Aurora sempre foi uma garota alegre e cheia de energia. Nascida no seio da máfia, cresceu livre, mas não pelos motivos certos— seu pai nunca lhe deu a atenção ou o carinho que deveria. Carregando traumas de infância e marcada por um relacionamento abusivo dentro de casa, ela fez uma promessa a si mesma: nunca se apaixonar. Mas o destino tem um senso de humor particular. Durante o casamento de sua melhor amiga, ela conhece Domenico, o irresistível subchefe da máfia Barone e cunhado de Diana. Ele sempre viveu despreocupado, sem intenções de se amarrar a ninguém — pelo menos até que sua posição na máfia exigisse isso. Desde o primeiro olhar, a conexão entre eles é intensa. O acordo entre os dois parece simples: uma amizade com benefícios, sem amarras, sem sentimentos. Mas o que começa como um acordo livre, logo se transforma em algo que nenhum dos dois esperava. Mas será que um relacionamento entre eles pode realmente dar certo? O amor será suficiente para quebrar as barreiras que ambos construíram e para superar os perigos? Entre desejo, perigo e emoções à flor da pele, esta será uma história que desafiará as regras.
Leer másParte 1...
Aurora Deluca - Nove anos de idade
Eu me assustei e abri os olhos depressa, olhando de um lado para outro na escuridão do meu quarto. Só a luz do banheiro iluminava um pouco com a porta aberta.
Sentei. Ouvi um barulho e depois entendi que era um choro. Meu coração deu uma batida forte. Eu sabia de quem era o choro.
Era minha mãe. De novo.
E isso só significava uma coisa. Meu pai estava em casa. E aos nove anos, eu já não me sentia feliz quando ele chegava.
Eu amo meu pai, mas ele não é uma pessoa fácil. Ou boa. Tenho medo dele, sempre tive. Ele não gosta de mim e eu sinto isso. Eu sei que tenho só nove anos, mas minha mãe sempre me diz que sou muito esperta e inteligente.
E por isso eu sei que ele não gosta de mim. Não sei porque, não me lembro de ter feito algo errado. Sou uma menina obediente, estudo e gosto de ajudar mamãe.
Me assustei de novo quando ouvi um som alto, parecendo uma queda. Pulei da cama, as mãos cruzadas em meu peito e andei devagar ate a porta do quarto e abri devagarinho pra evitar fazer barulho.
Ouvi de novo o choro e fiquei nervosa. Andei na ponta dos pés e desci a escada. Parei e ouvi as vozes. Vinham do escritório. Andei até lá e empurrei a porta que estava entreaberta, olhando para dentro.
E foi aí que eu vi algo que me marcou. Minha mãe estava caída no chão, em um canto, presa entre as estantes, com o rosto muito vermelho e a mão para cima, tentando se defender de meu pai, que estava com uma régua de madeira na mão, de modo ameaçador.
Eu corri e fiquei na frente dela, com os braços abertos, para impedir que ele batesse nela e comecei a falar nervosa.
— Pai, pai... Por favor... Não b**e na minha mãe... Por favor...
Eu estava apavorada, mas precisava defender minha mãe. A cara de meu pai era de muita raiva e sei que ele é capaz de machucar muito ela e isso me dói demais.
Meu pai me deu um empurrão e eu caí de lado, batendo a cabeça na estante e comecei a chorar. Quando me virei, ele estava de novo indo pra cima dela, com a mão erguida para bater nela com a régua de madeira.
Fiquei de pé rápido e me coloquei de novo em sua frente e ele me puxou o braço.
— Saia da frente, sua peste!
— Não, pai... Por favor... - me agarrei a ele — Se o senhor bater nela, vai machucar muito e... - nem terminei de falar e levei outro empurrão.
— Não faz assim com ela! - minha mãe gritou — Minha filha, por favor, volte para seu quarto... Está tudo bem, eu estou bem...
— Não está, não - fiquei abalada pela cara de choro de minha mãe — Por que o senhor faz isso com ela?
— Não se meta, garota chata! Se você não sair agora, vai apanhar também.
— Filha, vai para o quarto meu amor.
— Não... - neguei com a cabeça — Mãe...
— Sai! - meu pai gritou de novo — Você é um fardo na minha vida, igual sua mãe - apontou para ela — Essa imprestável... Só faz tudo errado... Vocês me irritam...
Eu não sei o que me deu, mas na hora, a única coisa que me veio na cabeça, foi falar do meu tio, que é a única pessoa que eu sei que meu pai respeita. E tem medo.
— Eu vou contar tudo pra meu tio Pietro e ele vai brigar com o senhor.
