Mundo de ficçãoIniciar sessãoVitória é uma enfermeira jovem e batalhadora. Ela vai para um baile na comunidade apenas querendo curtir. Lá acaba se envolvendo e se apaixonando por MJ, ela pensa que ele é apenas um músico, contudo, após um grande engano e da pior maneira, ela vai descobrir que ele é o dono do Morro e que o irmão de MJ, conhecido como Bravo, é o cara mais temido da favela. Vitória vai ser sequestrada e acusada de entregar o comando e sentenciada. Resta saber se MJ irá salvá-la ou ficar do lado de Bravo.
Ler maisMaicon Jhequison, vulgo MJFeito um otário emocionado, fui para o lado de fora da quadra, esperando que Victória preenchesse meus olhos com seu rosto de boneca e suas roupas esquisitas. Era um misto de bom e assustador o que eu sentia ao estar perto dela. Queria mostrar à Victória um lado meu que poucos conhecem precisava que ela curtisse o Maicon antes de conhecer o MJ.Já a via se aproximando, com seu andar quase flutuante, vestindo um longo vestido florido. Quem, em sã consciência, vem assim para o samba? Ela era a mulher que conseguia fazer meu coração e meu corpo pulsarem no mesmo ritmo. Achei que, quando a visse chegar, minha ansiedade diminuiria, mas foi um erro enorme — assim que a vi diante de mim, tudo o que queria era me aproximar o mais rápido possível. Por sorte, parecia que ela tinha a mesma pressa, pois acelerou o passo na minha direção.— Vim ver com meus próprios olhos. — Quenedi chegou estragando a cena. — Um pouco magra... — disse, analisando Victória de cima a baix
Maicon Jhequison, vulgo MJ— Fala pra mim, Maicon, na moral... tá amarradão na crente? — A voz de Diana cortava o vento enquanto voltávamos de moto para casa. Ela, como sempre, não parava de tagarelar.— Tô afim da Loiruda, ué. Qual o problema? — respondi, firme, mas sem querer dar muito papo.— Não é só tá afim... tô sacando você todo emocionado pra cima da mina, escondendo quem é de verdade. Tá com vergonha de ser o MJ?Fiz um muxoxo e revirei os olhos.— Fala sério, pirralha. Vai brincar de boneca e não me enche, porra.Pelo retrovisor, vi Diana erguer os ombros e fazer aquela expressão de “foda-se” que ela dominava tão bem. Porém, assim que desceu da moto na porta de casa, soltou um alerta que me deixou pensativo:— Não deveria, mas vou te deixar ligado... Se a crente é importante pra você, é bom contar logo a ela quem você é de verdade. O viadinho tá te sacando e, se ele fizer isso primeiro, talvez ela fique com raiva de você.Não respondi nada. Apenas fiquei observando minha irm
Maicon Jhequison, vulgo MJAquela noite já estava boa… mas eu queria mais. Queria o golpe final: meu samba entre os três finalistas.A batida da bateria vibrava no meu peito como um tambor de guerra, e o sorriso que a mina me deu lento, convidativo, foi como um estalar de dedos dizendo que a noite ia mudar de rumo.Não sei onde a minha irmã tinha se metido, e pouco importava. Naquele momento, parecia que o mundo tinha se apagado, e só restávamos eu e ela naquela quadra lotada.— Oi, Loiruda… — deixei escapar, com um sorriso, olhando-a de cima a baixo. — Queria mesmo te ver. Não te esperava aqui.— Por que não? É proibido loira no samba? — devolveu, com aquele tom que misturava deboche e curiosidade.— Não. — ri, de forma lenta, carregada de malícia. — É só olhar… tá cheio de loira por aqui. Loira de pentelho preto, mas ainda é loira.O líquido claro que ela segurava no copo oscilou na luz quando levou aos lábios. Justo quando eu ia continuar descrevendo as “loiras de farmácia” que cir
MJ…Calça branca de brim impecável, camisa jeans de manga média, alguns botões abertos de propósito para dar aquele ar de malandro estiloso. Na cabeça, um chapéu de aba curta, adornado com uma faixa verde, representando com orgulho a cor da minha escola. A quadra de samba Faz Quem Pode sempre foi meu território, o meu templo. Era onde eu mais me encontrava comigo mesmo, onde eu podia ser de verdade quem eu era. Ali também estavam as lembranças mais preciosas, talvez os melhores momentos que já vivi, especialmente ao lado da minha rainha.O tráfico me dar poder. Dinheiro para comprar o que eu quisesse, respeito e medo na mesma medida. Mas a música… a música me completava de um jeito que o crime nunca conseguiria. Era ela que me mantinha humano. No meu mundo, não existe retorno. Uma vez dentro, a porta se fecha. Não que eu quisesse sair dele, mas eu queria equilíbrio. Queria, pelo menos por algumas horas, ser só eu, sem o peso do apelido que carregava.Para o Quenedi, meu irmão, isso er
MJA puxava pelas tranças. Assim, não machucava tanto, da última vez que a levei pelo braço, Diana fez tanta força contra mim que o braço magro dela ficou roxo por dias. Parecia até que eu tinha espancado minha própria irmã. Não que alguém tivesse alguma porcaria a ver com isso… mas eu gosto que me temam pelo motivo certo, não por fofoca errada. Pelos cabelos, ela não puxava; vinha andando comigo calada, no passo curto, com medo de desarrumar o penteado.— Me solta, Maicon Jhequison… não vou fugir. — A voz dela veio carregada de desafio, mas baixa.Sem olhar para trás, respondi seco:— Você já me enganou duas vezes hoje. Que tipo de otário eu seria se deixasse acontecer a terceira?— Cadê o educadinho que tava falando com aquela maluca loira vestida de crente, hein? — rebateu, arqueando a sobrancelha. — Já voltou a ser o MJ de sempre?— Nunca fui o MJ com você. — continuei a caminhar, segurando as tranças, enquanto ela se curvava para proteger o cabelo.— Não! — a indignação dela cres
ALGUMAS SEMANAS ANTES...Victória PassaredoA vida nunca foi fácil para quase ninguém, mas a minha ficou ainda mais complicada quando meu pai faleceu e minha mãe decidiu voltar para sua cidade natal com meus irmãos. Apesar de eu ter nascido no Rio, toda a minha família é de lá. O custo de vida em onde minha mãe nasceu seria muito menor do que no caríssimo Rio de Janeiro.Eu, no entanto, resolvi ficar. Aqui estava construindo minha vida. Minha mãe não gostou da ideia de me deixar sozinha na segunda maior metrópole do país, mas acabou concordando. Ela sabia o quanto eu estava focada em me organizar financeiramente e que não me deixaria dominar pelas futilidades da vida. É claro que se divertir faz parte e é saudável, mas não do jeito que Sirley e Brenda faziam.Meus amigos saíam quase todo santo dia. Sirley, que puxava plantão comigo no hospital, parecia ter energia infinita: passava a madrugada na pista e ainda enfrentava 24 horas seguidas de trabalho. Brenda não trabalhava; estudava
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