Ele nasceu no berço do poder. Ela foi criada sob os holofotes da fortuna. Jae-Min Seo, um CEO coreano de 28 anos com um passado mafioso oculto e um império empresarial bilionário, é forçado a selar um acordo de paz entre clãs rivais ao se casar com Aurora Callahan, uma herdeira ruiva da ensolarada Califórnia, conhecida tanto por sua beleza quanto por sua arrogância indomável. O casamento é uma guerra desde o altar. Ela o despreza. Ele a quer apenas como uma peça de xadrez. Mas o que começa como um jogo de poder e humilhação, torna-se um campo minado de sentimentos quando os dois percebem que, no meio do caos… há desejo. A guerra fica ainda mais intensa quando Skylar, prima de Aurora, entra em cena determinada a conquistar o CEO — custe o que custar. Traições, reconciliações de tirar o fôlego, e reviravoltas que queimam como fogo. Nesta história, amar é mais perigoso do que matar.
Ler maisSEUL – 22h34 – COBERTURA DO GRUPO SEO
O céu de Seul brilhava com os reflexos de luzes artificiais, mas Jae-Min Seo não via nada além de escuridão. Do alto da cobertura de vidro blindado que coroava o prédio do Grupo SEO, ele encarava a cidade como quem analisava um campo de guerra. Vinte e oito anos. Dois metros de altura. Um império herdado e dobrado sob os próprios punhos. E agora... uma aliança. A tela do tablet exibia o rosto da mulher com quem se casaria em menos de vinte e quatro horas: Aurora Callahan, herdeira de uma fortuna californiana construída com petróleo, tecnologia e silêncio sujo. Ruiva, olhos verdes, pele clara como mármore, e um histórico de escândalos abafados com cifras de sete dígitos. — Você a conhece? — perguntou Taewon, seu braço direito, interrompendo seu silêncio. — Essa garota não parece do tipo que aceita ordens. Jae-Min não respondeu de imediato. Levou o charuto aos lábios, tragou com calma, como se cada centímetro da fumaça que preenchia os pulmões fosse uma forma de resistência àquele pacto arranjado. — Não preciso que ela aceite ordens — ele disse por fim. — Preciso que ela assine. — E depois? — Depois... ela que lute. --- CALIFÓRNIA – 14h21 – VILLA CALLAHAN O som do mar batia contra os rochedos abaixo da mansão como um aviso: fuja enquanto pode. Mas Aurora Callahan mantinha os pés fincados na varanda da ala oeste, com os braços cruzados e o vestido branco esvoaçando como se quisesse levá-la dali. Ela não estava nervosa. Estava furiosa. — Você quer me vender como moeda de paz para mafiosos coreanos, mãe? — É um contrato, não um leilão. — Valerie Callahan, sempre impecável, ajustou os brincos de pérola como se estivesse apenas discutindo o cardápio do jantar. — Ele é um CEO com histórico de corrupção, prisões secretas, tortura industrial! — Aurora esbravejou. — Isso está em relatórios! — E você é uma herdeira com três processos silenciados, dois ex-namorados enterrados e uma overdose em Paris. Ele é o único homem que pode te dar proteção sem te transformar em posse. — A mãe se virou, olhando nos olhos dela. — Ou prefere ir para a prisão ao invés do altar? Aurora apertou os punhos. — Prefiro o inferno. — Então se acostume com o calor, querida. O voo para Seul parte em três horas. --- NO DIA DO CASAMENTO – SEUL – 18h07 – SALÃO DE CRISTAL Flores negras. Ternos sob medida. Guardas armados disfarçados de garçons. A cerimônia não era romântica — era um ritual de guerra. Jae-Min Seo entrou primeiro. Passos firmes. Olhos gelados. Um anel de platina no dedo mindinho e a cicatriz discreta na mandíbula esquerda, herança de uma emboscada aos dezoito anos, que ele jamais cobriu. A cada passo, o salão silenciava. Havia algo nele que fazia homens abaixarem a cabeça e mulheres prenderem a respiração. Aurora chegou depois. Vestido escarlate. Cabelo solto em ondas, lábios tão vermelhos quanto a rosa que segurava — símbolo de um casamento que nascia sangrando. Quando os olhos dos dois se cruzaram, o impacto foi imediato. — Você parece entediado — disse ela, em inglês, com um sorriso de desprezo. — Achei que CEO's criminosos fossem mais... ameaçadores. — Você parece impulsiva — respondeu ele, sem alterar o tom. — Achei que herdeiras mimadas chorassem mais. — Me dê motivo. — Me dê silêncio. Aurora arqueou a sobrancelha, mas não respondeu. Eles caminharam juntos até o