Capítulo 53 – O Homem do Rio
O homem estava parado no meio do rio, a água cristalina batendo pouco acima das coxas, moldando-se ao corpo alto e definido. Os cabelos pretos caíam encharcados sobre os ombros, alguns fios grudados no rosto de traços angulosos. As cicatrizes finas que desciam pela coluna contrastavam com a palidez da pele, dando à imagem um aspecto brutal e quase etéreo.Os olhos dele — de um vermelho profundo, vivo, cortante — se fixaram nos de Rudbeckia com intensidade desconcertante. No mesmo instante, tudo pareceu silenciar ao redor.Ela congelou. Os pés enraizados no chão, o corpo em tensão, o rubor subindo tão rápido que mal conseguiu reagir. Sentia o calor tomando o rosto, queimando as orelhas, o pescoço. Por um instante, não soube se era vergonha, medo ou outra coisa ainda mais difícil de nomear.— D-desculpe… nós… não sabíamos que… — balbuciou, erguendo as mãos para cobrir os olhos.O homem não se moveu. A postura fi