capítulo 11

Leonardo

Na empresa, fui um tirano. Descarreguei minha fúria em contratos com erro mínimo, reuniões sem foco, funcionários atrasados um minuto. Meu olhar era cortante. Minha voz, mais firme do que nunca. Ninguém ousou me questionar. Sabiam que eu estava com o diabo no corpo. O problema é que o diabo tem nome. Isadora. A cada intervalo, a cada suspiro entre os relatórios, ela voltava. Como um veneno lento que corre pelas veias sem aviso. Durante uma apresentação, um pensamento atravessou minha mente com violência: "Se eu tivesse uma filha, jamais permitiria que ela se envolvesse com um homem como eu." A frase ecoou. Repetidamente. Como uma sentença. Porque eu sou esse homem. O homem que João confiou. O homem que assinou um papel dizendo que protegeria a filha dele. O homem que agora… deseja a menina que prometeu cuidar. João deve estar se revirando no túmulo. Se soubesse como olho pra ela... Se soubesse que às vezes acordo suando, com o nome dela queimando minha língu
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