Capítulo 10 – Fronteiras de Gelo O cheiro de sangue ainda ardia nas narinas. Estava em toda parte. Na lama, nas roupas, nos gritos que se apagavam um por um. O confronto tinha cessado, mas o caos deixava um rastro. Sempre deixa. Corpos inertes, uns contorcidos, outros partidos. Os guardas se moviam rápido, arrastando feridos, verificando os que ainda tinham pulso. A maioria não tinha. Eu continuava de pé, no meio daquilo tudo, com o peito arfando e as correntes pesadas nos pulsos. O sangue quente que escorria pelo meu pescoço não era meu — ainda. E só por isso eu permanecia ali. Vi quando ele limpou a espada com o manto rasgado de um dos mortos. Sem cerimônia. Sem pressa. Como se tivesse cortado um tronco de árvore, não gargantas humanas. Depois, veio até mim. O passo firme, a expressão ilegível. Os olhos de gelo. Parou a menos de dois metros, me analisando como se eu fosse um enigma mal esculpido. — Não sabia que os Linperic sabiam se mover assim — disse ele, com a mesma frieza
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