja lá o que aquilo fosse. Tinha quatro rodas, mas todo o resto parecia de outro planeta. O design era esportivo e elegante, as janelas, totalmente escuras, e o carro não se parecia com nada que eu já tivesse visto — muito menos dirigido. Parecia que tinha acabado de pousar na Terra. Ou que tinha vindo do futuro.Aproximei-me e, com um assobio suave, a carroceria se ergueu alguns centímetros e a porta se abriu sozinha para me receber. Dei um passo para trás. Mas entrei mesmo assim.Os bancos de couro cheiravam a novos e, assim que meu pé tocou o pedal do freio, todas as luzes se acenderam e o painel ganhou vida com telas azuis. A porta se fechou suavemente atrás de mim — e eu percebi que não fazia ideia de
Eu precisei olhar para o chão do elevador enquanto segurava o pequeno envelope apertado contra o peito. Eu sabia que, se olhasse para a Sarah, ia desabar em lágrimas. E eu não queria perder o controle na frente de todo o escritório. Ou mesmo na recepção. Por isso, quando as portas se abriram com aquele “ping” alegre, eu quase corri para dentro do café e me sentei na última mesa, lá no fundo.Sarah veio atrás de mim e se sentou do outro lado da mesa. Com as costas voltadas para a entrada e para todo mundo, finalmente consegui agradecê-la. — Sarah, eu quero... — comecei a dizer.Mas foi o máximo que consegui. Meu peito arfou e as lágrimas levaram todas as palavras embora. Tudo o que eu consegui fazer foi chorar, chorar e chorar diante da Sarah sorridente. Parecia que tinha chovido sobre o envelope que eu segurava.Ela esticou o braço por cima da mesa e segurou minhas mãos trêmulas, e mesmo assim eu não consegui dizer uma palavra por vários minutos. Talvez ela tenha se cansado do meu pr
Último capítulo