O Médico da Minha Vida é uma história intensa e inspiradora sobre coragem, amor e sacrifício. Amanda é uma cardiologista brilhante, prestes a viver o sonho de qualquer mulher: casar-se com Julian, o homem que ama. Mas tudo muda quando seu irmão gêmeo, Felipe, recebe um diagnóstico devastador — leucemia. Diante da fragilidade da vida e do desejo de Felipe de ser pai, Amanda toma uma decisão que vira seu mundo de cabeça para baixo: tornar-se barriga solidária do filho do irmão. Sua escolha altruísta cobra um preço alto. O relacionamento com Julian chega ao fim, e Amanda se vê sozinha diante de uma jornada repleta de julgamentos, dilemas éticos e emocionais. Enquanto enfrenta as dores da separação, os desafios da medicina e os olhares críticos da sociedade, ela encontra apoio no sensível e dedicado pediatra Théo, que se torna seu porto seguro em meio ao caos. O Médico da Minha Vida é um romance emocionante sobre renúncia, superação e a força de uma mulher que escolheu amar de todas as formas — mesmo quando isso significa abrir mão de si mesma. Uma leitura que toca o coração, desafia estereótipos e mostra que, mesmo quando tudo parece perdido, o amor e a esperança podem renascer.
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Havia acabado de sair de um plantão extremamente difícil. Realizamos duas cirurgias valvares, três revascularizações do miocárdio e uma toracotomia exploradora, sendo esta última a mais desafiadora de todas.
Infelizmente, não conseguimos um diagnóstico preciso antes que o coração do paciente parasse definitivamente. Perdi a batalha pela vida. Estava exausta, frustrada e com o peso de ter que comunicar a família sobre a perda. Sabia que, ao lidar com vidas, precisava estar preparada para tudo — para a cura e para a perda. Ambas tinham o mesmo peso.
O que às vezes parecia simples, de repente se transformava em algo tão complexo que acabávamos perdendo a batalha.
Não era a primeira vez que enfrentava uma perda, mas cada uma delas era uma experiência profundamente triste para mim. Sabia que era essencial compreender que a medicina não é uma ciência exata e que nem todos os desfechos estão sob o nosso controle.
Existem muitas variáveis que podem influenciar o curso de uma doença ou condição, e nem sempre é possível evitar desfechos trágicos. Ainda assim, a perda sempre deixava um gosto amargo na boca e uma sensação incômoda de que eu não tinha sido boa o suficiente.
Foi então que me lembrei de que, exatamente uma hora antes, a enfermeira havia me avisado que minha mãe estava ligando. No entanto, por causa da cirurgia complicada, só naquele momento consegui respirar fundo e pegar o celular para retornar à ligação.
— Filha, você ainda está no hospital? — perguntou minha mãe. Aquilo foi como uma injeção de adrenalina no meu sistema.
— O que aconteceu, mamãe? — perguntei, atenta ao que ela iria dizer.
— Felipe passou mal, Amanda. A Lara chamou uma ambulância e pediu para que ele fosse transferido para o hospital onde você trabalha.
Naquele momento, a raiva pela perda foi substituída pelo medo.
— Vou verificar isso agora, mamãe! — Notei que também havia uma mensagem da Lara.
(Lara): Felipe passou mal e desmaiou no banheiro de casa! Ainda não sei o que aconteceu, porque, quando a ambulância chegou, os médicos não puderam dar muitas informações — ele ainda estava inconsciente. Estão o levando para o Hospital Mount Sinai. Estou desesperada.
Caminhei apressadamente assim que as portas do elevador se abriram, no térreo, agarrada ao pensamento de que nada grave havia, de fato, acontecido. Estava alheia às pessoas que me acompanhavam no corredor, conversando umas com as outras.
Minha postura não deixava espaço para que alguém se aproximasse — mesmo que fosse apenas para cumprimentar.
Se alguém me perguntasse qual era o meu maior ponto fraco, eu responderia, sem a menor dúvida: Felipe. Meu irmão era tudo para mim, e saber que ele não estava bem era como arrancarem meu coração do peito. Compartilhávamos todos os momentos desde a barriga da nossa mãe — afinal, éramos gêmeos.
Felipe era aquele a quem eu amava profunda e incondicionalmente. Foi meu primeiro amigo, com quem dividi todas as brincadeiras e aventuras, mas também minhas primeiras brigas e discussões.
Sempre foi ele quem tomava minhas dores, me defendia e era meu maior apoiador. Foi com o incentivo dele que me tornei cardiologista. No entanto, antes de chegar à enfermaria da emergência, fui abordada por Julian.
