Leonardo não queria ser tutor de ninguém — muito menos de uma garota jovem, linda e cheia de vida como Isadora. Aos 45 anos, maduro, reservado e traumatizado por um passado que insiste em voltar à tona, ele acreditava ter total controle sobre suas emoções... até que ela entrou em sua casa, em sua rotina, e lentamente, em sua pele. Isadora tem 19 anos e não acredita em limites quando o assunto é desejo. Desde o momento em que cruzou o olhar com o homem responsável por sua guarda, soube que ele seria o único capaz de despertá-la por completo. E está disposta a tudo para conquistá-lo — mesmo que ele lute contra o que sente com todas as forças. Mas o que começou com tensão e desejo proibido logo se transforma em algo mais profundo e perigoso. Quando o passado de Leonardo retorna na forma de uma ex-amante desequilibrada e psicótica, o jogo muda. Agora, o que os une é mais do que paixão: é sobrevivência. Ciúme, obsessão, tensão erótica, e uma ameaça invisível rondam esse romance ardente e sombrio, onde o amor pode ser a salvação… ou a ruína.
Ler maisIsadora Estava cansada daquela sensação de ser pequena demais para ele. Como uma adolescente encantada pelo professor. Uma órfã se apaixonando pelo homem encarregado de cuidar de sua vida.Talvez meu pai tenha confiado demais.Talvez ele tenha achado que eu ainda era uma garotinha.Mas eu não era.E agora, ele deixou minha guarda nas mãos de um homem que nem imagina o que está fazendo comigo.Um homem que eu desejo no pior — ou melhor — dos sentidos.Mais tarde, preparei um chá e fui para a sala de música. Sentei ao piano e deixei os dedos correrem pelas teclas. Era minha fuga. A única maneira de silenciar o desejo que me tomava cada vez que Leonardo passava perto de mim, com as mangas da camisa dobradas, revelando os antebraços fortes.Me perdi nas notas até ouvir a porta ranger.Não parei de tocar.Mas soube.Era ele.O perfume amadeirado, discreto, o precedeu. Meu coração acelerou.— Você toca bem — ele comentou, com a voz baixa.— Aprendi sozinha. Ou quase. Minha mãe tocava. Foi
IsadoraDesde o instante em que meus olhos encontraram os dele naquela sala fria e luxuosa, algo em mim quebrou.Deveria estar de luto. E estava. Mas não era só pela perda. Era também pela presença avassaladora de um homem que não fazia sentido ali, naquele contexto de dor — e mesmo assim, dominava tudo com o simples ato de respirar.Leonardo Ferraz.Meu tutor.O homem que, por obrigação judicial, deveria cuidar de mim.Mas que, por ironia cruel, despertava tudo que eu mais tentava enterrar.Ele era um monumento de arrogância e controle. Alto, com ombros largos e uma elegância que parecia natural. Caminhava como quem sabe que o mundo se curva diante dele. E seus olhos… aqueles olhos negros, frios como o inverno e profundos como abismos. Bastava me olhar por dois segundos e eu sentia o ar falhar nos pulmões.A voz dele então…Grave.Autoritária.O tipo de voz que não aceita réplica.E eu… me odiava por sentir um arrepio só de ouvi-lo pronunciar meu nome.Tentei resistir. Juro que tente
LeonardoPassei o dia inteiro fora.Era proposital.A distância era meu único escudo. E mesmo esse, aos poucos, começava a falhar.Na empresa, os números batiam com perfeição. Os contratos avançavam. As metas estavam todas dentro do previsto. No papel, minha vida seguia intocável.Mas eu sabia que bastava cruzar a porta de casa para tudo ruir de novo.Quando cheguei, o sol ainda desaparecia no horizonte. O céu tinha tons alaranjados e uma leve brisa noturna fazia as árvores balançarem no jardim. Estacionei o carro, respirei fundo antes de entrar. Não pelo cansaço, mas pela antecipação.Sabia que ela estaria lá.E, por mais que eu quisesse negar, isso mexia comigo.Subi para o quarto, tirei a gravata, lavei o rosto. Ainda não havia sinal dela. Pela primeira vez, me vi desejando que ela aparecesse. Apenas por um instante.Não demorou muito.A voz da governanta me avisou que o jantar estava servido.Desci com passos lentos, contei cada degrau, tentando me manter centrado. Entrei na sala
