LISBOA – PORTUGAL – 06h03 – MONASTÉRIO DESATIVADO
O convento abandonado há mais de vinte anos cheirava a velas queimadas e terra úmida. O eco dos passos invadia as paredes altas como uma oração distorcida. Mas Elena Callahan não rezava. Nunca mais.
Ela caminhava de vestido preto e luvas de couro, o rosto coberto por véu rendado. Seus olhos — verdes, idênticos aos de Aurora — refletiam dor, poder e algo mais sombrio: ressentimento antigo.
— Ela chamou por mim em público — disse Elena ao homem à sua frente, um enviado dos Duval. — Isso foi corajoso. E estúpido.
— Está pronta para enfrentá-la? — ele perguntou.
— Eu não vim para enfrentá-la. Eu vim para lembrar ao mundo quem sou.
Ela entregou um envelope com uma foto:
Aurora criança, ao lado do pai. Elena ao fundo. Desfocada. Esquecida.
— Vamos começar... pelo coração dela.
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MILÃO – VILLA SECUNDÁRIA – 10h17
Yuri corria pelo jardim com um lenço vermelho amarrado no cabelo, seguida de dois seguranças discretos à distância. Ela