altar, onde o juiz coreano — uma peça simbólica no jogo político — começou a leitura do contrato. Não votos. Não promessas. Apenas cláusulas, prazos e penalidades. E então, o momento. — Senhor Seo Jae-Min, aceita Aurora Callahan como sua esposa legítima, sob os termos da união acordada entre as famílias? Ele olhou para ela. E disse: — Aceito. — Senhorita Callahan? — Eu aceito… sob protesto. As assinaturas foram colhidas. O anel escorregou no dedo dela com precisão cirúrgica. Os aplausos ecoaram frios. Mas o beijo... nunca veio. Jae-Min virou-se, oferecendo apenas o braço para sair do altar. Aurora o acompanhou, com o mesmo sorriso venenoso. — Nem um selinho? — provocou. — Só beijo o que escolho — ele respondeu. — E você não me escolheu. — Ainda não. --- MANSÃO SEO – SUÍTE PRINCIPAL – 23h19 A noite tinha cheiro de tensão e fumaça. Aurora estava em frente ao espelho, removendo o batom com agressividade. Estava prestes a tirar o vestido quando a porta se abriu sem bater. Jae-Min entrou. — Pretende dormir vestida? Ela se virou, ainda com o zíper pela metade. — Pretendo dormir sozinha. É um casamento, não uma sentença de cela conjugal. Ele não sorriu. — É um contrato. E você é parte do meu império agora. O que você faz, respira ou diz, afeta meu nome. E meu nome... é mais pesado que o teu sangue. Aurora se aproximou, ousada, desafiadora. — Eu não sou tua posse, Jae-Min. Não sou uma das tuas secretárias submissa, nem uma flor do leste. Eu sou Aurora Callahan. E se você me tocar sem permissão... Ele a interrompeu, encurtando a distância. — Você vai gritar? — Eu vou morder. Os dois ficaram tão próximos que podiam sentir a respiração um do outro. A tensão entre eles era fogo e pólvora. E nenhum dos dois ia recuar. — Boa noite, Aurora. — Ele recuou. — Durma com um olho aberto. Ela sorriu. — Sempre durmo assim... quando estou em território inimigo. TRÊS DIAS DEPOIS – JANTAR DE APRESENTAÇÃO DAS FAMÍLIAS – 20h43 O salão principal da mansão Seo estava impecável. Lustres de cristal refletiam a luz sobre pratos de porcelana importada, e uma trilha sonora clássica preenchia o ambiente com um ar de falsa tranquilidade. Tudo cheirava a poder, controle e perigo cuidadosamente disfarçado. Aurora, vestida em um longo verde-esmeralda que valorizava os cabelos ruivos soltos, caminhava entre os convidados com a postura de uma rainha. Ela sabia se portar, sabia como jogar. Mas internamente, ela sentia-se encurralada. As conversas sussurradas, os olhares atentos... ela era a estrangeira ali. E foi quando a voz veio por trás, doce e melódica, quase falsa: — Você deve ser a nova esposa do nosso CEO. Aurora virou-se e viu uma jovem de pele clara, olhos puxados e cabelo castanho claro preso em um coque elegante. O vestido de veludo azul marinho moldava suas curvas, e o sorriso carregava veneno. — Skylar Seo. — A mulher estendeu a mão. — Prima de Jae-Min. E… antiga parceira de algumas decisões importantes. Aurora apertou a mão dela, firme. — Aurora Callahan. Esposa. Parceira atual. E... dona de metade do que ele controla agora. Skylar riu com leveza, mas os olhos analisaram cada detalhe da ruiva. — Metade é uma palavra ambiciosa, querida. Mas gosto de ambição. Desde que não ameace a estrutura. Aurora inclinou a cabeça. — A estrutura já estava rachada antes de eu chegar. Só estou reorganizando os escombros. O olhar entre as duas durou mais do que deveria. — Você parece… diferente do que imaginei — Skylar disse por fim. — E você parece exatamente como eu imaginei. Jae-Min se aproximou naquele momento, e o clima ficou ainda mais denso. — Skylar. — Ele assentiu brevemente. — Pensei que estivesse em Tóquio. — Voltei assim que soube do casamento. Não poderia perder o momento em que meu primo se tornaria marido de uma americana impulsiva. — Que pena. Eu esperava que você tivesse um pouco mais de... tato — respondeu Aurora, sorrindo para ele. — Ela me chamou de impulsiva. Mal sabe que já pensei em explodir esse salão. — Por favor, exploda com estilo — Jae-Min murmurou ao seu ouvido, antes de afastar-se com Skylar. Aurora observou os dois. A forma como Skylar o tocava no braço ao falar. O jeito como ele mantinha a expressão fria, mas deixava que ela se aproximasse mais do que o necessário. Aquilo não era