“Diga que me odeia, Lúcia. Mas faça isso sem fôlego, nua na minha cama, implorando por mais.” Lúcia Mendes era vice-diretora de Relações Públicas, com o futuro nas mãos até ser traída por quem mais confiava, humilhada publicamente na frente de todos e chutada da empresa que ajudou a construir. Para não ser destruída de vez por Eduardo e Célia, seu ex e a amante, ela faz o impensável: contrata, na hora da raiva, o acompanhante mais caro da cidade para calar as fofocas na festa que decidirá seu destino. Ela só não imaginava quem ele realmente era. Nate não é apenas um acompanhante impecável. Ele é o investidor misterioso prestes a comprar a DRTech. O homem que sorri enquanto expõe mentiras. E o pior? Ele diz que precisa dela ao lado dele. Que ela é essencial para seu plano mais perigoso. Agora, ela terá que decidir se vende sua alma para manter o tratamento caro da mãe e a hipoteca da casa ou se enfrenta o homem que quer quebrar todas as suas barreiras... até que ela implore por mais.
Leer másLúcia Mendes
As portas do elevador se abriram com um tinido agudo, me arrancando um suspiro nervoso. Apertei as pastas contra o peito com um braço enquanto equilibrava dois cafés na outra mão.
Merda, eu estava atrasada. Eduardo ficaria furioso.
Saí apressada, desviando por pouco de um estagiário que quase me derrubou.
"Cuidado, senhorita Mendes!"
"Desculpa, Ben!" falei de volta, sem nem olhar pra trás.
Um dos analistas tentou me interceptar, sorrindo meio sem graça. "Lúcia, posso falar rapidinho sobre..."
"Depois! Estou atrasada!" cortei com um sorriso tenso e balancei a pasta, sinalizando que não tinha nem uma mão livre pra discutir qualquer coisa.
Fui em direção ao corredor executivo sem parar para respirar. Meu coração martelava, o suor começava a se acumular na base do pescoço. As reuniões estavam para começar e eu precisava da assinatura dele agora.
Três mensagens não lidas. Duas ligações ignoradas.
Mordi o lábio. O celular vibrou no bolso, mas não tive coragem de olhar.
"Merda, Eduardo," murmurei, quase num grunhido, empurrando a porta dupla que dava para o hall das salas de diretoria.
Vi o nome dele reluzindo em placa metálica.
Respirei fundo. Equilibrei melhor as pastas e os cafés. Tinha que ser rápida. Tinha que manter a compostura.
Empurrei a porta sem bater, já me preparando pra sua reclamação sobre o atraso.
"Eduardo, eu PRECISO que você assine esses relat..."
Minha voz morreu na garganta.
O mundo parou.
Célia, sua assistente, estava sentada na beira da mesa dele, as pernas cruzadas de forma obscena. O vestido subindo perigosamente, o sorriso pintado de veneno.
Eduardo... meu Eduardo, inclinando-se sobre ela. Os dedos passeando pela cintura dela como se fosse a coisa mais natural do mundo. Ele riu baixo, íntimo, os lábios encostando no pescoço dela, deixando um beijo leve, demorado.
O som me atingiu como uma facada.
Os copos de café tremeram na minha mão antes de escorregar, tombando no chão com um estrondo surdo. O líquido se espalhou entre as pastas que se abriram como um leque, papéis se arrastando no piso.
Eduardo se afastou dela sem pressa, como se tivesse sido apenas levemente incomodado. Seus olhos encontraram os meus.
Célia ajeitou o vestido, o sorriso venenoso brilhando nos lábios vermelhos.
"Lúcia?" Eduardo arqueou uma sobrancelha. "Não é o que você está pensando..."
As palavras me atingiram como um soco. Minha garganta fechou. O gosto amargo subiu pela boca. As mãos tremiam.
Meus joelhos quase cederam, mas consegui dar um passo à frente."O que... o que você está fazendo com ela, Eduardo? Como não é o que eu estou pensando?"
Célia riu. Um som afiado, que ecoou na sala.
"Nossa, Lúcia, que cena ridícula." Ela desceu da mesa, os saltos clicando com precisão, e parou a poucos centímetros de mim.
"Entrando assim na sala de um diretor, com essa voz esganiçada... Precisa ter mais modos...""Ele é meu namorado! Tenho todo o direito de..."
Mas não consegui terminar. A risada dela soou alta, escandalosa.
"Namorado? Ah, querida, que ilusão. Você realmente acreditou nisso?