LeonardoEncontrei a casa em silêncio ao voltar naquela noite. Mais silenciosa do que o habitual.Nenhum som de passos, nenhum ruído vindo do andar de cima. Nem a TV ligada, nem o tilintar da louça. Era como se o tempo tivesse parado por algumas horas ali dentro.Passei pela sala de estar, nada.Biblioteca, nada.Jardim, vazio.Meu maxilar travou. Subi as escadas com passos firmes, guiado por um incômodo que não fazia sentido. Eu não era um homem que se preocupava com ninguém. Mas alguma coisa me dizia que aquele silêncio… não era natural.A porta do quarto dela estava entreaberta. Bati duas vezes, como exigia a etiqueta que aprendi desde garoto — mesmo que aquela situação estivesse muito além da etiqueta.— Isadora?Nada.Empurrei a porta com cuidado.Ela estava sentada no chão, ao lado da cama, abraçando uma peça de roupa que reconheci imediatamente. Um velho casaco de seu pai, o mesmo que ele sempre usava nos dias frios aqui em casa.Os olhos dela estavam vermelhos, mas secos. O ro
Leonardo Dois dias. Era só o que tinha se passado desde a chegada dela. Dois longos e malditos dias nos quais minha casa perdeu o silêncio absoluto que eu tanto prezava. Era como se o ar estivesse mais denso. As paredes mais vivas. E minha paciência… mais curta. Isadora não fazia barulho. Não era desorganizada. Não era inconveniente. O problema era outro. Ela estava por toda parte. Na sala, lendo. Na cozinha, mexendo no chá. No jardim, caminhando descalça. O som da sua risada contida ao telefone com alguma amiga me desconcertava. Mesmo sua presença em silêncio me afetava como nenhuma outra mulher jamais conseguiu. Aquilo estava ficando perigoso. E eu odiava perder o controle. Chamei-a para uma conversa no fim da tarde. Ela apareceu na sala com um short de algodão e uma regata branca que deixava os ombros à mostra. Cabelos soltos, pés descalços. — Chamou? — disse, casual, como se morássemos juntos há anos. — Sente-se. Precisamos conversar. Ela se acomodou no sofá, cruzando
Leonardo Acordei antes do despertador. Era meu hábito. Disciplinado, metódico, previsível — três palavras que definem minha vida há décadas. Mas, naquela manhã, algo me escapava. A casa não estava mais em silêncio. Havia passos no corredor. Leves. Cautelosos. Ela estava ali. Levantei, vesti minha camisa branca impecável, ajeitei os botões com calma. Passei pela porta do quarto, e meus olhos encontraram a porta dela entreaberta. Fechada à noite, agora com uma pequena fresta. Sinal de que ela se levantou cedo. Ou não dormiu. Desci as escadas. A cozinha já estava com cheiro de café fresco. Não era o aroma preparado por minha governanta. Era outro. Mais forte, mais doce. Ela estava lá. Sentada à bancada, de pijama e moletom, os cabelos soltos caindo pelos ombros. Um rastro ainda visível de tristeza nos olhos inchados. Não me viu entrar. Estava alheia, mexendo o café devagar, olhando fixamente para a xícara como se ela pudesse responder alguma das perguntas que giravam em sua mente
Leonardo A manhã começou como qualquer outra: café forte, silêncio absoluto e os jornais sobre a mesa, organizados por ordem de importância. Eu odiava imprevistos. Era assim que me mantinha no controle — e o controle era tudo o que me restava. — Senhor Ferraz… — a voz de Marcos, meu secretário, soou pela porta entreaberta. — Temos um problema. Levantei os olhos, impaciente. Detestava quando começavam uma frase assim. Problemas só existiam para quem não sabia prever as consequências. — Entre. E seja breve. Ele entrou visivelmente tenso. Suava. Isso não era comum. Larguei o jornal, ajeitei os punhos da camisa e encarei-o diretamente. Só então percebi que algo estava realmente errado. — É sobre João Alves… seu motorista. — O que tem ele? — Sofreu um acidente, senhor. Grave. Ele e a esposa não resistiram. O hospital ligou agora. Um silêncio espesso caiu sobre a sala. João. Meu motorista há mais de vinte anos. Leal, discreto. Nunca me pediu nada… exceto uma única vez. Lembrei do