Alejandro Albeniz é o herdeiro bilionário de uma empresa de aviação, no dia que tomaria posse da presidência da empresa, ele faz um voo com a nova aeronave da organização. o vôo tem uma pane misteriosa e ele sofre um acidente, um bombeiro que estava indo se casar põe a vida em risco para salva-lo e muda sua vida para sempre. O destino coloca em sua frente novamente uma mulher que lhe causou sentimentos fortes à primeira vista. Ximena estava super feliz, iria se casar com amor da sua vida. Ela fica aguardando na igreja o noivo que não chega, ao invés, aparece um executivo que ela tinha conhecido há dias atrás e lhe passou uma cantada. Ximena já criou uma antipatia por ele, mas quando ela sabe que seu noivo morreu para salva-lo, ela sente raiva. Ele fará de tudo para se aproximar e sanar a dor dela e ela só vai querer distância do homem que ficou vivo enquanto seu noivo morreu.
Leer másXimena Valverde
Quando minha mãe insistiu que eu fizesse meu casamento na Basília de San Juan Dios, eu achei um exagero fora do tom. Eu queria uma igreja simples e pequena, não essa exuberante, já na fachada decorada com obras de arte barroca e um monumental de entrada flanqueada por colunas salomônicas. Mas a verdade é que agora me sentia uma princesa, que iria encontrar seu príncipe, que a aguardava ansioso no altar. O motorista trajado como tal, abriu a porta e meu pai e eu descemos da limousine alugada. Meu vestido era o mais simples que consegui convencer a minha mãe a comprar, na verdade, mandamos fazer. Não queria anáguas, ficar parecendo um cupcake, mas da extensa grinalda não consegui fugir. Enquanto puxava metros de pano de dentro do veículo, vi meu irmão e minha mãe descerem as escadas à frente da basílica, eles chamaram meu pai em um canto e cochicharam algo não audível para mim. Já com a grinalda enrolada no braço, me aproximei, querendo saber o que eles falavam. — Volta para o carro minha filha. — Nem consegui perguntar, antes que eu pudesse abrir a boca, meu pai exigiu. — Tem que aguardar lá, seu noivo ainda não chegou, está atrasado. — O quê!? — não podia acreditar, eu iria matar o Carlos. Lembrei-me de como na noite anterior, meu noivo me suplicou que não demorasse a chegar na igreja e foi ele quem fez aquele papelão comigo. O motorista iria ter que ligar o ar condicionado da limousine. Optei por me casar de dia, achava mais bonito, o problema era que o calor junto à tensão, poderiam borrar a obra-prima que ficou minha maquiagem. Antes de voltar para o carro, pedi meu telefone para ligar para o Carlos, minha mãe não me deu e disse que eles estavam ligando. Ainda chamou minha atenção com suas crenças tolas, me mandando voltar logo para o carro, pois meu noivo poderia aparecer e me ver de noiva antes de entrar na igreja. A contragosto, eu obedeci e fui vendo o tempo passar. (...) Uma hora e quarenta minutos dentro do carro, não tinha só o motorista da limousine falando que iria ter taxa extra, também tinha eu em pânico, sem entender o que estava acontecendo. Até que o mulherio apareceu na minha frente, minha mãe, sogra e cunhada. — O padre vai cancelar o casamento. — as três mais histérica do que eu, falaram em uníssono. — Sem notícias do Carlos? — elas menearam a cabeça em negativo. — Eu vou matar seu filho, Alma! — Querida, meu Carlinhos vai chegar, ele te ama. O problema é que está tudo congestionado por causa do acidente que teve no viaduto. — Acidente? — Questionei, com os olhos arregalados. — Será que…? — Não pense besteira, minha filha. — minha mãe me confortou. — Esse acidente não tem nada a ver com o Carlos, foi o um helicóptero da empresa que seu pai trabalha e só tinha o piloto dentro e só ele morreu. — Não atingiu nenhum pedestre? — Perguntei, não me conformando com as informações que me foram dadas. — Não, cunhada, foi só o piloto, meu irmão tá bem, preso no engarrafamento. — Então, falaram com ele? — perguntei aflita. — Porque ele não veio com a moto? Ele não ficaria preso. — Estava cada vez mais desesperada. — Não. Carlos estava vindo com a gente no carro, na metade do caminho lembrou que esqueceu as alianças e voltou para buscar. Desceu do carro, pegou o primeiro táxi, na pressa, deixou o telefone comigo. — Roberta, minha cunhada, tentava me explicar. — Bom, filha, o padre não quer esperar. Nós já explicamos a ele sobre o trânsito