Eu nem sei porque eu disse, mas foi o desespero de ver minha mãe machucada. Eu só queria que ele parasse de bater nela. Não foi uma boa ideia. Ele parou de bater em minha mãe e começou em mim.
Não foi a primeira vez, mas eu nunca imaginei que fosse ser da forma como foi. A expressão dele mudou e pra pior. Ele já estava com raiva, eu não sei porque, mas comigo foi pior. Fiquei apavorada com a cara que ele fez.
Apesar de minhas pernas tremerem muito, eu não podia sair correndo dali e deixar minha mãe. Ele ia descontar nela. Mas ele decidiu que eu merecia ser punida.
— Sua diaba! - ele quase cuspiu — Você nunca mais vai falar comigo dessa forma - gesticulava agitado — Desgraçada... Você nunca mais vai ter essa ousadia comigo de novo, nunca mais vai me faltar com o respeito...
Eu arregalei os olhos quando ele ergueu a régua de madeira pra logo em seguida, descer com força em cima de mim.
— Ai! - gritei em desespero ao sentir o primeiro golpe — Pai...
Eu ouvi os gritos de minha mãe, também desesperada com o que meu pai fazia, mas ele não parou. Foram várias vezes. Em meus braços, minhas pernas. Até em minha cabeça. Meus gritos se juntaram aos de minha mãe.
Eu não sei quantas vezes ele me bateu, perdi as contas. Caí no chão e ele veio pra cima de mim, como se fosse um bicho. Eu nunca tinha visto meu pai dessa forma. Era outra pessoa.
Eu me encolhi no chão, cobrindo a cabeça pra me proteger, mas cada pancada me fazia sentir uma dor enorme em todo o corpo. A dor foi ficando tão grande, que ficou insuportável.
Apertei os olhos e parei de chorar e gritar, fiquei muda, travada. Era demais pra mim. eu só queria que ele parasse de me bater.
De repente foi como se eu estivesse fora de meu corpo. Os gritos de minha mãe foram ficando longe, as coisas que meu pai me dizia enquanto me batia, foram sumindo. Tudo foi ficando escuro e depois, foi só silêncio.
*****
Aos poucos fui ouvindo um som que foi aumentando. Parecia vozes. Pisquei os olhos e a primeira coisa que eu vi, foi um monitor colorido ao meu lado. Depois olhei pra cima e o teto era branco. As paredes eram brancas. Era tudo branco. Entendi que eu estava em um hospital.
Romance mafioso. Completo. Continue lendo. Comente. Obrigada!
Parte 86...Domenico— Aurora... Amor... Abre os olhos - ela mexeu a cabeça para o lado e eu vi sangue no chão — Amor, por favor... Abre...O sangue vinha de sua cabeça e a barra da manga de minha jaqueta ficou vermelha. Foi desesperador pra mim. Porra, ela não abria os olhos e nem falava nada.Ergui a cabeça e vi o filho da puta olhando a desgraça que ele causou. Minha pistola estava ao lado no chão. A peguei e apontei na direção dele, completamente irado. Não cheguei a atirar. Carlo segurou minha mão.— Cuide dela, deixe isso comigo.Diana chorava ao meu lado. Eu assenti e ergui minha esposa desacordada em meus braços, meu corpo tremendo. Odeio vê-la machucada. Saí andando apressado com as pessoas apavoradas com a confusão. Ainda olhei para trás e vi Carlo subindo a escada pulando os degraus.No caminho um garçom abriu a porta para que eu passasse. Minha cunhada vinha logo atrás e eu ouvia seu choro. Não queria me ligar na porra do sangue que pingava pelo chão e por meus sapatos.—
Parte 85...AuroraEu fiquei ainda uns segundos sem reação, porque ele me pegou totalmente desprevenida, mas logo voltei à mim e fechei a cara. Pelo modo como ele ria, solto, olhos vermelhos e se balançava parecendo que ia tombar, já dava para entender que estava bêbado, o que é péssimo, já que estamos em um restaurante, pelo amor de Deus.Diana não entendeu nada e me puxou pela mão, eu ia sair com ela, apenas dando uma olhada feia para ele por cima do ombro, mas o diabo do bêbado teve outra ideia. Ele agarrou meu braço e me puxou, passando os braços em volta de mim, me agarrando e tentando me beijar no rosto. Fiquei irada quando senti seu bafo de álcool.— Solta ela, seu babaca! - Diana tentou me ajudar, me puxando pelo braço, mas o homem não me soltava — Eu vou chamar o Domenico - ela saiu correndo.Eu já sabia que se meu marido viesse até aqui e me visse nessa situação, a confusão seria enorme. O que eu menos queria. Tentei me desvencilhar dele, mas era forte.Apesar do barulho po
