Capítulo 7

(Isabella)

Quando cheguei no meu carro, entrei e fechei a porta rapidamente, o mundo exterior pareceu se dissolver. O estacionamento silencioso era um santuário comparado à sala de reuniões. Apoiei a cabeça no volante, o couro frio contra a minha testa, e respirei fundo, uma, duas, três vezes, tentando expulsar a humilhação e a raiva que ainda corriam em minhas veias. O rosto de Pedro, primeiro frio e depois surpreso, e por fim, indiferente, estava gravado em minha mente. Eu precisava de um porto seguro. Peguei o celular e liguei para Patrícia.

A voz dela soou do outro lado da linha, ansiosa e um pouco preocupada.

— Amiga, cadê você? Já te mandei várias mensagens. Por que não me respondeu?

— Estava em uma reunião, não vi suas mensagens. Desculpa! — Minha voz saiu mais cansada do que eu pretendia. A palavra "reunião" tinha um gosto amargo.

— Tudo bem! — O alívio no tom dela era palpável. — Já peguei a Clara no aeroporto e estamos na minha casa. Aposto que ainda não almoçou, vem logo nos encontrar.

A menção a Clara e a normalidade na voz de Paty foram como um bálsamo. Um lugar para ir. Pessoas que me esperavam. Um refúgio.

— Ok. Estou indo agora mesmo.

O caminho até a casa dela foi uma espécie de borrão. Minhas mãos seguravam o volante com firmeza, mas minha mente estava a milhas de distância, repassando a cena com Pedro. Mesmo assim, o trajeto pareceu incrivelmente curto. Quando me dei conta, já estava virando na rua da família Vidal, o tempo parecendo ter se comprimido em um suspiro. Nem parecia que eu havia dirigido por trinta minutos.

A casa de Patrícia surgiu diante de mim, uma visão de calma e ordem. Era uma mansão elegante e moderna, um reflexo da própria família. As linhas retas e as paredes de um branco imaculado transmitiam uma sensação de paz. As amplas janelas de vidro refletiam o verde vibrante do jardim meticulosamente cuidado, e a varanda no andar superior, projetada sobre a entrada, parecia um convite acolhedor.

Assim que o carro entrou na garagem, vi a silhueta dela na porta da frente. Minha irmã. Clara já estava me esperando. A imagem dela ali, parada, com um sorriso ansioso, fez com que toda a tensão do meu corpo começasse a se dissipar. Mal tive tempo de desligar o motor e abrir a porta. No segundo em que pisei para fora do carro, ela correu em minha direção e me envolveu em um abraço apertado, um abraço que dizia "você está segura agora". E, pela primeira vez naquele dia, eu senti que realmente estava.

Logo entramos e avistamos a mãe de Patrícia, sentada na poltrona lendo uma história para o meu filho.

— Boa tarde tia Mônica!

Tia Mônica é uma mulher cuja força interior se reflete em sua aparência. Ela é morena, com cabelos que um dia foram longos e cacheados como os da filha, mas que hoje são mantidos em um corte elegante e prático, na altura dos ombros, mesclados com fios prateados.

Seus olhos escuros são o centro de seu rosto: gentis e acolhedores, mas com uma centelha de determinação e inteligência afiada, resultado de anos negociando em um mundo predominantemente masculino.

Assim que me viu, ela abriu um sorriso largo e caloroso, daqueles que parecem abraçar a gente à distância.

— Bella, finalmente chegou! — sua voz era um misto de alegria e repreensão carinhosa. — Vem me dar um beijo, minha filha.

Caminhei em sua direção, sentindo o cansaço do dia começar a se dissipar. Dei um beijo em seu rosto macio e, em seguida, fiz um carinho no nariz de Benja, que sorriu em meu colo.

— Por que não veio me visitar antes? Senti sua falta.

— Desculpa, tia! Tenho andado um pouco ocupada com o trabalho — respondi, ajeitando Benja em meu braço.

— Compreendo, querida, a vida adulta é assim mesma — ela disse, com um olhar compreensivo. — Mesmo assim, mande o pequeno para brincar comigo um pouco. Desde que passei a diretoria da fábrica para o Jonas, tenho tido muito tempo livre e sinto falta de agitação.

— Claro, tia. Ele vai adorar.

— Mãe, deixa a Isa ir almoçar, ela deve estar faminta — disse Patrícia, surgindo com dois copos de água na mão.

— Claro! Vai comer um pouco, preparei sua lasanha favorita.

Seguimos para a mesa juntas, mas somente eu almocei sob os olhares atentos e conversas animadas delas. Depois que terminei, subimos para o quarto de hóspedes. Clara ficaria hospedada ali por uns dias. Enquanto ajudávamos Clara a desfazer as malas, dobrando algumas peças e pendurando outras, ela parou de repente, com uma blusa na mão e um brilho ansioso no olhar.

— Eu queria esperar mais um pouco, mas não estou conseguindo me segurar para não contar a vocês.

Paty parou de arrumar os sapatos no canto e cruzou os braços, com um sorriso curioso.

— Fala logo, estou ficando ansiosa já. Você sabe que eu não tenho paciência para suspense.

Clara respirou fundo, o sorriso se alargando em seu rosto.

— Conversei com nossos pais e... eles aceitaram! Eu vou me mudar para cá para concluir a faculdade!

A notícia explodiu no quarto. Eu gritei, Paty gritou, e nós três nos abraçamos em um pulo desajeitado no meio das roupas espalhadas. A felicidade era tanta que fizemos um barulho tremendo, comemorando e rindo alto, até que a porta do quarto se abriu.

— Meninas, o que houve? Por que essa barulheira toda? Dá para ouvir lá da sala! — disse tia Mônica, com uma expressão que era metade repreensão, metade diversão.

— Mãe, a Clara está se mudando para cá! De vez! — anunciou Paty, radiante.

O rosto de tia Mônica se iluminou.

— Essa é uma notícia maravilhosa! Precisamos celebrar!

— Sim! Devíamos sair para comemorar hoje à noite! — sugeriu Paty, já pegando o celular, provavelmente para pesquisar algum lugar.

— Não sei se é uma boa ideia... — murmurei, eu simplesmente não estava no clima para festa.

Tia Mônica percebeu minha hesitação.

— Bella, não se preocupe com o Benja, eu posso ficar com ele. Você deve se distrair um pouco, minha filha. A vida não é só trabalho e preocupação.

— Tia Mônica tem razão, mana — insistiu Clara, colocando a mão no meu ombro. — Hoje vamos sair para comemorar. Sem desculpas.

Mesmo relutante, o carinho e a insistência delas me venceram. Acabei cedendo. O plano foi traçado rapidamente, iríamos a um barzinho elegante no centro, beber uns drinks para celebrar a nova fase de Clara e depois voltar para casa.

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