caótico, mas ele está irredutível. — minha mãe disse. — Ah, mas ele vai me ouvir, vai ter que entender! — falei, movendo os braços para sair do carro. Decidida, desprendi a maior parte da grinalda, deixando apenas a mais curta. — Ximena, o que você vai fazer? Filha, tenha paciência! — Sem dar a mínima para o pedido da minha mãe, subi as escadas até o tapete vermelho, adentrando o lugar santo, que mais parecia um palácio. Meu pai sabia quando eu estava chateada e logo tratou de me seguir, nenhum deles gostaria que eu passasse do ponto com o homem santo em cima do altar bem na frente da imagem de Cristo e da Virgem Maria. — Padre, sei que já falaram do meu problema para o senhor, eu só preciso que tenha um pouco mais de paciência. — Já tive toda paciência, mas daqui a pouco é horário de outro casamento, a outra noiva precisa casar. — E eu não? — questionei afoita. — Claro que tem, desde que tenha um noivo para se casar. O seu não pareceu, aceite isso apenas. O que ele quis dizer com “aceite isso apenas”? — O senhor está me dizendo que meu noivo me abandonou no dia do nosso casamento? — eu praticamente gritei dentro da igreja. — Não sei, mas trânsito não há de ser o problema. Se ele tivesse largado o carro e vindo a pé, já teria chegado, o engarrafamento é aqui perto, no viaduto central. — Padre, perdão, mas o senhor está sendo cruel. — meu pai o chamou a atenção. — Um pouco de realidade faz bem, meu filho, senão, ela ficará aqui na espera de alguém que não vai chegar. E naquele momento, mesmo na frente da imagem de Cristo, perdi o controle. Com a voz embargada, comecei a falar: — O senhor nunca amou e não sabe o sentimento que o Carlos tem por mim. Por isso, trata essa situação com frieza! — Filha, respeite o padre! — minha mãe segurou no meu braço. — Deixa eu falar, mãe! — voltei a minha atenção ao homem de batina. — O senhor escuta o que estou te dizendo, o amor da minha vida me ama, o homem que eu vou passar o resto dos meus dias vai entrar por aquela porta a qualquer momento. E quando meu indicador apontou para porta, a moto estacionou quase dentro da basílica. Ele desceu todo esfarrapado, o terno todo rasgado, o melhor o que sobrou da vestimenta. Seu corpo estava coberto por uma fuligem negra, que só o reconheci por causa do seu olhar da cor do oceano. Todos o olhavam sem entender, ele veio andando a passos lentos pelo tapete vermelho, mancando e com sangue escorrendo do supercílio, nas suas mãos, a caixa de veludo, provavelmente com as alianças dentro. — Você! — foi o que ele disse, visivelmente espantado. — Não acredito. — Não entendo… — me limitei a dizer. Estava confusa, o que se passava ali?Ximena Valverde Era para tudo estar calmo em nossas vidas — era para ser o fim da tormenta. Mas, como sempre, a justiça da Espanha conseguiu arranjar um jeito de bagunçar tudo de novo. Iker Pavel, o último envolvido direto no meu sequestro, havia sido finalmente capturado na América do Sul. Com ele, boa parte do dinheiro pago pelo resgate foi recuperado. Deveria ser um alívio. Mas, como nada é simples, veio a bomba: a juíza decidiu conceder liberdade provisória para Mercês responder ao processo fora da prisão. O mais revoltante? Ela teve dinheiro para pagar os 500 mil euros de fiança. Para completar o absurdo, veio à tona o verdadeiro testamento de Seu Antônio. O documento dividia os bens da seguinte forma: 80% para Alejandro e os 20% restantes para Roberto. Mas havia uma cláusula maldita — Alejandro teria a obrigação de pagar uma mesada de 350 mil euros para Mercês. Ele tentou de tudo para cancelar essa exigência, não por avareza, mas porque ela, simplesmente, não merecia. S
Alejandro AlbenizFazia dois dias que eu estava naquele quarto de porão. Dois dias sem ver a luz do sol, sem saber as horas, sem qualquer noção do tempo — apenas eu, acorrentado, tentando entender como e por que Mercês havia se tornado tão obcecada por mim.O quarto era um verdadeiro altar doentio à minha história. Havia fotos de todas as fases da minha vida: infância, adolescência, juventude adulta. Roupas minhas penduradas — com destaque perturbador para peças íntimas — e, ao centro, um grande tabuleiro de dardos com imagens de todas as mulheres que fizeram parte da minha vida. Cada foto tinha um dardo cravado no olho. Mas a de Ximena... a de Ximena era a mais mutilada. Dardos cobriam todo o seu corpo, como se ela fosse o principal alvo da loucura de Mercês.Meus braços estavam algemados acima da cabeça. As pernas, presas com correntes a argolas no chão. A posição era torturante, mas nada doía mais do que a presença constante dela. Mercês surgia a todo instante, me tocava, murmurava
