Isadora
Desde o instante em que meus olhos encontraram os dele naquela sala fria e luxuosa, algo em mim quebrou.
Deveria estar de luto. E estava. Mas não era só pela perda. Era também pela presença avassaladora de um homem que não fazia sentido ali, naquele contexto de dor — e mesmo assim, dominava tudo com o simples ato de respirar.
Leonardo Ferraz.
Meu tutor.
O homem que, por obrigação judicial, deveria cuidar de mim.
Mas que, por ironia cruel, despertava tudo que eu mais tentava enterrar.
Ele era um monumento de arrogância e controle. Alto, com ombros largos e uma elegância que parecia natural. Caminhava como quem sabe que o mundo se curva diante dele. E seus olhos… aqueles olhos negros, frios como o inverno e profundos como abismos. Bastava me olhar por dois segundos e eu sentia o ar falhar nos pulmões.
A voz dele então…
Grave.
Autoritária.
O tipo de voz que não aceita réplica.
E eu… me odiava por sentir um arrepio só de ouvi-lo pronunciar meu nome.
Tentei resistir. Juro que tente