Eu abri a boca para responder, mas as palavras não vieram. Ele estava me encurralando, não só fisicamente, mas com aquele tom calmo e calculado que me fazia questionar tudo. Ele era bom nisso, eu tinha que admitir. Bom em manter a pose, em virar o jogo, em me fazer sentir como se eu fosse a vilã.
— Você é um canalha. — As palavras saíram antes que eu pudesse segurá-las. — Como você pode ficar aí, tão tranquilo, sabendo o que fez? Sabendo que mentiu para ela?
Marcos deu de ombros, o sorriso nunca deixando seu rosto. Ele se aproximou mais um passo, tão perto que eu podia sentir o calor do corpo dele e aquele maldito perfume que ainda me fazia lembrar do beco.
— Eu não minto para ela, amore mio. — Ele baixou a voz, quase um sussurro. — Eu escolho o que contar. E você? O que você vai escolher? Porque, se quer meu conselho, às vezes é melhor deixar as coisas como estão. Para todo mundo.
Antes que eu pudesse responder, o som de passos rápidos veio do corredor. Rayane estava voltando.
—