Mundo ficciónIniciar sesiónAnne Lopes deixou o Brasil em busca do sonho que qualquer profissional teria: trabalhar na sede da Crystal Joias, uma das maiores empresas do ramo no mundo. O que ela não esperava era que o novo chefe fosse a definição de perfeição — e de problema. Lee Yong, jovem, rico, bonito e frio como um diamante. Presidente da empresa e filho do fundador, ele não acredita em distrações… até conhecer a nova secretária. Entre reuniões, ordens ríspidas e olhares proibidos, Anne tenta manter o foco no trabalho, mas cada segundo ao lado dele é um teste para o coração — e para o autocontrole. Ele é comprometido, inacessível, e, ainda assim, irresistível. O que acontece quando o dever e o desejo colidem dentro da mesma sala?
Leer másAqui estou eu.
No aeroporto de Incheon, Coreia do Sul. Duas malas, um contrato de trabalho de um ano… e o coração batendo mais rápido do que nunca. Depois de três anos na filial brasileira da Crystal Joias, finalmente consegui o que sempre desejei: uma transferência para a sede da empresa em Seul. É uma substituição temporária, com prazo definido… mas para mim, é muito mais do que isso. É a minha chance de ouro. A oportunidade de mostrar ao mundo ,e a mim mesma que eu mereço estar entre os melhores. O voo foi longo, cansativo, turbulento. Tentei dormir, mas o nervosismo venceu o cansaço. A cada parada para conexão, meu cérebro repetia o mesmo mantra: “Essa é a sua chance, Anne. Não estrague tudo.” Revisei mentalmente o vocabulário coreano, os protocolos de etiqueta empresarial, os relatórios que estudei nos últimos meses. Tudo parecia perfeitamente cronometrado. Lembro de ter lido em fóruns, blogs e vídeos que “ser brasileira na Coreia do Sul não é nada glamouroso”. Confesso que isso me deixava apreensiva. Mas também li que o sucesso começa com coragem. E eu vim disposta a ser corajosa. Falar fluentemente coreano e inglês me colocou alguns passos à frente. Ter sido escolhida entre tantos candidatos da filial brasileira me deu ainda mais confiança. Mas pisar aqui, com os pés em solo coreano… é quando tudo se torna real. Assim que saí da área de desembarque, avistei uma mulher elegante segurando uma plaquinha com meu nome: “Anne Lopes – Crystal Joias”. Ela sorriu com gentileza, e seu coreano era claro, pausado ,o tipo de voz treinada para receber estrangeiros. — Senhorita Anne? Seja bem-vinda à Coreia do Sul. Meu nome é Jisoo. Sou responsável por fazer sua integração inicial aqui,disse ela, com um leve aceno. Agradeci com uma reverência educada, e seguimos até o carro da empresa. No caminho, ela me explicou tudo com calma: meu apartamento temporário estava localizado em um bairro tranquilo e moderno de Seul, a apenas quinze minutos da sede da Crystal Joias. Não teria carro inicialmente, mas o transporte da empresa estaria à disposição quando necessário. — O salário mensal é de 8.500.000 won — explicou, e eu tentei não arregalar os olhos. Isso dava mais de trinta mil reais por mês! Era mais do que eu ganharia em dois ou três empregos no Brasil.— É mais do que suficiente para que você tenha uma vida confortável aqui. Além do valor, a empresa também cobre o aluguel, plano de saúde e algumas despesas de alimentação. — Seu cargo será de secretária executiva e assessora pessoal do CEO. — continuou ela. — Por enquanto, você ficará sob a supervisão do vice-presidente executivo, Lee Hyun, que a acompanhará nos primeiros dias. Assenti com um sorriso nervoso. Já tinha ouvido falar de Lee Yong, o CEO. Uma verdadeira lenda corporativa. Exigente. Impecável. Um tanto… intimidador. “Se ele disser ‘bom dia’, é porque alguém será demitido antes do almoço.” Foi o comentário mais marcante que li num grupo de ex-funcionários no F******k. Quando chegamos ao apartamento, fiquei sem palavras. Era um studio elegante, moderno, com móveis em tons de creme e azul, uma cama king size, uma cozinha compacta, varanda com vista para a cidade e janelas enormes que deixavam o sol dourado atravessar as cortinas translúcidas. Coloquei a bagagem de lado e caminhei até a sacada. A cidade parecia viva, pulsante. Carros passavam velozes, letreiros em neon começavam a acender. O cheiro de comida de rua flutuava no ar. Eu estava mesmo na Coreia. E tudo isso… era meu novo começo. Peguei o celular, animada para ligar para minha família. Mas ao ver o horário… suspirei. Duas da manhã no Brasil. “Melhor deixar pra amanhã”, pensei. Tomei um banho quente, organizei algumas roupas no armário e me joguei na cama com um sorriso besta no rosto. Realizei meu sonho. ⸻ No dia seguinte… Acordei cedo, vestindo jeans, camiseta e um casaco leve. Tinha uma semana para me adaptar antes de começar oficialmente, mas decidi aproveitar para conhecer a região. Peguei um mapa virtual e tracei uma rota até a sede da Crystal Joias. O prédio era impressionante: vidros espelhados, mais de vinte andares, uma