Capítulo 2

Impulsionada pela promessa de Pedro na noite anterior, Isabella acordou com uma leveza que não sentia há tempos. O dia na casa dos pais passou voando, entre o almoço em família e a animada notícia de que sua irmã, Clara, iria visitar o país A daqui uma semana. A ansiedade para o reencontro com o marido crescia a cada minuto.

A despedida foi agridoce. Já no avião, ela enviou uma mensagem curta para Pedro: "Embarcando". A resposta, um simples "Ok", ameaçou seu bom humor, mas ela se recusou a deixar que a frieza a abalasse. Para ela, o importante é que ele sabia que estavam a caminho, e era isso que importava.

Quando pousaram no país A, a voz animada de Benjamin cortou o barulho do saguão.

— Olha, mamãe, é o papai!

Isabella seguiu a direção que o dedinho de Benjamin apontava e o viu. Lá estava ele. Pedro. Atravessando a multidão como se ela se abrisse para ele, com aquela postura confiante que era tão sua. Ele usava uma camisa escura, de um tecido que parecia abraçar seus ombros largos, destacando a força de seus braços. Ele não estava sorrindo, seu rosto mantinha uma expressão concentrada, os olhos fixos neles. E, naquele instante, para Isabella, todo o resto desapareceu. Ele estava ali. Ele veio.

Quando os olhares deles se encontraram, ele sorriu. Aquela era a contradição favorita de Isabella: a mandíbula forte e a barba bem-feita lhe davam um ar poderoso, mas seus olhos negros e profundos eram a combinação perfeita. O coração dela acelerou ao vê-lo. Talvez fosse porque não o via havia quatro dias, mas ele parecia mais bonito.

Quando chegou perto deles, Pedro pegou Benja no colo, o abraçou e depois perguntou a Isabella:

— Precisa de ajuda com as malas?

— Não, está tudo bem.

Ele a esperou pegar o restante e, mesmo ela dizendo que não precisava, tomou a mala que estava na mão dela e a levou até o carro, enquanto Benja permanecia em seu colo. Isabella ficou os observando, por um breve momento, ela se permitiu viver um conto de fadas do qual não queria acordar. A fantasia, no entanto, terminou no estacionamento. O motorista, Bruno, os esperava.

— Tenho que voltar para a construtora agora — disse Pedro, a voz apressada. — Nos vemos à noite, no jantar.

Ele se despediu do filho, entrou em seu próprio carro e partiu. A indiferença doeu. Menos de uma hora juntos, sem um abraço, sem um beijo. A distância entre eles parecia um abismo.

Ao chegar em casa, o ar familiar parecia sufocante. Na sala, Madalena e sua filha, Susi, a cumprimentaram, os rostos uma mistura de curiosidade e preocupação.

— Sra. Isabella, está tudo bem? — perguntou Madalena.

— Sim... só estou cansada — respondeu Isabella, a voz fraca. — Pode cuidar do Benja hoje? Por favor.

Assim que Madalena concordou com a cabeça, Isabella subiu as escadas rapidamente em direção ao seu quarto. A compostura que ela lutou tanto para manter durante todos esses últimos dias se desfez em um instante. Ela não se deu ao trabalho de acender a luz ou tirar os sapatos. Apenas se atirou na cama, o corpo caindo sobre o edredom macio. Seu rosto afundou no travesseiro, e o primeiro soluço rasgou sua garganta, violento e doloroso.

Não era um choro silencioso. Eram ondas de angústia que a sacudiam por inteiro. Ela chorou pela humilhação, pela confusão, pela raiva que borbulhava sob a superfície. Mas, acima de tudo, chorou porque se sentia sozinha. Terrivelmente, absolutamente sozinha, no meio da casa que chamavam de lar, na cama que compartilhavam.

Em algum ponto, no meio daquela escuridão e daquele silêncio que só era quebrado por sua própria dor, a exaustão a venceu. O choro a levou para um sono pesado, do qual ela só acordou quando a luz do sol da manhã invadiu o quarto.

****

Pedro não voltou para casa naquela noite. Ele só retornou na manhã seguinte, bem cedo, movido por uma necessidade urgente de se reconectar com o filho. Foi direto ao quarto de Benjamin e o acordou com um sussurro:

— Campeão, vamos buscar o café da manhã?

A ideia era simples: ir à padaria, comprar pães quentinhos e os bolos que o menino adorava. Era uma desculpa. O que ele realmente queria era passar mais tempo com o filho, ouvir sua risada, ter um momento que fosse só deles, sem a sombra de mais ninguém.

Antes de saírem, ele encontrou Madalena na cozinha e deu as instruções com uma voz baixa, mas firme.

— Madalena, bom dia. Uma moça chamada Jessica virá hoje, ela será a nova babá. Quando ela chegar, por favor, peça para que espere na sala de estar. Não a deixe vagando pela casa. — Ele fez uma pausa e acrescentou: — E se Isabella acordar antes de voltarmos, avise a ela sobre a chegada da babá.

Com as instruções dadas, ele pegou a mão de Benjamin e saiu, deixando para trás uma casa que mal sabia que estava prestes a ter sua paz abalada novamente.

Quando Isabella acordou, a moça já estava na sala. Pedro ainda não tinha voltado. Madalena subia com o café da manhã e contou tudo. Isabella, curiosa para conhecer a nova babá, desceu, mesmo estando de pijama.

Assim que a viu, percebeu que não parecia ser uma babá qualquer. A mulher que se apresentou como "Jessica, a nova babá" era uma completa contradição com tudo o que ela esperava. A palavra "babá" evocava imagens de praticidade, talvez um sorriso cansado e roupas confortáveis. Jessica não era nada disso.

Sua beleza era do tipo que silencia um ambiente, com uma aparência angelical que lembrava uma boneca de porcelana: pele alva, rosto em formato de coração e olhos de um azul vívido.

Mais o que quebrava mesmo a lógica eram suas roupas. Em vez de algo prático, ela vestia uma calça de alfaiataria branca e uma blusa de seda rosa, peças que denunciavam marcas de luxo. Cada detalhe, dos sapatos de couro ao bracelete de ouro, era um testemunho silencioso de que vinha de uma família rica. A pergunta era inevitável: o que uma garota como ela, que parecia uma boneca de porcelana vestida em alta costura, estava fazendo ali?

Isabella achou que Madalena havia se enganado sobre ela ser a babá e perguntou:

— Bom dia! — começou ela, com uma polidez que mal escondia a curiosidade. — Quem é você?

A resposta não veio com palavras, mas com um olhar. Um olhar que a percorreu de cima a baixo, lento e deliberado, carregado de um desdém tão palpável que Isabella sentiu um arrepio. A mulher, Jessica, ergueu uma sobrancelha perfeitamente arqueada, como se a simples presença de Isabella fosse uma ofensa.

— Não te interessa quem sou eu — a voz dela era fria, cortante como vidro. — Agora, saia daqui. Estou esperando o dono da casa.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App