Mundo ficciónIniciar sesión"Eu não tenho um namorado... Porque eu tenho um marido." Para Isabella, essa deveria ser a frase que encerraria qualquer investida. Mas para Oscar, um empresário charmoso com um olhar que promete o mundo, foi apenas o começo do desafio. Presa em um casamento em ruínas com Pedro, um homem que se tornou um estranho frio e distante, Isabella está prestes a desistir do amor. No entanto, um encontro inesperado a coloca na mira de Oscar, que não aceita um "não" como resposta e está determinado a provar que ela merece mais. Enquanto Pedro se afunda em seus próprios erros, Oscar lança uma ofensiva de sedução, prometendo não apenas um novo romance, mas um novo começo. Poderá Isabella resistir a um homem que a deseja a ponto de roubá-la de sua antiga vida? E o que acontece quando o marido que a dispensou decide que não está pronto para abrir mão do que era seu?
Leer másO som da chamada ecoava em seu ouvido, um toque monótono e vazio que parecia zombar de sua crescente ansiedade. Pela décima vez, a ligação de Isabella para o celular de Pedro caiu na caixa postal.
Ela desligou com um suspiro frustrado, o polegar pairando sobre o botão de rediscar, quando o motorista chegou à porta. — Senhora, as malas já estão no carro, e Benjamin também. Precisamos ir agora para não correr risco de nos atrasarmos. Ela olhou para o relógio no pulso, já eram 12h42. O voo sairia às 14h00. Pela distância, deveriam sair em no máximo trinta minutos para chegar a tempo. — Aguarde só mais uns minutos. Vou ligar para a secretária dele. — Sim, senhora. O motorista saiu pela porta e foi para o carro. Assim que Isabella discou o número da secretária Diana, a ligação foi atendida rapidamente — Boa tarde, senhora Campos! Como posso ajudar? — Boa tarde, Diana. Pedro está com você? — Não, o presidente Pedro viajou hoje pela manhã para o país L. Depois de ouvir essa frase, Isabella não conseguiu escutar mais nada. Sentiu que o chão se abria diante dela. Mais uma vez, Pedro não iria acompanhá-la em uma visita à casa dos seus pais. Com um movimento seco, encerrou a chamada, a tela escura refletindo seu rosto pálido e tenso. Cada passo em direção ao carro era pesado, como se caminhasse contra uma correnteza invisível. "Podemos ir", disse ela ao motorista, a voz baixa e controlada, uma frágil barreira contra o caos interno. Ao deslizar para o banco de trás do carro, Isabella se desligou do mundo exterior. Seus olhos ardiam, mas ela se recusou a chorar. Seu olhar encontrou Benjamin, seu filho pequeno e franzino, de cabelos ruivos idênticos aos dela, completamente imerso em seu tablet. A visão serena do menino foi como uma âncora em meio à sua tormenta interior. A raiva por Pedro perdeu a força, dando lugar a um amor protetor que acalmou seu coração. Por ele, ela encontraria a força para seguir. No aeroporto, enquanto o motorista descarregava as bagagens, Isabella o instruiu com uma voz firme: — Não precisa tirar essa mala preta do carro. Pode levar de volta. A mala continha as coisas de Pedro. Se ele não estava com eles, seus pertences também não precisavam estar. Assim ela pensava. O voo foi tranquilo, um contraste com sua agitação interna. Ao pousar no país Y, um alívio imediato a percorreu; o ar tinha o cheiro de casa. No saguão, após pegar as malas, seu olhar varreu a multidão e encontrou duas figuras que seu coração reconheceu imediatamente. Lá estava Sebastian, seu irmão. Alto, de ombros largos, seus cabelos castanho-claros, quase loiros, e os olhos de um verde intenso eram uma herança inconfundível da família. Ao seu lado, Ayla, sua cunhada, irradiava uma beleza serena com seus longos cabelos castanhos e olhos amendoados. Benjamin, ao vê-los, soltou a mão da mãe e correu na direção do tio. Sebastian o ergueu no ar em um abraço giratório que arrancou uma gargalhada do menino. — Isabella! — disse ele, a voz afetuosa, com o sobrinho no colo. — Mas o que você anda dando para este rapaz comer? Ele está enorme! Pela primeira vez em horas, Isabella