recepção com painéis digitais, elevadores inteligentes e um jardim vertical que se estendia por três andares. Tudo ali transbordava luxo e perfeição. Passei horas caminhando por ruas famosas, lojas temáticas, cafés descolados. Anotei lugares para visitar nas folgas: uma livraria charmosa no bairro de Hongdae, um karaokê em Gangnam, um restaurante de sopas que aparecia em doramas e um cinema com salas privativas. À noite, voltei para casa esgotada — mas com o coração leve. Foi quando o celular vibrou. Número desconhecido. — Alô? — atendi, curiosa. — Senhorita Anne Lopes? A voz era firme, autoritária. — Sim… sou eu. Quem fala? — Aqui é Lee Hyun, vice-presidente da Crystal Joias. Meu coração deu um salto. — A funcionária que a senhorita substituiria precisou retornar ao país de origem antes do prazo combinado. Por esse motivo, o cronograma de integração precisou ser antecipado. Ele fez uma breve pausa, como se aguardasse minha reação. — Precisamos que a senhorita comece amanhã pela manhã. Meu estômago afundou. — A-ainda amanhã? — Sim. Esteja na sede às 7h30 em ponto. Não se atrase. O presidente Lee Yong não tolera atrasos. Silêncio. — Está claro? Engoli em seco. — Sim, senhor. Estarei lá. A ligação caiu. Fiquei parada por alguns segundos, encarando a tela do celular. Senti o frio na barriga retornar, mais forte do que no aeroporto. Era real. E começaria amanhã. Fechei os olhos por alguns segundos, tentando absorver tudo o que estava acontecendo. A vida que eu sempre quis… finalmente estava diante de mim. E por mais que a ansiedade batesse à porta, havia algo mais forte pulsando dentro do meu peito: gratidão. Gratidão por não ter desistido. Por ter enfrentado cada desafio. Por ter acreditado que eu podia mais. Ali, sozinha naquele apartamento iluminado pelo céu noturno de Seul, com a cidade vibrando do lado de fora e uma nova jornada prestes a começar… eu prometi a mim mesma: vou dar o meu melhor. Não importa o que aconteça.O ambiente estava formidável. Nayeon pendurada no meu braço como se fosse um troféu de gala, o pai dela me observando com aquele olhar de quem ainda não sabe se me aprova, e a mãe dela quase me colocando no colo, como se tivesse medo de eu cancelar o noivado ali mesmo. E pra piorar o meu domingo — e provavelmente a minha vida — Anne chegou. Com ele. Kang Jeon. Por que diabos a minha secretária estava chegando com o Kang Jeon? Minha secretária. No carro de um dos maiores acionistas da empresa. Sorri, porque CEOs não franzem a testa, eles controlam expressões. Mas por dentro, o sangue fervia. Nayeon notou, é claro. Nayeon sempre nota. — Oppa, o Jeon veio? — perguntou, apertando meu braço como quem marca território. — Veio. — respondi, forçando um sorriso que provavelmente teria feito um psicólogo chorar. — E trouxe companhia, pelo visto. E então Anne surgiu — linda, simples, com aquele vestido azul claro e o cabelo solto que parecia ter sido feito pra distrair
O celular vibrou em cima da cama, me arrancando do raro momento de paz de um domingo. Olhei pra tela e suspirei. Nayeon. Claro que era ela. — Alô? — atendi com a voz de quem ainda negociava com o travesseiro. — Anne! Já está pronta? — a voz dela era animada demais pra alguém viva num domingo de manhã. — Pronta pra quê, exatamente? — Pro almoço, ué! — respondeu como se fosse óbvio. — O Kang Joon está indo te buscar. Demorei uns segundos pra processar. — Espera… o Kang Jeon? Aquele Kang Jeon? — Exatamente. Esteja pronta em meia hora. — Nayeon, eu posso ir sozinha, sério. Eu conheço o caminho. — Nem pensar. Ele insistiu em te buscar. — E desligou antes que eu pudesse argumentar. Fiquei olhando pro celular, incrédula. — Claro. Porque é completamente normal um dos maiores acionistas da empresa virar motorista de funcionária num domingo. Gipsy, esparramado no sofá, levantou a cabeça e me encarou com aquele olhar julgador de sempre. — Eu sei o que você tá pens
Acordei com a cabeça latejando e o estômago virado do avesso. Abri os olhos e o teto da sala girava. Literalmente girava. Tentei levantar. Erro número um. Corri cambaleando até o banheiro e me ajoelhei na frente da privada, implorando mentalmente pra que o universo tivesse piedade de mim. O soju me traiu. Todos eles. De pêssego, morango, uva, maçã verde, melão… até um que tinha gosto de chiclete — todos desfilando agora pelo meu arrependimento. Mas convenhamos: no Brasil uma garrafinha dessas custava caro e era rara de achar. Então, quando vi o cardápio ontem, resolvi tirar o atraso da vida. O resultado tava ali: eu, meio viva, meio morta, tentando lembrar meu nome. Vomitei até a alma. Depois de alguns minutos de pura humilhação e arrependimento, sentei no chão frio do banheiro, com o cabelo colado na testa e a dignidade drenando pelo ralo. A lembrança começou a vir em flashes. O karaokê. A Nayeon rindo alto demais. E eu… Caindo no colo do meu chefe.