— Calma, Amanda, onde foi o incêndio? — perguntou ele, em tom de brincadeira, segurando-me pelos braços para evitar que eu me desequilibrasse.
— Julian, meu irmão precisou de socorro e descobri que ele foi trazido para cá.
Na mesma hora, o olhar dele ficou alerta. Ele sabia o quanto meu irmão era importante para mim.
— Eu te acompanho até lá. Tenha calma, pode não ter sido nada grave — disse ele, tentando me tranquilizar.
Assim que chegamos à emergência, fomos diretamente até a bancada de enfermagem para verificar as informações com a enfermeira-chefe. O fato de sermos médicos nos concedia algumas vantagens dentro do hospital — especialmente naquele, onde todos já sabiam quem éramos.
Fui informada de que meu irmão deu entrada ainda inconsciente, com temperatura altíssima, inchaço nos gânglios linfáticos e sangramento nasal. Como médica, eu sabia que aquele quadro não era nada bom. Febre acompanhada de sangramento nunca é um bom sinal.
Ela me informou que o médico de plantão era o Dr. Samuel. Pelo que ouvi falar, ele era um profissional com muitos anos de experiência em sua área, que frequentemente trocava o consultório pela adrenalina das emergências. Então, fui em busca dele.
— Perdão, Dr. Samuel, sou a Dra. Amanda Bernardes. Meu irmão deu entrada na emergência e o senhor o atendeu... — disse.
Ele me olhou com uma expressão questionadora, mas, devido ao meu nervosismo, não entendi.
— Desculpe, doutor, o paciente é o Felipe Bernardes — informou Julian.
— Bem, Dra. Amanda, a situação do seu irmão é um pouco crítica. A febre continua muito alta. Solicitei alguns exames, mas não consegui dar um diagnóstico exato porque ele ainda está inconsciente. Agora, tudo depende dos resultados. Deixe-me verificar se já chegaram.
Ele se dirigiu até a bancada de enfermagem, onde estavam os exames. Após analisá-los, olhou para mim com um olhar grave.
— Doutora, o caso do seu irmão é muito mais sério do que eu poderia imaginar.
Tudo parecia um pesadelo, e eu não sabia como lidar com aquilo naquele momento. De repente, comecei a sentir meu coração disparar, uma sensação de sufocamento, calafrios e náuseas.
Naquele momento, eu estava tendo uma crise de ansiedade. Percebendo meu estado, Julian me conduziu rapidamente a uma sala, fez-me sentar, orientou-me sobre o que fazer e pediu que eu tentasse relaxar.
Eu sabia que precisava agir e retomar o controle de mim mesma naquele momento. Meu irmão precisava de mim. Então, aos poucos, comecei a me recuperar, e os sintomas começaram a diminuir.
Um mês havia se passado desde a data do evento beneficente. Conseguimos finalmente equilibrar nossas agendas e aproveitar uma semana de férias que Théo transformou em nossa lua de mel.Ele me levou ao Marulhos Resort, em Pernambuco, Brasil, onde possuía um flat.O lugar era simplesmente incrível, a poucos minutos da famosa Praia de Muro Alto, com suas águas calmas que, na maré baixa, formavam piscinas naturais.As piscinas do hotel eram maravilhosas, com serviço de bar molhado, enquanto as acomodações cinco estrelas e a gastronomia de dar água na boca deixavam a experiência ainda mais especial — principalmente para mim, grávida e ávida por sabores.No entanto, preciso confessar — o local que mais aproveitamos durante toda a estadia foi, sem dúvidas, o quarto.Sei que algumas pessoas podem me criticar por isso, mas estar com um homem como Théo e não aproveitar cada instante ao lado dele seria um desperdício.Claro que aproveitamos um pouco de tudo durante a viagem, e nosso último dia f
Estava nervosa e com medo de falar em público para tantas pessoas, especialmente em um momento tão especial como aquele, e ainda mais assumindo o papel importante de esposa do diretor do Hospital Northbrook.No entanto, nunca me acovardei diante de nada na vida — e não seria agora que isso aconteceria.— Boa noite, pessoal! Tenho uma pequena noção do que essas famílias enfrentam todos os dias. Há dois anos, perdi meu irmão para essa doença. Não é fácil, muito pelo contrário: ela é devastadora. E não atinge apenas o paciente — destrói também todos que estão ao seu redor.Naquele momento, lembrei do Felipe, de sua luta, da nossa batalha juntos e de todos os momentos que compartilhamos.— Diante disso, posso afirmar que a noite de hoje é uma verdadeira celebração de esperança para essas crianças. Não poderia deixar de agradecer a confiança que depositaram em nós e a grandiosidade dos gestos anônimos, feitos sem alarde, sem esperar nada em troca…Cada gesto, por menor que pareça, tem o po
