Durante anos, Sophia Eve Linperic sobreviveu nas sombras, fugindo dos caçadores que buscavam apagar seu nome da história. Última herdeira de uma linhagem amaldiçoada, foi finalmente capturada e levada a um leilão clandestino, onde a esperava o destino mais humilhante: ser vendida como mercadoria diante de nobres e predadores. O que ela não esperava era ser comprada por um homem ainda mais temido que ela. Alastair Adam Liriafrith, o Duque do Norte, conhecido como o Tirano de Varmond e Bastardo do Imperador, recebeu uma ordem imperial para destruir o mercado ilegal. Mas ao ouvir o nome Linperic, ele viu uma oportunidade perfeita — e fez a maior oferta já registrada. Não por piedade. Mas por estratégia. Afinal, ninguém jamais aceitaria no trono um homem casado com uma bruxa sanguinária. Ele não quer ser imperador. E ela não quer pertencer a ninguém. Unidos por um casamento forçado, movidos pelo ódio mútuo e manipulando as engrenagens do poder, Sophia e Alastair se tornam um escândalo vivo, uma afronta política, uma tempestade anunciada. Eles não foram feitos para se amar. Foram feitos para arruinar tudo ao redor. E assim nasce O Casal Infame do Império Enraven.
Leer másCapítulo 1 – A Última Oferta
O chão era de pedra crua, irregular, e absorvia o frio como uma esponja. Estava sentada nele havia horas — ou dias, não sabia mais — com os pulsos e tornozelos presos por correntes de ferro rústico. O metal tinha deixado marcas vermelhas na pele, algumas já arroxeadas. Sentia o sangue circular devagar pelos membros dormentes, como se até meu corpo estivesse cansado de resistir. Ao redor, o som abafado de gritos. Vozes masculinas disputavam entre risos e ordens. Alguns guardas. Alguns compradores. Algumas feras disfarçadas de gente. As paredes eram úmidas, mal iluminadas. Uma tocha distante tremulava e lançava sombras tremidas nas celas. Eu conseguia ver, mesmo com a pouca luz, os rostos ao meu redor. Mulheres. A maioria jovem. Algumas choravam. Outras estavam desacordadas. Uma ou duas rezavam baixinho por deuses que não respondem. Uma menina me fitava como se eu fosse um monstro. Tive vontade de rir. Talvez eu fosse mesmo. Minhas vestes estavam rasgadas até o joelho. O tecido sujo grudava na pele. Eu devia estar fedendo, mas todos ali fediam. Isso nivelava as coisas. O único luxo que me restava era o silêncio — porque ninguém ousava se dirigir a mim. Nem mesmo os guardas. Era quase cômico. Uma marquesa acorrentada numa casa de leilões clandestina. Uma nobre de sangue puro sendo tratada como um animal. Eu ainda carregava meu título, mesmo que ninguém mais o reconhecesse. Para eles, isso não importava. Bastava um apelido sussurrado no escuro para anular linhagem, direito ou história. Bruxa sanguinária. Era tudo o que viam quando olhavam para mim. Passei anos sendo caçada. Anos me escondendo, mudando de nome, vivendo entre lodo, floresta e poeira para não acabar assim. Mas eles me pegaram. Pela primeira vez. E decidiram que meu destino seria a prateleira. À venda. Olhei para minhas mãos feridas. O sangue seco entre os dedos lembrava que lutei até o fim. Quebrei dois dentes de um soldado antes de me jogarem neste buraco. Arranhei o rosto de uma dama nobre com minhas próprias unhas quando tentou me medir como se eu fosse uma mula. Não adiantou nada. Mas uma coisa era certa: podiam me vender. Podiam me acorrentar. Mas quebrar? Ainda não. Inclinei a cabeça para trás e encostei na parede fria. Respirei fundo, sentindo o ar úmido invadir os pulmões com gosto de mofo e ferrugem. Não havia janela. Não havia saída. Só a certeza de que em breve, alguém lá fora pagaria para me levar. E essa pessoa não fazia ideia da merda que estava comprando. O portão se abriu com estrondo. Um rangido