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CAPÍTULO 3 – INIMIGA A ESPREITA

MANSÃO SEO – SALA DE REUNIÕES PARTICULARES – 15h18

As janelas estavam fechadas, as luzes suaves e a temperatura regulada para conforto absoluto — um disfarce para a reunião mais venenosa do mês.

Skylar estava sentada à frente de um pequeno grupo de acionistas, todos com ligações discretas à facção ocidental do império Seo. Havia champanhe, dossiês e um vídeo no centro da mesa.

Um vídeo de Aurora saindo do prédio em que haviam se encontrado naquela manhã.

— Não é apenas uma mulher impulsiva — disse Skylar, com a voz doce como mel envenenado. — É um risco. Ela está se reunindo com contatos desconhecidos. Fora da agenda. Sem autorização. E sem proteção.

Um dos investidores, um velho sócio da era do pai de Jae-Min, pigarreou.

— Se isso for exposto... o nome Seo será manchado.

— Se isso for exposto — respondeu Skylar —, o nome Callahan será destruído. E o nosso CEO... será libertado.

Ela levantou-se com elegância, puxando o pen drive do dispositivo.

— Só preciso da sua assinatura, senhor Han. Depois disso... cuidarei do resto.

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ALA NORTE – SALA DE LEITURA – 16h02

Aurora estava sentada entre colunas de livros, com um copo de vinho tinto na mão e o rosto sério. Lia um relatório financeiro que não entendia completamente, mas fazia isso por orgulho.

Jae-Min entrou sem aviso.

— Parece confortável.

— Estou tentando me educar — ela respondeu, sem olhar. — Ou isso também é um teste?

Ele se aproximou, os olhos mais suaves desta vez.

— Não vim brigar.

Ela levantou os olhos.

— Ótimo. Porque se vier, vou atirar esse vinho em você. E depois na lareira.

Ele riu. Pela primeira vez em dias.

— Skylar está armando algo — ele disse, ficando sério de novo. — Ela está tentando corromper o conselho. E usou imagens suas saindo do prédio hoje.

Aurora inspirou fundo.

— Ela gravou.

— Usou sistemas antigos. Está se movendo rápido. Quer me separar de você... para ganhar espaço.

— E o que você vai fazer?

— O que você quer que eu faça?

Aurora levantou-se devagar.

— Me dê acesso. Aos sistemas. Aos dados. Aos rostos dos que estão conspirando.

— Vai enfrentá-los?

— Vou brincar de rainha com eles.

Ele sorriu de lado.

— E se eu disser que é perigoso?

— Então finalmente vamos nos divertir.

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NOITE – SALÃO DE CRISTAL – EVENTO DE NEGÓCIOS – 20h47

Era um evento discreto, exclusivo para membros do conselho estratégico. Homens de terno, mulheres de olhos afiados, e champanhe em taças que não escondiam veneno.

Skylar entrou primeiro, confiante, cumprimentando os presentes. Já havia espalhado sutilmente os rumores de que Aurora era uma esposa descontrolada e imprudente, um erro estratégico.

Mas então Aurora apareceu.

Vestido branco colado ao corpo, salto agulha, cabelo preso com precisão. E nos olhos... uma tempestade silenciosa.

Ela cruzou o salão como quem marchava em um campo de batalha. Cada passo era uma provocação, cada gesto uma ameaça.

— Olha só... a esposa dedicada — murmurou Skylar ao se aproximar. — Pronta para fazer uma cena?

— Já fiz. — Aurora entregou discretamente um pen drive ao investidor mais velho da mesa. — É o vídeo completo da conversa no prédio hoje. Inclui a voz de Skylar, ameaçando subverter o conselho.

Skylar empalideceu.

— Você me gravou?

— Eu aprendi com os melhores — respondeu Aurora, sorrindo. — Inclusive com você.

Jae-Min apareceu logo depois, pegando Aurora pela cintura.

— Algum problema?

— Não mais — ela respondeu. — Acho que o império dormirá bem hoje.

Skylar não respondeu. Apenas recuou. Mas seus olhos queimavam com a promessa de um retorno.

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SUÍTE PRINCIPAL – 02h12

Aurora estava tirando os brincos no banheiro quando Jae-Min entrou no quarto com duas taças de vinho.

— Eu achei que você fosse explodir o salão — disse ele, se apoiando no batente.

— Eu estava pronta. Mas decidi usar a cabeça antes da dinamite.

— Você foi brilhante.

Ela o olhou pelo espelho.

— Foi um erro te fazer pensar que eu era apenas uma peça no teu jogo. Agora sou jogadora.

— E eu sou?

— O homem que escolheu o lado certo.

Ele colocou as taças sobre a bancada e se aproximou, envolveu-a pela cintura.

— Quero você comigo, Aurora. De verdade.

— Isso não é o vinho falando?

— É o homem que viu uma mulher incendiar um império... e sair intacta.

Ela se virou.

— Então me prove.

— Como?

Ela sorriu.

— Comece me escutando. E depois... me deseje como se nunca tivesse me tocado antes.

E naquela noite, ele a escutou.