O jantar seguiu normalmente, até minha mãe retomar o assunto que eu estava evitando a semana inteira. — Amanhã teremos almoço com os pais da Nayeon — disse ela, como quem tenta parecer casual. Revirei os olhos e respirei fundo. — Sim, mãe. Ela fez questão de me lembrar disso… só umas dez vezes hoje. — Você sabe qual é o propósito desse almoço, não sabe? — Sei, mãe. — Levei o copo de água aos lábios. — E o que quer que eu diga pra eles? Ela cruzou os braços. — Que está pronto pra seguir em frente, como um homem. Suspirei. — Mãe, eu não posso casar agora. Já falei. Olha pro meu pai. Ela tentou sorrir, como quem já tinha decorado esse diálogo. — Eu já disse: vocês podem morar aqui. Essa casa é grande o bastante pra todos. — De novo isso, mãe? — soltei, a voz mais alta do que pretendia. — De novo essa conversa? O silêncio tomou conta da mesa. Olhei pro prato, depois pro meu pai, que tentava manter o olhar firme apesar do tremor nas mãos. De repente, o apetite s
Nayeon está demais. Apaixonada demais. Grudenta demais. Ciumenta demais. Insuportável demais. Desde que voltamos da última viagem, não sai do meu pé. Antes, ela mal aparecia na empresa. Agora, faz questão de vir todos os dias, como se fosse funcionária. Fica plantada na minha sala, falando sem parar sobre casamento, viagens e planos que eu nunca aceitei. Ela sabe que estou diferente. Sabe que o problema tem nome e sobrenome. Anne Lopes. Agora está tentando marcar território. Hoje mesmo, ela teve a audácia de sugerir que eu transferisse Anne pra empresa dos pais dela. Alegou que amou a Anne e que a queria ao lado dela, como secretária pessoal. Mentira. O que ela quer é afastar Anne de mim. Ela chegou a dizer, rindo, que queria “roubar a minha secretária”. E o pior é que está mexendo nos detalhes, manipulando as coisas do jeito mais sutil possível. Mandou trocar o guarda-roupa da Anne, dizendo que queria “padronizar o visual corporativo”. As peças elegante
Estou plerplexa com a “doçura” da Nayeon. Hoje, ela praticamente implorou pro diretor Lee Yong me ceder pra ela. Sim, implorou. Ela queria que eu me tornasse a secretária pessoal dela. — Por favor, oppa! — disse ela, manhosa, segurando o braço dele. — A gente arruma outra pra você. Ele se recostou na cadeira, respirou fundo e respondeu sem nem levantar o olhar do computador: — Não. — Oppa, você sabe que eu amei ela! Ela é perfeita pra mim. Ele ergueu os olhos devagar, com aquele olhar que faz qualquer um se endireitar. — Você tem noção do trabalho que a gente teve pra conseguir ela? — disse, no tom frio e direto de sempre. — Não vou abrir mão. Ela franziu a testa. — Oppa… — Nayeon, ela é perfeita pra empresa. — completou, sem alterar a voz. Juro que me senti como um troféu disputado. Meu chefe e a noiva dele discutindo sobre mim como se eu fosse um item caro que ambos queriam exibir. No fim, Nayeon fez biquinho e cruzou os braços. Ele suspirou e revirou
Último capítulo