09h23 – REFÚGIO NAS MONTANHAS – QUARTO PRINCIPAL
Aurora encarava o teto de madeira como quem lutava contra um mundo invisível. O rosto suado, a pele fria. As palavras de Zakarov ecoavam em sua mente como um eco sujo.
“Você e eu temos mais em comum do que imagina.”
Ela se levantou, cambaleando, atravessou o quarto escuro até o espelho e arrancou o robe de cetim. Ficou de frente para seu reflexo, nua, exposta. Mas não era o corpo que ela via — era o passado. O porão, o chá envenenado, os olhos suplicantes de Nikolai. E o sangue. Tanto sangue.
Jae-Min apareceu na porta.
— Aurora...
Ela virou-se rápido, o olhar feroz.
— Você disse que me reconstruiria se eu quebrasse.
— E vou.
— Então me encara. Me vê como eu realmente sou.
— Eu estou vendo.
— Não. Você vê o que ama. Eu quero que veja o que matou. O que sangrou. O que nunca mais dormiu em paz.
Ele se aproximou, devagar. Encostou a testa na dela.
— Eu vejo... a mulher que sobreviveu. E agora... é mais perigosa do que qualquer