E a desejou como nunca.

Mas no andar de baixo, Skylar observava a mansão pela câmera oculta de seu relógio digital.

E sussurrou:

— Isso ainda está longe do fim.

TRÊS DIAS DEPOIS – EMBAIXADA DOS ESTADOS UNIDOS – 09h03

O escândalo explodiu como uma bomba atômica nas redes políticas de Seul.

Um dossiê foi vazado contendo transações ilegais entre empresas de fachada coreanas e contas americanas ligadas aos Callahan. Documentos, extratos, nomes. E no meio de tudo isso... o nome de Aurora Seo como beneficiária indireta.

O mundo corporativo congelou.

As ações do Grupo SEO caíram 6% nas primeiras horas. Jornais de elite insinuavam que o casamento era uma fachada para lavagem de dinheiro. E o governo dos EUA — pressionado por opositores — convocou a embaixada para pedir esclarecimentos.

Aurora estava sentada em uma sala blindada da mansão, assistindo à reportagem em silêncio, com os punhos cerrados.

— Skylar — ela disse entre dentes. — Ela orquestrou isso. Está tentando me deportar. Separar o império por vias políticas.

Jae-Min caminhava de um lado ao outro, o maxilar travado.

— Estou tentando conter os diretores. Metade está com medo. A outra... pronta para me apunhalar.

Aurora se levantou devagar.

— Me deixe falar.

— Com quem?

— Com os embaixadores. Com a imprensa. Com os sócios. Me deixe defender o que é nosso.

— Você não é uma peça de defesa. É uma arma. Isso pode queimar tudo.

— Então me deixe incendiar com precisão.

Ele hesitou. E então assentiu.

— Se você fizer isso... não há mais volta.

Ela olhou para ele com firmeza.

— Nunca houve.

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CONFERÊNCIA DE IMPRENSA – 17h40

O salão estava lotado. Repórteres, acionistas, representantes do governo e espiões disfarçados — todos reunidos para ouvir o que a “esposa do CEO” tinha a dizer.

Aurora subiu ao púlpito com um tailleur branco impecável, microfone ajustado, olhar firme.

— Há 72 horas, fui envolvida em um escândalo forjado. Me acusaram de financiar um império mafioso com dinheiro sujo dos Estados Unidos. Isso é mentira.

Ela colocou o pen drive sobre a bancada.

— Neste dispositivo, está a origem da forja: vídeos, áudios e transações originadas da conta pessoal de Skylar Seo. Usando meu nome como escudo para mascarar seus próprios desvios.

O salão ficou em silêncio.

— Estou aqui não como esposa. Mas como sócia. Como voz. Como ameaça direta a quem ousar destruir aquilo que estamos construindo.

Ela encarou as câmeras.

— Não nasci para ser submissa. Nem para ser símbolo de reconciliação. Eu sou uma força. E vocês farão muito bem em lembrar disso.

Ela desceu do palco sob um misto de silêncio e aplausos contidos.

Mas Jae-Min a esperava.

— Você acabou de declarar guerra.

— E venci a primeira batalha.

Ele a puxou para um beijo. Ali mesmo. Em público. Em rede nacional.

E ninguém ousou interromper.

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MANSÃO SEO – SALA PRIVATIVA – 01h09

Skylar, pela primeira vez, estava encurralada. As provas a ligavam diretamente ao escândalo. A embaixada estava exigindo explicações. A mídia a tratava como uma ameaça latente. Ela sabia que havia perdido a primeira mão...

Mas não o jogo.

Ela digitou um código em seu celular. Na tela, surgiu a imagem de um rosto masculino — um agente de elite de uma célula russa envolvida com espionagem industrial.

— Plano B? — ele perguntou.

— Ative tudo. Aurora é mais perigosa do que pensávamos. Mas... ela também tem fraquezas.

— E o CEO?

Skylar sorriu.

— Ele ainda ama algo nela. Isso será a chave. Vamos derrubá-la... pelo coração.

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SUÍTE PRINCIPAL – 03h17

Aurora não conseguia dormir. A adrenalina ainda corria sob a pele.

Jae-Min se aproximou da cama e deitou-se ao lado dela, em silêncio. Ficaram assim por minutos. Em silêncio. Conectados.

— Você me salvou — ele disse, por fim.

— E você me desafiou. Foi justo.

— Skylar vai reagir. E dessa vez... com sangue.

— Então vamos deixar ela sangrar primeiro.

Ele tocou o rosto dela.

— Você mudou o jogo.

— Não, Jae-Min. Eu sou o novo jogo.

Ele a beijou, dessa vez sem pressa, sem raiva, sem vingança.

Apenas com necessidade.

E naquela noite, fizeram amor como quem sela uma aliança em silêncio, com o mundo prestes a desabar do lado de fora.

Uma sala escura. Telas iluminadas. Códigos rodando em velocidade absurda.

Skylar observa tudo, de um trono digital improvisado.

Ao seu lado, o agente russo.

— Eles acham que venceram — ela disse.

— Até que ponto pretende ir?

Ela sorriu.

— Até ela desejar... nunca ter nascido Seo.

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