Mundo de ficçãoIniciar sessãoApós descobrir que sua irmã estava grávida do seu noivo. Stella Ferreira descobriu que além de trocar de lugar com a sua irmã no dia do seu próprio casamento, ela vai ter que casar com o prometido da sua irmã.
Ler maisO Ultimato no Corredor
Stella Ferreira O tapete persa parecia uma névoa sob meus pés. Eu não o enxergava, apenas sentia a maciez enquanto a “Marcha Nupcial” de Mendelssohn envolvia a igreja como um véu de promessa. A igreja, a decoração, tudo foi pensado especialmente para esse momento. Minha mão estava firmemente enlaçada ao braço do meu pai, e eu via o brilho nos olhos de Gabriel, meu noivo, esperando-me no altar. Tudo estava perfeito. As orquídeas brancas, o vestido de seda que levou meses para ser bordado, a promessa de uma vida com o homem que eu amava... Mas um obstáculo na minha vida sempre teve um nome: Bianca. A poucos metros da entrada do salão principal, meu pai parou. Pensei que era nervosismo, mas o ar subitamente rarefeito me alertou. Foi quando a ouvi. Minha irmã, Bianca, linda e pálida em um vestido de “madrinha” que parecia ter sido costurado para roubar o foco. Ela estava escorada na coluna de mármore do hall de entrada, e me puxou para um canto cego do cerimonial. - Você não pode casar com ele, Stella. - Ela sussurrou, a voz surpreendentemente calma para o que estava prestes a se desenrolar. Eu ri, um som nervoso. - Bianca, me solte. Estão todos esperando. – disse nervosa, ela não podia nem me deixar ser feliz no dia do meu casamento? Tinha que querer atrapalhar de alguma forma? Ela não soltou. Seus olhos, idênticos aos meus, mas sempre com um brilho de fome que os meus não tinham, fixaram-se nos meus. E então, ela proferiu a frase que rasgou meu mundo como seda barata. - Eu estou grávida. E o filho é do Gabriel. O ar fugiu dos meus pulmões. As notas triunfais da Marcha Nupcial pareceram um escárnio. - O quê? Você está mentindo. – Não era possível ela inventar aquela história agora. - Não estou. - Ela respondeu, levantando o queixo com uma convicção gélida. - Você sabe que não estou. – Nessa hora o mundo parecia um subido distante. Aquele lugar que era o começo da minha felicidade, tinha ficado tão distante, tão frio... - Eu vi seu exame no lixo do seu banheiro, Stella. Aquele positivo. Mas não importa. O meu bebê é o que vai salvar o nome da família de um escândalo. A “minha” gravidez é a que importa agora. – Ela sussurrou somente para que eu ouvisse. Esse era o plano dela, fazer um escândalo tão grande, que ninguém iria acreditar em mim. Eu cambaleei, e meu pai, sempre mais preocupado com a fachada do que com o meu coração, segurou-me firme. Ele havia ouvido tudo sobre Gabriel ser o pai do bebê da minha irmã. - Não seja ridícula, Bianca. - Ele sibilou, mas seus olhos já estavam calculando a margem de prejuízo. O casamento, por mais que fosse um contrato, um negócio, eu amava Gabriel. - Ridícula? Papai, “eu” vou dar um neto junto ao Gabriel a vocês. E agora? Você vai deixar uma das herdeiras do império Ferreira ser humilhada em público por um 'deslize' da caçula? Ou vamos fazer o que é certo? – ela sempre conseguia mudar tudo a seu favor. Desde que minha irmã descobriu que pode me tirar doces e bonecas de mim, Bianca veio se aperfeiçoando ao longo dos anos. O que era "certo", para minha família, nunca foi o que era justo. Era sempre o que a mídia esperava. Era o que salvava as aparências. - Cerimonialista, pare a música! - a voz grave do meu pai ecoou no hall. - Precisamos de cinco minutos! Houve uma... - Ele pigarreou, incapaz de dizer "traição". "... houve uma complicação familiar. A igreja já estava cheia, a música tinha parado, os cochichos começaram. E assim, minha entrada triunfal se transformou em uma corrida patética para a saleta do padre nos fundos da igreja, onde uma briga de família explodiu sob os afrescos de santos que pareciam nos julgar. Lá, os pais de Gabriel, o casal Carvalho, estavam chocados com a notícia dita tão bruscamente. A Sra. Carvalho, que sempre me adorou e desprezou Bianca por sua frivolidade, parecia prestes a desmaiar, mas seu marido foi direto ao ponto. - Deus, você vai ser pai, com uma mulher que não é sua noiva! - Ele vociferou para Gabriel, que estava paralisado, inútil como sempre. - É o nosso neto que está em disputa aqui! O que diabos você fez, seu idiota? Naquele momento, senti a verdade se solidificar: o bebê era o escudo de Bianca, e o meu filho não era nada. Ela tinha visto meu teste de gravidez. Ela soube que eu também estava esperando um filho de Gabriel, mas agiu primeiro. Planejou a confissão, usou o escândalo para virar o jogo, e me calou com a urgência de seu "sacrifício". Eu levantei a mão para falar, para gritar que eu também estava grávida, mas meu pai me fuzilou com o olhar, antes que eu pudesse respirar. - Silêncio, Stella! Não piore as coisas. Não podemos ter dois escândalos. Se a gravidez de Bianca for a pública, como acha que vai ser? É a ela que Gabriel deve se casar. - A frase b**e forte, era como um soco seco. A palavra do meu pai foi um martelo. Naquele pequeno cômodo, sob o olhar horrorizado do padre, meu casamento foi cancelado. Meu noivo, o amor da minha vida, foi roubado. E a irmã que jurei proteger, a