Nesse momento, ela retribuía o beijo dele, e eu me peguei emocionada com a cena. Menos de um minuto atrás estava sorrindo, e agora as lágrimas já rolavam pelo meu rosto.Só podiam ser os hormônios. Saí do quarto, deixando os dois se entenderem. Assim que cheguei à sala, Olívia me olhou com atenção.— Você também tá dodói, mamãe? Não chola, eu cuido de você! — disse, antes de me envolver em um abraço apertado. Eu correspondi, sorrindo diante de tanto carinho.Depois de quase uma hora, meus amigos finalmente saíram do quarto.Eu estava na sala, distraída no celular, quando Manu se jogou no outro sofá, os olhos visivelmente inchados. Logo em seguida, Lucas sentou-se ao lado dela com um sorriso enorme no rosto.— Você está péssima, amiga! — falei, rindo da situação.— Tenho certeza de que vou precisar de uma máscara de pepino mais tarde. Não posso aparecer no evento amanhã com os olhos assim — respondeu, e eu apenas assenti em concordância.— Já decidiram o que vão fazer? — perguntei. Ela
Após me examinar novamente e confirmar que eu estava bem, a médica me deu alta. Julian, ao meu lado, permanecia em silêncio, enquanto eu ainda estava em choque. Quando chegamos à recepção do hospital, ele me fitou.— Quer que eu chame o Dr. Almeida? — perguntou Julian, sem saber exatamente o que fazer.— Não, Julian, não precisa — respondi. — Estou bem, apenas um pouco em choque, mas vai passar. Vou até o consultório da Dra. Ella, preciso falar com ela.— Então vou te acompanhar — insistiu. — Você ainda não parece bem. Tem certeza de que não quer que eu chame o Dr. Almeida?— Não precisa, Julian — afirmei, mais uma vez.— Pelo que parece, essa gravidez não foi planejada, mas tenho certeza de que ele ficará feliz com isso. Eu, pelo menos, ficaria — disse, enquanto percebia o olhar dele fixo em mim.— Realmente não foi, mas não tenho dúvidas de que o Théo ficará feliz com a notícia. Minha vida andou muito agitada nos últimos meses… eu só preciso de um tempo para processar tudo isso — ex
Na verdade, era um vestido de noiva, completamente branco. Nada de volumoso ou cheio de camadas como os vestidos tradicionais de capa de resvista.O vestido era elegante e exuberante, embora claramente de noiva. O busto era todo em renda sofisticada, enquanto a saia caía solta e fluida, com um caimento perfeito. Precisei admitir — era realmente lindo.— Filha, esse vestido é para quem vai se casar. Mamãe vai apenas a uma festa, então não pode ser esse.— Opa, opa, opa. Nada disso, Amanda Bernardes. Você não vai apenas a uma festa — disse Manu, balançando a cabeça enquanto notava a troca de olhares entre minha mãe e a tia Samara. — Você está indo para A festa. E tenho que confessar: minha afilhada tem muito bom gosto. Você vai provar esse vestido, ponto final.— Manu, não inventa — protestei. — Esse é um vestido de noiva. Não faz sentido eu prová-lo.— E se este for o vestido que ficará perfeito em você? — Manu perguntou, insistindo. — Você não paga nada para experimentá-lo, e tenho ce
Com Manu já melhor, voltamos para a sala e retomamos nossa noite em família, entre risadas e conversas animadas. A atmosfera estava leve e acolhedora, e por um momento pude simplesmente aproveitar aquela sensação de pertencimento.Em dado momento, minha mãe se aproximou de mim, com um sorriso suave, mas seus olhos estavam um pouco apreensivos, como se quisesse compartilhar algo importante naquele instante.— Filha, preciso lhe contar uma coisa, mas não quero que se chateie com a notícia — disse minha mãe, e todos nós nos voltamos para ela, atentos e curiosos.— O que aconteceu, mamãe? — perguntei, preocupada e curiosa ao mesmo tempo.— É sobre a Lara — ela começou, hesitante. — Encontrei-a no mercado. Para minha surpresa, estava casada e grávida. Sua barriga bastante saliente.— A notícia não me pegou de surpresa, mamãe, afinal, sempre desconfiei que o problema entre a Lara e o Felipe, na época, estava justamente no fato de ela não querer engravidar.— Mas me diga, filha, por que deci
Último capítulo