Isadora
Estava cansada daquela sensação de ser pequena demais para ele. Como uma adolescente encantada pelo professor. Uma órfã se apaixonando pelo homem encarregado de cuidar de sua vida.
Talvez meu pai tenha confiado demais.
Talvez ele tenha achado que eu ainda era uma garotinha.
Mas eu não era.
E agora, ele deixou minha guarda nas mãos de um homem que nem imagina o que está fazendo comigo.
Um homem que eu desejo no pior — ou melhor — dos sentidos.
Mais tarde, preparei um chá e fui para a sala de música. Sentei ao piano e deixei os dedos correrem pelas teclas. Era minha fuga. A única maneira de silenciar o desejo que me tomava cada vez que Leonardo passava perto de mim, com as mangas da camisa dobradas, revelando os antebraços fortes.
Me perdi nas notas até ouvir a porta ranger.
Não parei de tocar.
Mas soube.
Era ele.
O perfume amadeirado, discreto, o precedeu. Meu coração acelerou.
— Você toca bem — ele comentou, com a voz baixa.
— Aprendi sozinha. Ou quase. Minha mãe tocava. Foi