Parte 84...AuroraDepois de convidar Diana e Carlo mais uma vez, eles acabaram concordando em sair com a gente e deixar o Giancarlo com a Gisele, que ficou feliz de poder passar um tempo com ele. E quem não ficaria? Giancarlo é tão fofinho e tem um sorriso tão lindo que cativa todo mundo. E eu que nunca pensei em ter filhos, depois do turbilhão que foi, me descobrir grávida e então perder o bebê, até pensei em como seria bom se no futuro eu pudesse engravidar de novo.— Podemos ir, garotas? - Carlo segurava a porta aberta.— Podemos sim - Diana deu um beijinho no filhote e pegou a bolsa — Gisele, qualquer coisa me liga, por favor - fez uma cara triste de brincadeira — A gente volta correndo.— Não se preocupe, está bem? - ela balançou o pequeno nos braços — Vai ficar tudo bem e quando voltarem, essa fofura já estará dormindo o sono dos anjos. Vão e se divirtam.— Obrigado, Gisele - Carlo fez um gesto inclinando a cabeça e sorriu — Vamos, vamos.— É, vamos logo - Domenico pegou minha
Parte 83...AuroraDois dias depois...Meu tio Pietro veio nos ver e depois foi até o hospital para visitar minha mãe. Foi bom que ele tivesse vindo nos ver antes, porque nós o colocamos a par da tentativa de Teodoro, de entrar no hospital. E Deus me livre que ele possa fazer isso. Se eu já não confiava nele antes, imagine agora que a colocou na UTI.Eu não sabia, porque meu marido e nem meu cunhado me contaram, mas eles já sabiam onde Teodoro estava escondido, porém estavam esperando para saber o que poderiam fazer, porque essa era a área de Pietro e eles lhe devem respeito.Carlo sendo genro dele, não faria nada sem antes consultar o pai de sua esposa, então ele ainda estava mais envolvido.— Não fizemos nada porque estamos esperando o que vai decidir fazer, já que Teodoro é de seu grupo e não queremos invadir seu espaço.Meu cunhado falava sério, em respeito e consideração ao sogro. É claro que tanto ele quanto Domenico poderiam fazer o que quisessem, porque afinal de contas, ele t
Parte 82...Aurora— E o que você está fazendo agora? - apertou meus seios e puxou de leve meus mamilos — Por acaso está me usando, esposa?— Estou sim - me inclinei sobre ele.— Está emocionada de novo? - fechou os olhos rapidamente e puxou a camisa de dentro da calça — Sua pressão vai cair.— Vai não - sorri e segurei seu rosto, lhe dando um beijo lento, molhado — Eu quero que suba e me faça ver a situação por outro ponto de vista - ergui o corpo o suficiente para ele abrira a calça e a puxar para baixo — Fiquei emocionada com o que aconteceu na saída do hospital, mas foi por causa de você.— Ah, foi? - me ajudou a tirar toda a roupa. Ficamos nus — E o que eu fiz?— Você me protegeu, cuidou dos meus interesses e soube se controlar para não criar um problema maior.— Eu não tenho pressa - enfiou os dedos em meu cabelo — Teodoro vai ser capturado a qualquer momento - puxou meu cabelo e me fez baixar a cabeça — Voce é a minha prioridade.— A Diana me disse isso.— Ela tem razão - lambe
Parte 81...AuroraEu me senti muito mal depois de ver meu pai na frente do hospital. Chorei todo o trajeto até chegar no apartamento e já corri para o quarto. Deixei que Domenico desse as explicações de tudo para a família.— Ei... Posso entrar? - Diana enfiou a cabeça para dentro.— É claro que pode - esfreguei o nariz.— Amiga, você não devia estar assim, chorando por causa daquele homem - sentou ao meu lado na cama e bateu em minha perna.— Eu sei... Mas é que está sendo muito difícil pra mim... Tudo o que vem acontecendo comigo esses tempos - minha voz falhou um pouco — Parece que tudo está dando errado.— Isso não é verdade - ela deitou ao meu lado e me abraçou por trás, mexendo em meu cabelo — Eu sei, algumas coisas ruins realmente aconteceram, mas você tem que mudar o foco.— Mudar o foco? - franzi o nariz.— Sim. Você prestou atenção que o meu cunhado mudou da água para o vinho? - ela deu uma risadinha — Amiga, você conseguiu derrubar o muro dele. O Domenico quase ficou louco
Último capítulo