Mark não saia do meu lado um minuto sequer. Quando alguém passava perto de nós, ele pegava na minha mão, tocava meu rosto, falava um pouco mais perto do meu ouvido. Exatamente como seria se aquele cara fosse realmente meu namorado.
Em determinado momento, minhas necessidades fisiológicas se fizeram presentes e eu precisei deixar Mark sozinho na festa. Não que eu tivesse medo de alguém o roubar ou algo do tipo, mas vai que o bonitão falasse mais do que aquela boca carnuda. Eu teria gastado três mil reais para nada e ainda ficaria com a fama pior do que já estava.
— Lindo o homem que veio com você, Let. — reviro os olhos, ao ver Bruna sair da cabine atrás de mim. — Estava escondendo aquele tesouro de nós, amiga?
Let? Amiga? Desde quando tínhamos intimidade para nós tratarmos por apelidos? Bruna me odiava e tentava me ferrar a cada negócio que eu fechava para a empresa.
— Claro. — respondo, a contragosto.
— Estão juntos desde quando?
Por que ela quer tanto saber? Detesto essa forçação de amizade, já que nunca falávamos sequer bom dia uma à outra.
— Faz um tempinho.
— Não deve ser nada sério, não é? — ela pergunta, retocando o batom e me encarando de lado através do espelho. — Aquele homem não tem cara de que se prende a uma mulher só.
Reviro os olhos mais uma vez e sorrio falsamente, da maneira com a qual ela estava acostumada.
— Não sei, Bruna. E me deixa voltar para a festa. Não posso deixar aquele pedaço de homem sozinho por muito tempo.
Não deixo que ela fale mais nada e marcho para fora do banheiro, irritada como nunca. Mesmo com a música alta, eu conseguia escutar o barulho que meu salto causava no chão de madeira.
Olho na direção da mesa de frios, onde Mark deveria estar. Mas não estava.
Ah, legal. Perdi o gostosão.
Giro nos saltos, encarando a festa em trezentos e sessenta graus e o acho.
Ao lado de Serafine. Justamente a pessoa que está me avaliando para ocupar o seu cargo.
— Eu imagino como deve ser difícil esse tipo de trabalho. — ele diz. Me aproximo com cautela e Mark sorri ao me ver, esticando-me a mão de imediato. — Eu sou do ramo da engenharia, então não faço ideia de como as coisas ocorrem.
Olho para ele de lado, tentando imaginá-lo com aqueles capacetes amarelos, enquanto olha uma planta no meio de uma obra.
— É. Nós temos nossos dias mais complicados, não é, Leticia? — concordo com a cabeça. — Ela é uma de nossas melhores funcionárias. Aliás, quero saber das suas ideias para melhorar nosso recrutamento.
Olho empolgada para Mark, que sorri e murmura um vai fundo.
[...]
— Ela ficou bastante impressionada, não foi? — pergunto a Mark, quando Serafine se afasta. — Acha que posso conquistar o cargo?
— Tenho certeza de que essa gerência já é sua. Se importa? — questiona erguendo um cigarro. — Eu não demoro.
Andressa não estava por perto e Bruna não parava de encarar Mark desde que nos vira conversando com Serafine. Eu não sabia se ela estava de olho no homem ao meu lado ou desconfiada do assunto que estávamos tratando.
— Posso ir com você?
Sem responder, Mark estica o braço para que eu o envolva no meu. Ele nos direciona para um corredor e em seguida abre uma porta, que nos leva a um beco ao lado do salão. A única coisa que havia ali, além do imenso latão de lixo, era o frio.
Mark se afasta um pouco e acende um cigarro, enquanto eu me abraço tentando camuflar o frio que corria em todo meu corpo. Meu vestido era decotado e com uma imensa fenda na perna. Eu devia ter coberto o corpo um pouco mais.
Percebo que quando o telefone dele toca. Mark fala baixo, mas eu consigo ouvir a palavra trabalho e depois um a caminho. Disfarço para que ele não perceba que eu estava bisbilhotando.
— Linda, ocorreu um problema na minha família. Vou precisar ir.
— Ah... que pena. — ele não parecia disposto a falar qual problema era e eu não iria perguntar. — Vou transferir o restante do dinheiro então.
— Não, não precisa. — Mark toca minha mão, quando tiro o celular da bolsa. — A festa não está perto do fim e eu estou indo. Não tem motivo para pagar total.
— Mas eu vou! Não gosto de nada pela metade na minha vida.
Enquanto Mark tenta argumentar algo que me faça desistir, o celular dele apita, provavelmente informando que recebeu uma transferência. Ele balança a cabeça e sorri, jogando uma última fumaça no ar.
— Você é mais intrigante do que pensei.
Eu não respondo. Mark fica me encarando por alguns segundos e se aproxima de mim.
— O que está fazendo?
— Você pagou pelo pacote completo, linda. — ando para trás até sentir a porta pela qual saímos atrás de mim. — E eu não posso deixar minha avaliação diminuir.
Antes que eu pudesse questionar qualquer coisa, Mark ajoelhou diante de mim e tocou minha fina calcinha.
Podia ter dito não? Podia. Mas eu tinha gastado três mil reais e não transava há meses. O toque daquele homem em minha pele seminua, causou um arrepio maravilhoso de se sentir.
Não me atrevo a olhá-lo, por receio de desistir daquela loucura que é receber um oral no meio de um beco escuro e frio. Meu receio passou no instante em que senti sua língua em minha vagina. Um gemido escapou da minha garganta e minha mão foi diretamente ao cabelo dele.
Mark era bonito, elegante, educado e tinha uma habilidade monstruosa com aquela língua dele. Me senti um adolescente com ejaculação precoce, por não ter aguentado mais de cinco minutos com os movimentos que ele estava fazendo.
— Deliciosa. — murmura, lambendo os lábios. — Bem, agora eu realmente preciso ir. Nos vemos por aí, linda.
Mark vai embora, me deixando ali naquele beco com as pernas tremulas e sem calcinha, tentando me recuperar da emoção que foi estar com ele.