apenas uma prima. Era uma ameaça. --- NOITE – SUÍTE PRINCIPAL – 00h09 — Você dormiu com ela? — Aurora perguntou diretamente, tirando os brincos enquanto observava o reflexo de Jae-Min no espelho. Ele estava no canto do quarto, desfazendo o nó da gravata. — Sim. A resposta foi crua, sem rodeios. Ela não esperava. — Isso antes de mim? — Durante... outros tempos. Negócios se misturam com prazer. Acontece. Aurora virou-se, passos firmes. — E você trouxe ela para dentro da nossa casa? — Essa casa não é sua, Aurora. Ela caminhou até ele, parando a centímetros. — Não subestime a mulher com quem se casou, Jae-Min. Não tenho medo de Skylar, nem do seu passado. Mas se ela ousar cruzar a linha, vai aprender que o inferno... tem nome e sobrenome. Ele sorriu de lado, finalmente demonstrando uma emoção genuína. — Você me diverte. — Você me provoca. — E isso te excita? — Não — ela mentiu. A tensão entre eles era quase insuportável. Mas nada aconteceu. Apenas silêncio. Apenas distância. Naquela noite, dormiram separados. Mas nenhum dos dois fechou os olhos. --- DOIS DIAS DEPOIS – CENA PÚBLICA – 17h52 – HOTEL IMPERIAL SEOUL O casal foi convidado para um coquetel de gala em apoio a uma fundação de refugiados — uma fachada para negociações políticas. A imprensa estava em peso. Fotógrafos, empresários, mafiosos e investidores dividiam o mesmo salão. Aurora usava um vestido preto com costas nuas, elegante e fatal. Jae-Min, em um terno azul escuro com detalhes prateados, parecia uma sombra viva. Durante o evento, Skylar aproximou-se mais uma vez. Dessa vez, diante das câmeras. Ela tocou o ombro de Jae-Min, cochichou algo e riu alto. Fotografias captaram tudo. Aurora fechou a taça com força. — Se ela se jogar mais uma vez no seu colo, vou levantar esse vestido e mostrar que você é meu, tatuado na pele. Jae-Min virou-se lentamente para ela, intrigado. — Você tem meu nome tatuado? — Ainda não. Mas eu tatuo. Na sua pele. Com as minhas unhas. Ele encarou Aurora por um segundo... e então a puxou pela cintura, colando os corpos no meio do salão. — Me beija. — Por quê? — Porque eles estão olhando. E eu estou cansado de fingir que você não me afeta. Ela não respondeu. Apenas o beijou. E o mundo desabou. Câmeras clicaram. O salão congelou. A tensão acumulada em dias de guerra explodiu em um beijo violento, intenso, cheio de raiva, desejo, posse. Aurora mordeu o lábio dele no final. — Da próxima vez que Skylar tocar em você... não vai ter beijo. Vai ter sangue. Jae-Min sorriu. E naquele sorriso, ela viu pela primeira vez... um traço de respeito.🕐 MONTANHAS DE AKITA — ESTRADA PARA O TEMPLO — 03h12A caravana avançava devagar pela estrada de neve, iluminada apenas pelos faróis engolidos por névoa. Dentro do principal veículo blindado, Aurora apertava Aerin contra o peito, o coração batendo num ritmo que desafiava cada centímetro de coragem que ainda restava.Ji-Yun, sentada à frente, segurava o Livro da Origem como se fosse a única âncora entre fé e aniquilação. Jae-Min, do lado de fora, liderava cada ponto de vigília com voz de comando que tremia até o último capô da Tríade.— Mantêm as linhas de fogo. Se um só deles se mexer fora do lugar, queimem sem aviso. — rosnou ele pelo comunicador.Um dos motoristas murmurou, tentando segurar o medo:— Senhor, as câmeras térmicas estão falhando. Há algo… nos seguindo…Um estalo de rádio. Silêncio.Aurora abriu a janela lateral, espiando a noite. Um vulto atravessou o feixe de luz — rápido, sem forma definida, como carne despedaçada costurada na escuridão.Ela apenas murmurou:— Já ch
🕐 INTERIOR DO CARGUEIRO — 12h41O corredor metálico rangia sob os passos de Jae-Min. Atrás dele, dois de seus homens mantinham a cobertura, as armas carregadas com munição selada — mas cada segundo ali dentro parecia engolir a sanidade.Ele seguiu o sinal térmico captado pelos drones. Chegou a uma porta reforçada, trancada com quatro fechaduras biométricas. O tablet do líder russo esquecido no chão, pingando um rastro de sangue, era o único aviso: aquilo não era um prisioneiro comum.Jae-Min respirou fundo. Digitou um código secreto — um que apenas Jong-Woo conhecia. As travas se abriram como um suspiro de um túmulo antigo.A cela era úmida, iluminada por uma única lâmpada oscilante. No centro, correntes de prata fixavam um homem ajoelhado, nu da cintura para cima, o corpo marcado com runas queimadas a fogo.Quando ergueu o rosto, Jae-Min paralisou.Era ele mesmo. Ou quase.O rosto era o mesmo — mas mais jovem, olhos sem cicatrizes, cabelos caindo livres, um sorriso manso demais para