sorriu genuinamente. — Nada demais, apenas muito amor e um pouco de teimosia. — Ela abraçou o irmão e depois a cunhada. — Oi, Ayla, como você está? — Estou ótima, querida — respondeu Ayla, em um abraço caloroso. — Estávamos morrendo de saudades. Cercada por eles, Isabella sentiu que podia finalmente baixar a guarda. A conversa fluía agradavelmente até Sebastian notar a ausência de Pedro. Sua expressão se fechou. — Isabella, cadê o Pedro? O brilho no rosto dela desapareceu. Ela sabia que a pergunta viria, mas não estava preparada para a antipatia evidente de Sebastian por seu marido. Respirando fundo, ela mentiu. — Pedro teve um compromisso de trabalho muito importante e não pôde vir. — Hum... Sei... Pedro é realmente muito ocupado, né? — A voz dele era puro sarcasmo. — Não pôde te acompanhar no nascimento do seu filho, nem no funeral do nosso avô, nem no aniversário de casamento dos nossos pais... As palavras cruéis a atingiram em cheio, deixando-a envergonhada e sem resposta, lutando para conter as lágrimas. O silêncio pesado foi quebrado por Ayla. — Querido, esse não é o momento. — Você tem razão... Desculpa. Eles caminharam em silêncio até o carro, apenas o pequeno Benjamin falava. Já dentro do veículo, Isabella recebeu uma mensagem breve de Pedro: “Precisei viajar para o país L e não poderei visitar seus pais. Desculpa.” Normalmente, ela responderia o mais rápido possível, mas olhando para aquela mensagem agora, depois de tudo que tinha acontecido, não quis responder. Apenas apagou a tela do celular e o guardou na bolsa. Quando o carro se aproximou da entrada da propriedade, uma sensação de familiaridade envolveu Isabella. A casa da família Andrade, um santuário particular distante da cidade, já estava em festa. Carros de luxo alinhavam-se pela alameda, e uma melodia suave flutuava no ar. Era o almoço em comemoração aos 41 anos de casamento de seus pais. O veículo parou em frente à mansão de estilo neoclássico. Assim que desceu, o humor de Isabella melhorou. Aquele lugar só lhe trazia lembranças felizes. Sebastian a ajudou com as malas e, enquanto Ayla brincava com Benjamin, Isabella entrou na casa, procurando instintivamente por seus pais. Ela os encontrou no quarto deles, longe da agitação da sala principal, terminando de se arrumar. Noemia, sua mãe, com sua elegância clássica, ajeitava um brinco de pérola, enquanto Augusto, seu pai, o patriarca de olhar severo, endireitava a gravata. Assim que a viram, o mundo pareceu parar por um instante. Um sorriso genuíno iluminou o rosto de ambos. — Papai... Mamãe... Isabella correu na direção deles e os abraçou ao mesmo tempo, um abraço apertado que liberou uma saudade que ela nem sabia que estava guardando tão fundo. — Minha filha, você está mais bonita do que antes — disse o pai, a voz grave suavizada pelo carinho, enquanto segurava seu rosto. — Estávamos tão ansiosos pela sua chegada — completou a mãe, o olhar afiado agora cheio de ternura. — Onde está meu genro? — perguntou Noemia, o olhar expectante. Isabella sentiu a pontada familiar de desconforto. — Ele não pôde vir. Surgiu um problema urgente na empresa. — Está tudo bem, minha filha. O importante é que você está aqui. — Augusto colocou uma mão reconfortante no ombro da filha, sentindo a tensão dela. O gesto e as palavras dele eram tudo o que ela precisava. Após o momento de carinho, Isabella foi para seu antigo quarto se arrumar, lá encontrou Benjamin a esperando já tomado banho com sua cunhada. Ela acabou se atrasando para descer. Quando finalmente apareceu no salão principal de mãos dadas com Benjamin, sua chegada chamou a atenção. Deslumbrante em um vestido de cetim branco, com os longos cabelos ruivos soltos, ela atraiu os olhares de convidados que não a viam há muito tempo. Benjamin, ao ver os avós agora recebendo os convidados, soltou a mão da mãe e correu para abraçá-los novamente, antes de se juntar a um grupo de crianças para brincar. Com o filho entretido, Isabella forçou um sorriso, cumprimentou alguns conhecidos e