Eduardo e eu... bem... faz mais de um ano que estamos juntos. Nunca percebeu? Ele te usou como isca pra acalmar os diretores, só isso. Nunca foi você."Seus olhos brilhavam de puro veneno. O mesmo que sempre vi nos anos em que cursamos faculdade juntas. Ela sempre tentou me diminuir, sempre tentou conquistar o que era meu, mas ali... ali eu tinha triunfado como vice-diretora de Relações Públicas. Então ela me deu um bote diferente.
"Você achou mesmo que ele te queria?"
Eu me virei para Eduardo, o peito arfando.
"Isso é verdade, Eduardo...?" eu disse, a voz rasgando. "Você disse que me amava. Que queria uma família. Você me chamou para morar com você, seu cretino!"
Ele soltou um suspiro, desistindo do papel de namorado arrependido. Como se eu fosse uma criança fazendo birra.
"Lúcia, por favor. Não aumente ainda mais esse show.
Fui... gentil com você. Fiz o que pude, mas já estava cansado de me enganar." Um sorriso torceu seus lábios. "Você não é de se jogar fora, mas não é pra mim. Célia tem razão, só te usei para acalmar a Diretoria. Seu trabalho sempre foi bem feito. E eu sempre quero ter o melhor para mim.""Seu maldito, filho da puta."
"Não seja cínica, sei que também me usou. Quer o cargo de diretora de Relações Públicas. Eu poderia até ter te indicado, mas com esse show que você provocou, a única coisa que posso fazer é tentar que você não seja demitida."
A sala girou. Minha visão embaçou com lágrimas que eu me recusava a deixar cair.
"Você é um monstro," sussurrei, o peito queimando.
Dei um passo à frente, os punhos cerrados, o ódio me cegando.
Célia estava ali, sorrindo. O rosto perfeito implorando por um tapa.Avancei contra ela, o braço erguido, mas Eduardo foi mais rápido. Agarrou meu pulso e me empurrou com força contra a parede.
"Chega, Lúcia," ele rosnou, o olhar duro. "Você está se humilhando."
O impacto tirou o ar dos meus pulmões. Pontos pretos dançaram na minha visão.
Mas eu não ia deixar assim.
"Solta. A porra. Do meu braço!" rosnei, me debatendo, o corpo inteiro em tensão.
Ele me largou de súbito, como se eu fosse algo sujo.
Cambaleei, mas me mantive de pé.
O peito arfando. As lágrimas ardendo.Célia riu, agora mais alto, chamando a atenção do corredor.
Colegas se aglomeraram na porta. Sussurros. Risos abafados. Celulares prontos para registrar minha humilhação.
"Ela surtou," ouvi alguém dizer.
"Só ela não sabia do caso dos dois?"Célia se aproximou, o salto agulha roçando meu pé, como uma ameaça.
"Você nunca esteve no jogo, querida," sussurrou, o veneno pingando.
"Agora? Todo mundo sabe. Você é uma piada. Uma vadia amante de algo que sempre foi meu."Minhas pernas tremiam. Mas o queixo estava erguido. Os olhos cravados nos dela.
"Você vai se arrepender disso," murmurei, a voz rouca.
Ela riu e saiu com Eduardo, os braços entrelaçados, como se fossem donos do mundo.
"Vamos para nossa reunião, querido. Depois lidamos com essa... oportunista."
O corredor se esvaziou, mas os ecos das risadas ficaram.
Voltei para minha sala. Cada passo, um esforço para não desabar.
Tranquei a porta e me soltei na cadeira, o rosto encharcado de lágrimas.
Pensei em pedir demissão. Sumir. Mas não.A vaga de diretora de RP... estava tão perto. Anos de esforço. Não ia entregar de bandeja.
O computador piscou, tirando-me do torpor.
Um anúncio surgiu zombando do meu estado:"Acompanhantes de luxo. Discrição. Profissionalismo. Eventos sociais e festas corporativas."
Meus olhos grudaram nas palavras.
A festa anual para investidores seria em três semanas.
O ninho de cobras onde Célia reinava.
Onde eu seria massacrada... se aparecesse sozinha.Não.
Não dessa vez.Peguei o celular, as mãos ainda trêmulas.
Disquei. A linha chamou uma, duas vezes.
Quando atenderam, minha voz saiu firme, cortante como lâmina:
"Quero um acompanhante."
Respirei fundo
"Não um qualquer. Quero um homem que entre comigo e faça todos se calarem. O mais bonito. O mais elegante. O mais caro que você tiver. Para uma festa de gala.”
