(Pedro)
A manhã de terça-feira começou como qualquer outra. Reuniões, telefonemas, a pressão constante de gerenciar um império. Eu estava no meio de uma análise de projeções financeiras, os números se embaralhando na minha frente, quando uma sensação estranha começou a se instalar. Um vazio. Uma ansiedade que não tinha nada a ver com as planilhas ou os contratos.
Era a ausência de barulho. A ausência do som de pezinhos correndo pelo corredor, de uma risada infantil interrompendo uma ligação importante. A ausência de do meu filho, Benjamin.
Larguei a caneta e me recostei na cadeira, olhando pela janela do meu escritório sem realmente ver a cidade. Desde o divórcio, os dias em que Benja não estava comigo eram mais silenciosos, mais longos. E naquela manhã, o silêncio estava particularmente ensurdecedor.
Peguei o celular, movido por um impulso que era mais forte que qualquer lógica de negócios. A desculpa era o almoço, mas a necessidade era minha. Eu precisava de algo real,