foi direto para a segurança da mesa onde suas irmãs, Samantha e Clara, já estavam. A festa corria bem, até que a voz de Clara cortou o ar. — Ei, Bella, me conta. Como é a vida de casada? O cunhado deve te fazer muito feliz, não é? Isabella sentiu o sorriso congelar. O mundo desacelerou de forma agonizante, enquanto ela buscava palavras que não a traíssem. Por uma fração de segundo, ela se sentiu como se fosse apenas um vestido vazio, um eco de solidão dentro daquela roupa que de repente parecia apertada demais. — Ah, vai... vai muito bem — sua voz soou estranha. — O Pedro é... um amor de homem. Muito atencioso. Clara ficou satisfeita, mas o olhar de Samantha dizia que não havia acreditado em uma única palavra. Incomodada, Isabella pediu licença e foi andar pelo jardim. Seu pai, Augusto, percebendo sua fuga, foi atrás dela. — Está tudo bem, filha? — perguntou ele, se aproximando dela. — Queria um pouco de ar fresco. Ele segurou as mãos dela, o olhar cheio de um carinho que a desarmava. E disse: — Me orgulho tanto de você, da mulher que se tornou. Mas saiba que sempre vai continuar sendo minha princesinha. Se um dia precisar de algo, é só me dizer. — Eu sei, pai. O abraço dele lhe deu a força que precisava. De volta à festa, Benjamin correu em sua direção com o seu celular em mãos. — Mamãe, o papai ligou por vídeo! Ele disse que vai ligar mais tarde para falar com você. — Ok. A festa terminou em uma calmaria agradável. Isabella subiu com Benjamin e, depois de colocá-lo para dormir, adormeceu ao seu lado, exausta. Acordou às nove da noite com o celular vibrando. Era Pedro. A lembrança do recado de Benja veio à mente. Hesitou, mas atendeu. — Oi — disse ela, a voz rouca de sono. — Oi, querida. Por que demorou tanto para atender? — Estava dormindo. — Hum... Desculpa te acordar. — Tudo bem. Após um silêncio incômodo, ele perguntou como estavam. Ela respondeu de forma curta, defensiva. — Já finalizei tudo o que tinha. Vou embarcar daqui a uma hora e meia — disse ele. — Quer que eu leve algo para você? A oferta pairou no ar. Um presente. Era essa a solução dele, como sempre. Uma tentativa de compensar a ausência com algo material, um objeto para preencher o espaço que ele deixou vazio na festa dos seus pais. Aquilo a irritou. — Não precisa! — Ok. Quando vocês voltam para casa? — Chego ao aeroporto amanhã às 15h15. — Ótimo. Vou buscar vocês quando chegarem. Aquelas palavras. Tão simples. Tão inesperadas. Elas a atingiram de uma forma que presente nenhum conseguiria. “Vou buscar vocês”. Não era um "tentarei ir" ou "vejo se consigo". Era uma afirmação. Um ato. Uma promessa de que ele estaria lá. Ela sentiu um calor repentino se espalhar por seu peito, desfazendo o nó de gelo que se formara ali. Sem que ela percebesse, um sorriso genuíno, o tipo de sorriso que alcança os olhos, iluminou seu rosto. — Tudo bem. Até amanhã. A ligação terminou, mas a felicidade que ela sentiu era tão intensa que superou toda a mágoa. Talvez, apenas talvez, as coisas pudessem ser diferentes.(Oscar) Um ano desde que a vi caminhar em minha direção, em um vestido que parecia feito de luz do sol, na vinícola de sua família. Um ano desde que prometi, diante de todos que amamos, dedicar minha vida a ela e ao nosso filho. E, esta noite, olhando para a casa que ela projetou, sinto que a promessa se renova a cada pôr do sol. A casa no topo da colina era mais do que uma estrutura de vidro, madeira e pedra, era o nosso lar. Projetada por Isabella, cada linha, cada janela panorâmica, cada ambiente era um reflexo da nossa história. Da ampla sala de estar, a vista do pôr do sol era espetacular, pintando o céu com os mesmos tons de laranja e coral das flores que um dia lhe dei, uma lembrança poética do início de tudo, que me faz sorrir sempre que a vejo. Observo Isabella, agora, concentrada em um esboço, e meu peito se enche de um orgulho que mal consigo conter. A carreira dela decolou. Seu escritório, agora com uma pequena e dedicada equipe, é um dos mais requisitados da cidade.