Enzo KendrikCasamento. Nunca pensei que ia ver o Nathaniel Donovan sorrindo assim em público. Ainda mais de mãos dadas, dançando lento e com aquela cara de homem ferrado de amores. Se alguém me dissesse isso há seis meses, eu teria dado risada e apostado a minha Ferrari de que era impossível.Não depois de tudo que ele passou com a Yolanda. Do que ainda passa, na verdade.Mas lá estava ele. O CEO durão, que não deixava ninguém chegar perto, que vivia cercado de números, contratos e ameaças veladas… agora girava a mulher no meio da pista com a leveza de um garoto.Balancei a taça de whisky na mão, tentando não rir
Lúcia Mendes“Eba! Agora eu tenho uma família completa com mamãe e vovó!”A vozinha da Eliza ecoou pelo salão logo após o beijo. O riso doce e espontâneo dela se misturou com aplausos, assobios e palmas emocionadas. Eu senti as pernas tremerem, mas não de nervos, de pura emoção.Meu olhar percorreu os rostos. Minha mãe chorava abraçada em Olivia. Jones batia palmas com força, e até Enzo, que raramente sorria, deixou escapar um quase imperceptível. Cada olhar que eu recebia parecia dizerfinalmente. Mas dentro de mim, uma pergunta martelava: como eu tinha chegado até aqui? Eu, a mulher que não acredita
Nathaniel DonovanO salão estava em silêncio, mas o silêncio que pesava nos ombros. Cada olhar se virava para a porta de entrada, cada respiração parecia presa junto à minha.O coração já batia errado quando ouvi o burburinho suave e, de repente, um som leve de passinhos pelo corredor. A música começou, e a primeira a atravessar a porta foi minha filha.Eliza.Daminha de honra, com um vestidinho branco rodado que Moira certamente ajudou a escolher, e as tranças tortas que eu reconheceria em qualquer lugar. Carregava um pequeno buquê de flores brancas como se fosse uma coroa real.“Papai!” ela cochichou quando passou por mim no corredor, a
Lúcia MendesO quarto reservado para a noiva tinha cheiro de flores frescas e perfume leve. Uma mesa de espelhos refletia a bagunça: batons abertos, pincéis, grampos de cabelo e rendas soltas. Eu estava sentada diante da penteadeira, minha mãe atrás de mim ajeitando o pequeno véu com mãos ainda trêmulas, enquanto Olivia segurava o corretivo como se fosse uma arma.“Não se mexe, Lúcia, ou o hematoma vai aparecer na foto.” Ela falou baixinho, inclinando-se para tampar o roxo que insistia em despontar na lateral da minha testa.Revirei os olhos. “Você sabe que não precisa esconder tanto, né? Todo mundo já deve ter ouvido falar do… acontecimento.”
Lúcia MendesA sirene não estava ligada, mas o mundo fazia barulho dentro da minha cabeça. Entrei na ambulância carregada por Nate. Mas minha mente ainda estava presa em tudo que tinha acontecido até agora.“Eu tô aqui,” ele repetia, o polegar desenhando círculos no dorso da minha mão. “Eu tô aqui, Lúcia. Fica comigo.”O paramédico ajustou o oxímetro no meu dedo, conferiu minha pupila com a lanterninha, prendeu mais firme o cinto da maca. O cheiro de antisséptico, metal e borracha tomou tudo. Nate nunca soltou.“Pressão 100 por 60, saturando bem,” disse o paramédico. “Teve perda de consciência?”
Nathaniel DonovanO caminho até a casa do Enzo passou em blocos borrados de cidade. Eu não via luz, prédio, faixa. Só ouvia o próprio sangue nos ouvidos e a mesma frase batendo no crânio: Eduardo me capturou. Ache minha mãe. Apertei o volante até os nós ficarem brancos. Se eu deixasse o pânico me tomar, eu paralisava. E Lúcia não podia se dar ao luxo de um noivo inútil.Quando estacionei, a fachada discreta parecia outra coisa: QG de guerra. Portão já aberto, dois carros descaracterizados, uma viatura sem sirene, gente entrando e saindo com rádio no ombro. Entrei direto. A sala estava tomada por notebooks, mapas, cabos. O celular do Enzo, em viva-voz, descansava numa bandeja de prata como peça central. O som que vinha dele era baixo, irregular: motor no fundo, vento, às vezes um tilintar de metal. A respiração dela. E, de vez em quando, a voz do desgraçado.“Onde ela está?” minha voz saiu áspera.David nem olhou. Estava em pé diante de um quadro branco com riscos de rota. “Não sabemos
Último capítulo