Capitulo 5

Capítulo 5
Ettore Bellucci

A vida nunca me ofereceu caminhos fáceis. Ser o CEO da Ettore Corporation exigia inteligência, sangue frio e um faro apurado para negócios. Mas o lado obscuro — o lado Don — demandava algo ainda mais profundo: controle absoluto e a habilidade de andar sobre a linha tênue entre o poder e a perdição.

Os dois mundos se tocavam como lâminas prestes a colidir. E eu sabia muito bem o que acontecia quando se falhava nesse equilíbrio. Um erro, um único descuido, e o império que meu pai e meu avô construíram com sangue, suor e cadáveres ruiria. A Cosa Nostra não perdoa hesitação. Não oferece segundas chances.

Henrico, meu primo e também o melhor amigo que a vida me permitiu manter, sempre esteve ao meu lado. Dividíamos o mesmo sangue, mas era a lealdade que nos unia de forma inquebrantável. Ele era mais que um homem de confiança — era meu subchefe, o executor silencioso das ordens que não podiam ser registradas, o estrategista que operava na penumbra enquanto eu enfrentava a luz dos holofotes.

E, onde Henrico era a lâmina, Lorenzo — nosso Consigliere — era o cérebro frio que media cada passo antes que ele fosse dado. Outro primo, outro pilar. Seu dom estava na calma, na capacidade de enxergar o todo mesmo no meio do caos. Juntos, éramos a Santíssima Trindade da família Bellucci.

Naquela tarde, a tensão já nos rondava antes mesmo de escurecer. Uma carga vinda da Sicília havia finalmente chegado. Vital para manter nossa hegemonia no tráfico de armas e outros negócios não tão confessáveis. Nada poderia sair errado — absolutamente nada. Uma falha ali não custaria apenas dinheiro. Custaria sangue. Poder. Respeito.

Seguimos juntos até o armazém, um galpão antigo que parecia insignificante por fora, mas guardava um valor que não podia ser mensurado em cifras. O céu tingido de tons laranja e vermelho parecia uma pintura em combustão, mas ninguém ali se deu o luxo de admirar o pôr do sol.

— Está tudo pronto, Don? — Henrico perguntou, os olhos varrendo o ambiente com precisão militar.

— Sim — respondi, com a atenção fixada na enorme porta metálica que começava a se abrir. A carga estava ali. Intacta. Pelo menos era o que acreditávamos.

Mas assim que a luz invadiu o interior do galpão, uma sensação cortante nos atingiu. Como se o próprio ar tivesse mudado. Algo estava errado. Muito errado.

E então, veio o som. Seco. Cortante.

Tiros.

O armazém virou um campo de guerra em questão de segundos. O som de balas ricocheteando, gritos abafados, o cheiro sufocante da pólvora. Fui atingido de raspão no ombro — ardia, mas não me impediu de manter-me de pé. Henrico reagiu com a ferocidade de um lobo encurralado, enquanto Lorenzo, com precisão cirúrgica, dava cobertura.

Era uma emboscada. Calculada. Planejada. Fria.

Alguém nos conhecia bem demais.

— Don, precisamos sair daqui! — Lorenzo gritou por sobre o caos, sua voz carregada de urgência.

Mas eu sabia. Sabia que não era só um ataque. Era um recado. Alguém tinha nos traído. Alguém ousou se levantar contra a família Bellucci — e agora queria ver até onde estávamos dispostos a ir para proteger nosso trono.

Mas mostrar fraqueza? Jamais.

Não enquanto eu respirasse.

A luta foi brutal. A cada corpo que caía, a certeza aumentava: estavam tentando desestabilizar nossa base. Mas nós não cairíamos tão fácil.

Quando o último tiro cessou e o silêncio enfim se instalou, restavam apenas os sons das sirenes ao longe e o aroma acre da destruição. O armazém estava em ruínas. Henrico, ferido no braço, ainda respirava com dificuldade. Lorenzo, embora calmo como sempre, exibia nos olhos um alerta que eu reconhecia: aquilo tinha sido só o começo.

— Quem são esses filhos da puta? — Henrico murmurou, limpando o sangue que escorria.

— Vamos descobrir em breve — respondi, a voz mais gélida do que o metal das armas em nossas cinturas. — Ninguém afronta os Bellucci impunemente.

Olhei ao redor. Corpos espalhados. Sangue misturado à terra e à ambição. Aquilo era mais que um ataque. Era uma declaração de guerra.

E guerra... bem, guerra é o idioma que eu falo fluentemente.

Para cada um que ousasse se levantar contra nós, cem se ergueriam para esmagá-los. A paz, se é que um dia existiu, tinha acabado.

E, como sempre, esta seria uma guerra sem misericórdia.

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