metálico arranhou os tímpanos, seguido pelo som seco da tranca deslizando. Luz opaca invadiu o corredor e tocou o chão úmido. Estávamos no anexo subterrâneo — as celas. Onde se escondem os produtos mais perigosos ou, no meu caso, os mais indesejáveis. Dois homens entraram. Armaduras escuras, semblantes indiferentes. Um deles, mais baixo, segurava uma corrente com presilhas abertas. Seus olhos varreram os fundos da cela até pousarem em mim. Puxaram a porta de ferro com violência. O primeiro guarda avançou, agarrou a corrente que prendia meus tornozelos. Tentou me puxar, como se eu fosse algum animal de carga. Não reagi. Apenas mantive os calcanhares cravados no chão, me forçando contra a tração. O metal tensionou. Eu não cedia. — Levanta, bruxa. O outro se aproximou. Riu de canto. Murmurou que deviam “dar um jeito de mostrar mais pele” pra subir o lance. Enfiou os dedos na gola do meu tecido rasgado. Meus olhos encontraram os dele. Cuspi. — Vai tocar na sua mãe, verme. O cuspe acertou em cheio. Ele paralisou. O salão ainda não me via, mas o momento já era espetáculo para os carcereiros que riam ali por perto. O homem limpou a boca com as costas da mão, depois me golpeou com força. A cabeça virou. O gosto do sangue preencheu minha boca. Vi estrelas. Perdi o equilíbrio e eles aproveitaram. Um segurou meus braços, outro puxou meus pés. Fui arrastada pelo chão de pedra feito uma carga indesejada. As correntes arranharam minha pele, mas mantive o queixo erguido, mesmo com o rosto ardendo. Só quando as portas do salão principal se abriram é que compreendi o cenário completo: um espaço amplo, tomado por colunas escuras, tochas presas às paredes e degraus de pedra que levavam a assentos altos, ocupados por nobres e senhores vestidos em seda. O cheiro era de suor, metal e perfume enjoativo. Outros prisioneiros estavam posicionados ao longo do corredor. Homens de cabeça baixa, mulheres tremendo, crianças caladas com olhos secos demais para chorar. Um a um, iam sendo puxados para o centro, exibidos, avaliados, vendidos. E então me jogaram ali. Correntes tilintando, rosto ferido, vestes rasgadas. Sujeira, sangue seco, pés descalços. O salão explodiu em reações. Risos abafados. Comentários sujos. Algumas expressões tensas, outras excitadas. A plateia adorava esse tipo de espetáculo. Nada vendia tão bem quanto uma mulher difícil. E eu? Eu mantive o olhar em pé, mesmo no chão. Porque se iam me vender como um monstro… eu faria questão de parecer um. O silêncio que se seguiu durou pouco. Logo, passos ecoaram sobre as tábuas do palco improvisado, acompanhados por um rangido suave de madeira velha. O mestre do leilão subiu ao centro da plataforma com o corpo inclinado para frente e um sorriso treinado demais para ser humano. Usava luvas de couro, casaco púrpura com bordas douradas e a arrogância típica de quem se vê como elo entre a escória e a nobreza. Ergueu as mãos devagar. O salão silenciou, exceto pelo som das correntes e da respiração pesada de outros prisioneiros sendo conduzidos para fora. A voz dele soou teatral, envolta num tom meloso que me deu náusea: — Senhores e senhoras… nossa última e mais preciosa oferta desta noite. A heresia viva. A maldição que sobreviveu. A última Linperic. A tensão mudou de forma. O público reagiu de imediato — não com aplausos, mas com murmúrios carregados de medo e excitação. “Impossível…” “Achei que tinham sido todos mortos…” “Ela é uma bruxa.” “Será que sangra diferente?” E então as mãos voltaram. Puxaram-me pelas correntes presas aos pulsos. Meus pés descalços arrastaram no chão até tocarem a madeira gasta da plataforma. Cada passo doía — a pele dos calcanhares já estava cortada desde antes. Não reagi. A luz das tochas bateu direto no meu