Ximena Valverde Eu praticamente tive que fugir de Madri.Foram dias tensos, angustiantes. Jacques e eu estávamos desesperados com o sumiço de Alejandro. Há dois dias, não conseguíamos nenhum contato com ele. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Silêncio absoluto.A preocupação só aumentava, mas o pior foi que meus pais tentaram me impedir de todas as formas de voltar para Granada. Alejandro havia falado diretamente com eles, pedindo — ou melhor, suplicando — que não me deixassem sair de Madri sob nenhuma hipótese. Ele queria me proteger, disso eu não duvidava. Sabia que ele estava envolvido com algo perigoso, e fazia o possível para me manter afastada disso. Mas não podia deixá-lo sozinho. Essa luta não era só dele. Era nossa.— Jacques, precisamos ir agora. — Eu disse, determinada, segurando o celular com as mãos trêmulas. — Não vou abandoná-lo.— Concordo. Também estou preocupado com ele — respondeu Jacques, o semblante sério. — Prepare-se. Partimos ainda hoje.Eu liguei para Jacques
Alejandro AlbenizSaímos do prédio do mesmo jeito que entrei: na base da encenação. Catalina estava tão fraca, que mal conseguia firmar os pés no chão. As pernas dela tremiam como se o corpo estivesse há dias sem entender o que era firmeza ou estabilidade. Me partia o coração vê-la assim, com o rosto pálido, o olhar ainda perdido, os lábios rachado pela desidratação, e mesmo assim, havia nela uma força silenciosa. Valério e o outro enfermeiro, a apoiaram como se fôssemos três amigos saindo de uma visita informal. Um de cada lado, eu no meio, ela encostada no meu ombro como se apenas estivesse tonta, como se estivesse zonza pelos efeitos dos medicamentos, ou algo assim.A adrenalina me fazia suar frio. Era só dar um passo em falso, só um olhar atravessado de alguém mais atento, que tudo poderia ir por água abaixo. Mas ninguém desconfiou. Talvez fosse isso mesmo o mais absurdo: ninguém nunca desconfiava de nada por lá.Assim que atravessamos os portões e entramos no carro que aluguei co
Alejandro Albeniz— Catalina... — sussurrei, com a voz embargada pelo choque, pelo absurdo da realidade à minha frente.Os olhos dela se abriram de imediato, arregalados, opacos pela dor e por algo que eu só poderia descrever como uma ausência de fé. Ela me olhou como se eu fosse uma miragem. Como se minha presença ali fosse mais uma brincadeira sádica da sua mente torturada.— Você... — a voz dela era um fio quebradiço, frágil. — Você é só mais um dos meus sonhos... um sonho até que... delirante. Porque de todas as pessoas que imaginei que viriam me salvar... nenhuma era você. Seria bom demais para ser verdade...Engoli em seco, ajoelhado ainda diante dela, com o estômago embrulhado. Era Catalina. Meu Deus, era ela! Estava ali, destruída, trancafiada como um animal doente. E mesmo assim, ainda era ela.— Eu não sou um sonho, nem delírio. Eu estou aqui, Catalina. E eu vou te tirar daqui. — prometi, com mais força do que eu imaginava ser capaz de reunir naquele momento.Ela balançou a
Alejandro AlbenizEu sabia que teria que voltar àquele hospital maldito. Depois da ligação que Mercês recebeu, algo me corroía por dentro. Um pressentimento insistente, um alerta agudo como sirene de incêndio martelando no fundo da minha consciência. Ela descobriu. De algum modo, Mercês sabia das minhas visitas ao hospital psiquiátrico. Não fazia ideia de como, mas sabia.Agradeci em silêncio à força que me fez pedir o telefone do enfermeiro Valério antes de sair dali da última vez. Talvez tenha sido o instinto, ou talvez a intuição que crescia quando a verdade começava a se remexer sob a superfície da loucura.Liguei para Valério. Ele não estava de plantão, mas topou ir comigo até o hospital. Sua disposição me pareceu honesta, e mais do que nunca, eu precisava de aliados.Tentei sair da mansão sem chamar atenção. Era quase meia-noite quando desci as escadas devagar, sem sapatos, respirando com cuidado para não fazer barulho. Cruzei a sala como um ladrão prestes a fugir da própria cas
Último capítulo