Capítulo 9 – Feras em Jaulas
A carruagem balançava com mais violência do que o normal. As rodas raspavam contra pedras soltas, e cada solavanco me lembrava que eu estava longe de qualquer segurança real — mesmo envolta por soldados armados até os dentes.
Levantei o tecido da cortina e espreitei por entre a fresta. A paisagem havia mudado.
Pedras altas e úmidas margeavam a estrada agora, como dentes de um animal antigo cravados na terra. A vegetação se fechava em espinhos e sombras. Árvores retorcidas pareciam nos vigiar de cima, ocultas pela neblina que engrossava a cada passo. O som dos cascos soava abafado, como se o próprio chão estivesse tentando silenciar nossa passagem.
Um dos guardas cavalgava próximo à janela. Ombros tensos, olhos varrendo os arredores sem descanso. Ouvi quando ele murmurou, achando que ninguém escutaria:
— Lugar perfeito pra emboscada…
Não discordava. Cada centímetro daquele caminho gritava armadilha.
Fechei a cortina e encostei as costas na parede de m