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Devia ter uns vinte minutos que eu estava com a tela do computador aberta, no site dos acompanhantes de luxo.

Vestindo apenas calcinha e camiseta, bebendo vinho branco com o japa que comprei, usando o dinheiro que seria para pagar a fatura do cartão no fim do mês, eu encarava aquela tela desacreditada da ideia de que havia me ocorrido.

Eu estaria sendo patética o suficiente, levando um desconhecido a uma das festas mais importantes da agência que trabalho? Tenho certeza de que Andressa concordaria com isso. Com o fato de eu ser patética e não com a minha vontade de contratar um vibrador humano, para ser meu acompanhante.

— Que se foda. — murmuro, engolindo um último e generoso gole de vinho.

Tinha todo tipo de homem. Era literalmente um cardápio. Estava quase desistindo, pois nenhum dos que tinham aparecido, havia chamado a minha atenção. Até que aparece a foto de Mark.

Mark tinha vinte e cinco anos, natural de Rio de Janeiro com descendência italiana. Fala a língua portuguesa, tão bem quanto a italiana. Era possível contar os gominhos que tinha em sua barriga branca e depilada. O cabelo era liso e preto, combinado com os olhos azuis. Seus olhos eram bastante expressivos. O sorriso branco, bonito e com uma barba bem-feita. 

— Uau... 

Eu conseguia sentir um calor percorrer o meu corpo, passando as fotos daquele homem. 

Não tinha valor. Apenas um número de telefone. Devido a quantidade de álcool que já percorria pela minha corrente sanguínea, meus dedos ágeis discam o número que estava naquela tela. Leva apenas dois toques para que ele atenda.

— Alô?

Em total desespero e sobriedade momentânea, desligo a ligação e jogo o celular na mesa. Quando o telefone toca, salto da mesa e encaro o número que piscava na tela, de longe. 

— Que merda! Que merda! Por que eu fui fazer isso?

Começo a andar de um lado para o outro, pensando no que devia fazer. A ligação para e eu consigo respirar por dois segundos, pois logo o telefone torna a tocar. Decido atender e fingir ter sido engano. Pelo menos ele iria parar de retornar.

— Alô? — sua voz não era grossa, mas tinha um quê de sensualidade nela. — Quem fala?

— O-oi... ér... foi... foi engano.

Houve uma pausa dramática e logo então sua risada. Até aquilo era sexy. 

— Se você desistiu de me contratar, é só falar. Não precisa mentir.

— Não... não é isso... é que...

— Então você quer me contratar? Onde achou meu contato?

— Site.

— Hmmm... então viu meu feedback? — o sotaque carioca e ao mesmo tempo italiano de sua voz, era uma coisa de doido. — Faço o que você quiser. Qualquer tipo de fetiche. Não há uma coisa que eu negue.

Encaro o chão, tentando não imaginar o que ele estava falando. 

— Não. Eu... 

— Não precisa ter vergonha, gata. Só falar.

Respiro fundo e decido arrancar o band-aid de uma vez. Pelo menos eu estava sozinha e ninguém estava me vendo passar aquela vergonha.

— Eu preciso de um acompanhante. 

— Tudo bem... 

Há uma deixa. Obviamente ele aguarda por mais informações.

— Olha, eu sei que vai parecer deprimente e triste, mas eu apenas preciso de companhia para uma festa. 

— Baby, pagando o meu preço, não preciso de informação nenhuma. Sou todo seu, por doze horas.

— E qual o seu preço?

— Quando é o evento? 

— No fim de semana. Domingo à noite.

— Três mil. — diz, sem pestanejar. — Metade no início da noite e metade no final.

— Uau.

Gastar três mil reais, apenas para que o pessoal com quem trabalho pare de zoar com a minha cara, é irreal? É. Irreal e idiota. 

— E então, baby? Chiudiamo?

Meu Deus! Eu não entendi um centímetro daquela palavra que ele havia dito, mas aquele sotaque italiano, foi capaz de fazer os ralos pelos que tenho no braço, se arrepiarem todinhos.

— O que...? Eu não... 

— Vamos fechar?

Dane-se se era idiota ou não. Trabalho muito para não me dar uns luxos as vezes. Mesmo que esse luxo seja esbanjar um homem lindo como se fosse meu.

— Sim. — respondo, depois de respirar bem fundo. — Como isso funciona?

— Envie o endereço e o traje para esse número com o qual falamos. E nos vemos lá.

— Só isso?

— Baby, eu prometo estar lá e ser o melhor acompanhante que você imaginou ter. Algo mais? Tenho um compromisso agora.

— Não... eu...

— Ok, baby. Até domingo.

A ligação finaliza e eu fico olhando para o chão, tentando processar o que tinha acabado de fazer. E se aquilo tudo fosse um golpe? Se ele não fosse o cara da foto?

Volto diante da tela do meu pequeno computador e torno a ler todas as resenhas sobre aquele homem.

“Insano! Essa é a única palavra possível para descrever o que é estar com Mark.”

“Não se enganem com esse sorriso inocente. Esse homem é capaz de acabar com todas as suas estruturas em minutos.”

“Sou casada e precisei experimentar esse italiano perdido no Brasil. E pessoal, che uomo caldo.”

Depois de ler mais algumas avaliações de Mark, tirei uma foto do convite da festa, que havia chegado pelo e-mail e enviei para ele. Não demora para que a resposta venha, com um singelo emoji piscando o olho.

Termino de devorar a comida japonesa que ainda me restava, admirando as fotos daquele cara. Eu iria acabar com as piadinhas sobre minha solteirice e ainda teria um homem divino como acompanhante.

Deixo toda a sujeira para ser arrumada no dia seguinte e vou para a cama. Antes de me afundar no livro que uso para ficar sonolenta, escrevo para Andressa, mesmo sabendo que por aquela hora, ela estaria em algum bar, caçando uma mulher para passar a noite.

Eu: Tenho uma surpresa para calar a boca de todos aqueles desocupados do trabalho. E de quebra, ainda posso ter um orgasmo.

Só de reler a ultima frase que escrevi, decido deixar o livro em cima da mesa de canto e abrir a gaveta que havia na mesma. Retiro dali o meu fiel escudeiro, o vibrador que me faria gozar naquela noite, enquanto penso no carioca italiano, me fazendo gozar de outras formas.

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