rosto. Uma tocha a cada canto do palco. Um círculo iluminado para a atração final. Eu. Fiquei ali, parada, observando as sombras dos nobres recortadas contra a luz. Vi anéis, mantos, máscaras de seda e dentes brancos demais em bocas sórdidas. Alguns recuavam, supersticiosos. Outros me analisavam como quem observa uma peça rara. Um ou outro… salivava. Eu encarei todos eles. Sem desviar. Sem piscar. Sem esconder o sangue que escorria do canto da boca desde a agressão anterior. O mestre de cerimônias rodou ao meu redor como um abutre vaidoso, descrevendo minha linhagem com uma mistura de desprezo e adoração: — Segundo os registros esquecidos… sua avó era conselheira de um antigo príncipe rebelde. Sua mãe, uma fugitiva caçada pela Igreja, que gerou esta criatura num ritual profano nas ruínas de Silinte. Era tudo mentira. Pausa para efeito. Ele olhou o público. — Mas hoje, senhores, ela está aqui. Vivendo. Respirando. E à venda. Continuou: — Observem com atenção… a pele pálida, delicada como porcelana e sensível ao sol. Os olhos? Azuis cristalinos. Cabelos longos, em tom platinado, quase branco, a marca indiscutível da linhagem Linperic, amaldiçoada e extinta. Não há runas, não há selos visíveis. Isso significa que seu sangue permanece puro e não selado. Um sangue que cura, envenena ou amaldiçoa… dependendo da intenção. Uma relíquia viva. Perfeita para rituais. Bela como uma joia rara. E letal como uma arma sagrada. Eu quis rir. A forma como eles moldavam minha história ao prazer de quem pagasse mais. Como se ser Linperic fosse um espetáculo pagão. Como se minha existência pudesse ser reduzida a objeto místico e utilitário com potencial destrutivo. Não disseram que eu era Marquesa. Não falaram do sangue nobre. Do título. Do direito. Só da maldição. Só daquilo que os fazia sentir medo… e desejo ao mesmo tempo. Aquele era o palco deles. Mas o nome que carregava nos ossos era maior que o salão inteiro. E eu esperaria. Observando. Porque o idiota que colocasse o valor mais alto naquela noite… não fazia ideia do que estava levando para casa. — Cento e vinte mil aureons! — gritou o leiloeiro, empolgado. A voz saiu engasgada, como se tivesse se surpreendido com o número. Virei os olhos na direção da voz. Um homem obeso, de roupas coloridas demais e dedos cobertos de anéis, abanava o rosto suado com um leque de penas. Olhos pequenos, famintos. Tão acostumado a comprar tudo que queria… que devia achar que estava adquirindo mais um “exótico de coleção”. Segundo lance. — Cento e cinquenta e cinco mil! — anunciou o assistente ao fundo. Um barão do Sul. Velho, enrugado, com a pele manchada e dentes de ouro. Usava uma bengala que tilintava toda vez que batia no chão. Estava com três acompanhantes jovens no colo. Todas riram quando ele sussurrou algo. Terceiro lance. — Cento e oitenta e cinco mil. Dessa vez, uma mulher. Roupas discretas, véu escuro cobrindo o rosto. As mãos entrelaçadas com luvas de renda preta. Ela murmurava algo — uma prece ou uma invocação. Ouvi a palavra “oferta” escapando de seus lábios. Cerimonial. Queria me usar como sacrifício provavelmente. O número subiu de novo. — Duzentos e vinte mil! O salão explodiu. Assovios, aplausos. Alguns xingamentos velados. O recorde da noite. A plateia vibrava como por um cavalo de guerra ou uma espada lendária. A boca do leiloeiro tremia de excitação. — Damas e senhores, é realmente um espetáculo! Alguém supera? Duzentos e vinte mil pela arma mais rara do império! Contando: um… Ele ergueu o martelo. E então, o som que estalou no salão não veio da madeira. Veio de cima. Uma voz. Baixa, firme. Com o tom de quem não pedia, ordenava: — Quinhentos mil aureons. Silêncio. O salão congelou. Os murmúrios morreram como uma vela afogada. Alguns engasgaram. Outros riram, sem graça. Um guarda deixou cair a lança. O leiloeiro, pálido, piscou várias vezes antes de repetir: — Q-Quinhentos mil… ofertados… da sacada leste.