🕐 HOKKAIDO – BASE TEMPORÁRIA DA TRÍADE – 08h09 O cheiro de incenso ainda pairava no ar, mas não mascarava o odor metálico do sangue que impregnava as pedras. Aurora observava os restos do selo, agora quebrado em quatro partes, espalhado no chão como um espelho que não podia mais ser reparado. Aerin dormia, mas inquieto. Ji-Yun mantinha uma barreira de proteção ao redor do menino, enquanto Jae-Min, de pé, com os braços cruzados, falava ao telefone com a voz grave e fria que ela só ouvia quando o CEO em guerra tomava controle. — Sim. Todas as rotas foram comprometidas — murmurou ele, encarando o horizonte congelado pela janela. — Eles sabiam onde atacar. Sabiam que Aerin estaria aqui. Aurora se aproximou lentamente, puxando o casaco sobre os ombros. — Foi o traidor? Ele assentiu, mas não respondeu de imediato. — E não só isso. A máfia russa se moveu ao mesmo tempo. — Isso é coincidência? — Com eles… nunca. Ji-Yun ergueu os olhos do círculo protetor. — Eles foram pagos. Algu
FRONTEIRA DE SHIKOKU – JAPÃO – 05h19A névoa da manhã era densa, quase sólida. A floresta de cedros ancestrais murmurava palavras esquecidas, e entre elas, uma nova presença se arrastava. Era humano — mas apenas por fora. Suas mãos estavam enfaixadas até os cotovelos, e seus olhos… completamente vazios.Ele andava descalço. O solo queimava sob seus pés, mas ele não sentia dor. Porque não havia mais nada ali.A voz dentro dele sussurrou:— Você não precisa nome. Você é a boca da ruína. Você é o Portador.E o vazio respondeu:— Sim.—🕐 CAVERNA DA ORIGEM – INTERIOR – 06h12Aurora segurava Aerin junto ao peito, ainda ajoelhada diante do altar da Tríade. O colar de selamento agora brilhava com luz dourada, mas o menino estremecia a cada poucos minutos — como se seu corpo estivesse tentando resistir a algo que o chamava de longe.Jae-Min observava em silêncio, mas seus olhos estavam fixos nas paredes. Havia um símbolo novo gravado ali. Um que não existia antes:☿O símbolo do “portador s
🕐 REFÚGIO DE OBSIDIANA – SALA DO SILÊNCIO – 02h14 Aurora despertou sobressaltada. O nome sussurrado na escuridão ecoava ainda em seus ouvidos como um trovão gentil: “Você não lembra… mas nasceu entre fogo e obsidiana.” Sentou-se devagar. O berço ao lado tremia levemente, como se Aerin, mesmo dormindo, tivesse sentido a mesma coisa. Ela passou a mão no cabelo e caminhou até a porta de madeira negra. Quando tocou a maçaneta, esta ficou quente. O símbolo de um olho fechado surgiu ali, como se a madeira respirasse. Ela hesitou. E então abriu. — 🕐 FLASHBACK – LUGAR DESCONHECIDO – DATA INCERTA Ela era pequena. Um quarto sem janelas. Incenso. Vozes em uma língua que não compreendia. Ao seu redor, homens e mulheres vestidos de vermelho recitavam seu nome em coro: — Eilira… Eilira… filha da Tríade… Ela tentava tapar os ouvidos. Tentava fugir. Mas o chão queimava. — 🕐 PRESENTE – REFÚGIO – CORREDORES OCULTOS – 02h22 Aurora desceu os degraus em espiral com
🕐 MONTANHAS DE SADO – JAPÃO RURAL – 04h27A madrugada era espessa e silenciosa quando o carro blindado subiu as estradas estreitas e sinuosas da ilha de Sado, um dos lugares mais isolados do arquipélago japonês. O templo do Cervo Branco havia sido deixado para trás horas antes, e com ele, um rastro de destruição e de sangue não derramado.No banco traseiro, Aurora segurava Aerin junto ao peito. O bebê dormia, envolto em mantos rituais, mas mesmo adormecido irradiava um calor silencioso, uma energia que preenchia o espaço como a batida de um tambor ancestral.Jae-Min, no banco do passageiro, não tirava os olhos da estrada à frente. Seus dedos tamborilavam discretamente o coldre da arma presa à cintura.— Estamos sendo seguidos? — perguntou Aurora, sem levantar a voz.— Ainda não — respondeu ele. — Mas não vamos poder ficar parados por muito tempo.Aurora observou a silhueta do seu companheiro sob a luz da madrugada. O homem que a tinha tomado com fúria e paixão em Seul, o CEO impenetr
Último capítulo