(Isabella) Três meses. Fazia três meses que eu estava me preparando para deixar de ser Isabella Andrade para me tornar Isabella Almonte, e a paz que eu sentia naquele dia ainda parecia tão vívida quanto a luz do sol que entrava pela janela do nosso quarto esta manhã. Fechei os olhos por um instante, aquele dia, nítido e perfeito. O sol do país Y derramava uma luz dourada e suave sobre os jardins da vinícola da minha família. O lugar, que guardava tantas memórias da minha infância, havia se transformado em um cenário de conto de fadas. Enquanto eu caminhava em direção ao altar, sentia o tecido do vestido que eu mesma desenhei fluir a cada passo, movendo-se como uma extensão da minha própria felicidade reencontrada. Eu não estava apenas deslumbrante; pela primeira vez em anos, eu estava em paz. Ao meu lado, Oscar me esperava. O sorriso em seu rosto não era apenas de alegria, mas de uma profunda reverência que fazia meu coração transbordar. Em seu terno de linho claro, ele parecia
A fúria que impulsionou Oscar do escritório de seu pai até o prédio de Isabella se transformou em uma ansiedade desesperada durante o trajeto. Cada semáforo vermelho era uma tortura, cada carro lento em seu caminho, um obstáculo para o que mais importava no mundo. Ele não estava mais pensando em negócios, em impérios ou em legados. Estava pensando nela. Na dor que ele, indiretamente, causou. Na mentira que ela foi forçada a contar. No amor que ele quase perdeu. Ele parou o carro de qualquer jeito em frente ao prédio, sem se importar com a vaga. Não anunciou sua chegada. Apenas entrou, o coração martelando contra as costelas, e torceu para que o porteiro, que já o reconhecia, o deixasse subir. No apartamento, o clima era de uma calma melancólica. Clara e Patrícia tentavam animar Isabella, que estava sentada no sofá, o olhar perdido, uma taça de vinho intocada na mesinha de centro. A campainha tocou, estridente, quebrando o silêncio. — Ué, está esperando alguém? — perguntou Pat
(Oscar) A imagem de Isabella, de joelhos, chorando em meio a cacos de vidro, se recusava a sair da minha mente. A dor que Pedro descreveu era tão vívida que eu podia senti-la como se fosse minha. Meu pai. Aquele desgraçado. Ele não apenas a ameaçou; ele a quebrou. Saí da sala privativa enfurecido, Rafael e Gabriel em meu encalço. Eu não via nada, não ouvia nada além do sangue pulsando, e em meus ouvidos o nome do meu pai ecoando como uma maldição. O caminho para o escritório do meu pai foi de uma fúria silenciosa. Cada passo que eu dava no mármore polido do lobby era uma batida surda de raiva contida. Rafael caminhava ao meu lado, o rosto sério, uma solidariedade silenciosa que valia mais do que mil palavras. A revelação de Pedro não tinha apenas me chocado, tinha acendido um pavio que queimava em direção a décadas de pressão, de expectativas, da constante sensação de ser uma peça no tabuleiro de xadrez do meu pai, e não um filho. Não bati na porta do escritório dele. Apen
(Pedro) Essas duas palavras eram como pequenas agulhas sendo enfiadas no meu peito... "Tio Oscar". Virei-me e olhei para onde ele apontava. E lá estava ele. Oscar Almonte, flanqueado por seu irmão e primo, sendo conduzido por um maître em direção a uma área de salas privativas. Ele não parecia o mesmo homem da festa. Havia uma sombra em seu rosto, uma ausência daquele brilho arrogante e confiante. Parecia... Triste, derrotado. — Tio Oscar! — gritou Benjamin, a voz aguda ecoando no lobby. Mas o trio não ouviu. Eles desapareceram atrás de uma porta de madeira escura. O rosto de Benjamin se encheu de uma decepção genuína. — Ele não me ouviu, papai. — Ele devia estar ocupado, filho — disse eu, tentando guiar o grupo para a mesa, sentindo uma estranha e indesejada pontada de algo. Enquanto caminhávamos, Benjamin puxou a manga da minha camisa e se aproximou, como se fosse contar um grande segredo. — Papai... — sussurrou ele, a voz infantil cheia de uma seriedade que não c
(Pedro) A manhã de terça-feira começou como qualquer outra. Reuniões, telefonemas, a pressão constante de gerenciar um império. Eu estava no meio de uma análise de projeções financeiras, os números se embaralhando na minha frente, quando uma sensação estranha começou a se instalar. Um vazio. Uma ansiedade que não tinha nada a ver com as planilhas ou os contratos. Era a ausência de barulho. A ausência do som de pezinhos correndo pelo corredor, de uma risada infantil interrompendo uma ligação importante. A ausência de do meu filho, Benjamin. Larguei a caneta e me recostei na cadeira, olhando pela janela do meu escritório sem realmente ver a cidade. Desde o divórcio, os dias em que Benja não estava comigo eram mais silenciosos, mais longos. E naquela manhã, o silêncio estava particularmente ensurdecedor. Peguei o celular, movido por um impulso que era mais forte que qualquer lógica de negócios. A desculpa era o almoço, mas a necessidade era minha. Eu precisava de algo real,





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