— Tentou soar firme. Falhou. — Valor aceito… pela figura… pela figura mascarada na sacada leste. Fechei os olhos. Respirei fundo. O ar era úmido, pesado, fedendo a suor, vinho e ganância. Quinhentos mil. Pensei no número. Soava surreal, quase patético. Só um lunático pagaria isso por uma bruxa sanguinária. Ou um predador. Ergui o olhar de novo, focando na figura na sacada. Continuava lá. Parada. Inabalável. Como se aquele espetáculo inteiro fosse só por diversão. Não consegui ver o rosto — o capuz cobria tudo. Mas mesmo à distância, mesmo com a luz contra, eu senti. Senti o peso do olhar dele. O tipo de olhar que não se distrai. Que não pisca. Que não vê uma mulher… mas um propósito. Minhas mãos se cerraram sem que eu percebesse. As algemas apertaram meus pulsos, forçando a pele rachada a arder. Não me importei. O medo veio rápido. Um estalo interno, uma descarga no estômago. Quente, ácida. Não era como o pavor de ser vendida. Esse eu já conhecia. Era outra coisa. Esse era pessoal. Eu havia passado anos fugindo de caçadores, inquisidores, mercadores, nobres tarados, fanáticos e oportunistas. Mas aquele ali… aquele homem não parecia ter vindo para me destruir. Ele parecia ter vindo para me usar. O martelo do leiloeiro bateu na madeira. — Vendida. A palavra soou seca. Final. Como uma sentença. A plateia bateu palmas. Algumas se levantaram, outras já se dispersavam. Para eles, o espetáculo tinha acabado. Para mim, tinha acabado de começar. Fui puxada de volta para o anexo pelas correntes nos tornozelos. O chão arranhava meus pés abertos. Não reclamei. O sangue já estava quente demais nas veias para sentir dor.Capítulo 55 – A Proposta para o Homem CorvoO silêncio permanecia denso dentro da cabana, como se o ar carregasse o peso das palavras ditas momentos antes. Rudbeckia mantinha os cotovelos apoiados na mesa, as mãos entrelaçadas, mas era impossível disfarçar a tensão em seus dedos. O contato visual com Adrian era constante, embora desafiador — havia algo naquele olhar vermelho que a obrigava a sustentar a própria dor sem desviar.— O nome dela é Natascia — começou, a voz mais baixa, mas firme. — Ela perdeu a mãe diante dos próprios olhos. E então se transformou… em lobo. Tentou a todo custo protegê-la. Mas não adiantou.Enquanto falava, as mãos começaram a tremer discretamente. O suficiente para que Alastair, ao lado, notasse e se inclinasse um pouco na cadeira, atento. Mas não interrompeu. Deixou que ela continuasse.— Desde então, ela mal fala. Mal come. Dorme pouco. Fica encolhida no canto da cama como se o mundo fosse um lugar que não pertence
Capítulo 54– Um Corvo entre LinpericsA cabana era simples, de madeira envelhecida, o cheiro forte de ervas secas misturado à fumaça que escapava de uma pequena lareira nos fundos. Havia apenas uma mesa baixa com cadeiras desalinhadas e algumas peles grosseiras cobrindo o chão de tábuas irregulares. Era um lugar isolado — e solitário. Exatamente como o homem que os havia guiado até ali.Agora vestido, ele trajava uma calça escura e uma camisa de tecido simples, ainda com alguns pontos molhados no colarinho por conta dos cabelos úmidos que pingavam discretamente. Os fios negros, lisos e longos, estavam presos de maneira frouxa atrás da cabeça, e a pele clara, marcada por cicatrizes finas, parecia ainda mais pálida sob a luz fraca que entrava pela janela.Sem dizer nada, ele se movia com gestos econômicos, quase silenciosos, enquanto preparava o chá. A água fervia devagar num bule gasto, e ele despejava as ervas com precisão. Nenhum movimento era apressado.
Capítulo 53 – O Homem do RioO homem estava parado no meio do rio, a água cristalina batendo pouco acima das coxas, moldando-se ao corpo alto e definido. Os cabelos pretos caíam encharcados sobre os ombros, alguns fios grudados no rosto de traços angulosos. As cicatrizes finas que desciam pela coluna contrastavam com a palidez da pele, dando à imagem um aspecto brutal e quase etéreo.Os olhos dele — de um vermelho profundo, vivo, cortante — se fixaram nos de Rudbeckia com intensidade desconcertante. No mesmo instante, tudo pareceu silenciar ao redor.Ela congelou. Os pés enraizados no chão, o corpo em tensão, o rubor subindo tão rápido que mal conseguiu reagir. Sentia o calor tomando o rosto, queimando as orelhas, o pescoço. Por um instante, não soube se era vergonha, medo ou outra coisa ainda mais difícil de nomear.— D-desculpe… nós… não sabíamos que… — balbuciou, erguendo as mãos para cobrir os olhos.O homem não se moveu. A postura fi
Capítulo 52 – O Homem CorvoEles caminhavam disfarçados pelas ruas movimentadas de Lisvard com um único objetivo: encontrar qualquer pista sobre o homem corvo citado nos rumores. A cidade, apesar de parecer comum à primeira vista, guardava histórias sussurradas entre comerciantes e viajantes, e bastava atenção para captar os fragmentos. O nome “Esardel” era arriscado demais para ser mencionado em voz alta, então Alastair orientara todos a ouvirem com cuidado, observarem os becos, os tipos incomuns de movimentação e, principalmente, perguntarem de forma indireta sobre homens de olhos vermelhos, aparência sinistra ou qualquer figura que se encaixasse na descrição de alguém que pudesse ser um sobrevivente daquela linhagem. Disfarçados como um casal qualquer, Rudbeckia e Alastair sabiam que bastava um deslize para perderem o anonimato — por isso andavam juntos, mas sem chamar atenção. Pelo menos, essa era a intenção inicial.As ruas de Lisvard estav
Capítulo 51 – Entregas e ConfissõesA água tremulava ao redor, moldando-se aos corpos que agora se moviam juntos dentro da banheira. Rudbeckia tentava formular alguma resposta, qualquer frase que retomasse o controle da situação, mas as palavras simplesmente não vinham. A respiração dela era trêmula, os músculos tensos, e mesmo assim, tudo em seu corpo parecia ceder.Alastair se inclinou com a respiração quente, os olhos fixos nos dela — famintos, possessivos. Quando falou, a voz saiu rouca, carregada de desejo contido:— Já chega.Antes que ela pudesse reagir, ele a puxou com firmeza. O beijo aconteceu no instante seguinte, sem hesitação. Era intenso, úmido, dominado por uma urgência que dispensava sutilezas. Os lábios dele tomavam os dela com uma mistura de controle e desespero. As mãos dele percorriam as costas nuas dela de forma firme, como se quisesse decorar cada linha, cada curva, e a pele dela parecia ainda mais sensível sob a água quente.
Capítulo 50 – A Invasão DescaradaO trinco girou com um estalo suave. Rudbeckia abriu os olhos, confusa por um segundo, achando ter imaginado o som — até que a porta se abriu devagar, revelando a figura inconfundível de Alastair no vão. Ele entrou com uma tranquilidade absurda, como se invadir a sala de banho alheia fosse parte da rotina diária.— O que você pensa que está fazendo?! — a voz dela saiu mais aguda do que pretendia.A água balançou quando ela se encolheu, cobrindo o peito com os braços e recuando até grudar as costas na borda da banheira. O rosto já ardia antes mesmo de conseguir processar completamente a situação.— Garantindo sua segurança — respondeu ele, como se dissesse que o sol nasceu no leste. — Pode ser perigoso tomar banho sozinha.Rudbeckia o fitou, incrédula. O silêncio ficou carregado de indignação e vergonha. Ele realmente não estava fazendo isso. Estava?— Isso é a desculpa mais absurda que já ouvi! —
Último capítulo