mesma que me apunhalava agora, sorria com uma ponta de vitória nos lábios. - E quanto a mim, papai? - Eu perguntei, sentindo meu estômago embrulhar. - O que sobra para a noiva rejeitada? Pois é isso que vai falar! Meu pai apertou a testa, buscando uma solução que garantisse o silêncio da mídia. Seus olhos encontraram os de minha mãe, e eles trocaram um olhar de decisão rápida e cruel. - O casamento acontecerá. - Minha mãe interveio, com a voz dura e fria. - Só a noiva será trocada. Bianca se casará com Gabriel. E você, Stella... – Eu já estava tão devastada que somente encarei aquelas palavras como uma piada infame. - Vai se casar com o noivo da sua irmã. – Eu ri, não era um sorriso feliz, era algo escandaloso e incoerente com a seriedade que estava acontecendo naquela sala. O que viria a seguir era um preço que eu jamais poderia imaginar. Eu não tinha mais Gabriel. Eu não tinha mais o direito à minha história. O que sobrou? Apenas a ponta do iceberg que estava afundando a família Ferreira. Eu olhei para Bianca, que me encarava como se tivesse me dado um presente. Meu ódio silencioso, a primeira pontada de fúria que eu nunca soubera que tinha, começou a ferver. Ela havia conseguido. Ela roubou meu futuro. E ela me deixou com o noivo que ela nunca quis. - Vocês estão me falando que Bianca vai ficar com Gabriel, já que ele é o pai do filho dela. – Digo mais alto do que qualquer decorro. – Eu que fiz tudo certinho. Fui a filha a ajuizada e perfeita! Vou ser punida com o noivo que claramente Bianca nunca aceitou? – A sala ficou em silêncio. - Stella... – Gabriel tentou argumentar. - Eu também estou grávida, Gabriel... – Bianca riu alto. - Você está sendo patética! Quer mesmo inventar essa mentira? Quer arruinar a nossa família? – Avancei pra cima dela. - Não pode machucar a sua irmã, Stella! Ela está gravida! – Coloco as duas mãos na cabeça. - Não... isso é loucura... – Digo rindo histericamente. – Gabriel, eu não estou nem entrando no mérito que você é um canalha por ter ido para a cama com a minha irmã, mas a defender? – Não reconheço mais aquele homem. - Stella, não podemos correr esse risco, se todos sabem que sua irmã está grávida do seu marido, vai ser o nosso fim! – minha mãe diz chorosa. Todos da sala acreditavam em Bianca, ela que veio com a história de gravidez... Ela tinha armado tudo. Ninguém acreditaria em mim, falariam que eu estava inventando. Deus, como eu pude ser tão boba?! Neste exato momento, o burburinho de vozes foi silenciado por um som mais seco e autoritário: a porta da saleta foi aberta com força. Ele estava aqui... - Não pode ser...Bônus: O CEO e a Logística do Caos Doméstico Dante Moretti A decisão de liberar Stella para um dia inteiro no spa não foi um ato de generosidade, mas sim um movimento estratégico. Nosso pacto, após o nascimento dos gêmeos, Sérgio e Sara, era que a cada três meses, Stella teria 24 horas de silêncio absoluto. Ela merecia. Eu, como CEO e Patriarca, tinha o dever de executar a missão. A Mansão Moretti, com seus vinte mil metros quadrados, nunca pareceu tão pequena e tão perigosa. Alexandre, aos onze anos, estava quase na puberdade, exibindo a fase "só falo o essencial" e tentando parecer um adulto cínico. Aurora, nossa princesa de cinco anos, era o meu consultor de operações de fofura, controlando-me com uma única lágrima de crocodilo. E os gêmeos, com dois anos, eram uma força da natureza: dois pequenos terroristas do caos que operavam em sincronia perfeita, destruindo qualquer ordem estabelecida. — Eu volto às nove da noite. Sem ligações. Sem emergências. — Stella me beijou,
Epílogo: A Família de SeisStella MorettiCinco anos depois...O tempo, que antes corria em ciclos de contratos, mentiras e negociações, agora era medido pelo peso dos braços que me abraçavam. Os últimos cinco anos foram uma revolução silenciosa na Mansão Moretti, a substituição definitiva do mármore frio pelo riso constante.Eu estava sentada em uma toalha de linho na nossa praia particular, perto da casa de Angra, observando o mar. O sol do fim de tarde que pintava o céu com tons de laranja e rosa. Ao meu lado, sob a sombra suave de um guarda-sol de vime, a cena que resumia a minha vida atual.Eram dois pequenos embrulhos de sono profundo: os gêmeos, Sérgio e Sara. Essa era a hora sagrada dos cochilos, uma hora que os meus dois pequenos terremotos descansavam. Sérgio e Sara. Meu segundo milagre. Minha segunda gestação, que veio de forma natural e surpreendente, cerca de três anos após o nascimento de Aurora. Mas se a primeira foi a prova da redenção de Dante, a segunda foi a prova
✨ Aurora: O Derretimento do Aço Dante Moretti Sempre fui um homem que respeita o controle. Minha vida inteira foi arquitetada em torno da certeza: se o plano A falhar, o plano B já está sendo executado, e o plano C está pronto para ser lançado. O nascimento de Alexandre, há seis anos, foi um caos controlado pela frieza do contrato e pela incerteza. O nascimento de Aurora foi o meu maior ato de rendição. Os nove meses haviam sido a mais pura paz. Stella, radiante, carregava a prova de nossa cura, a menina que iríamos amar sem reservas. Mas quando as contrações começaram, na madrugada de uma terça-feira chuvosa, o CEO de trinta e tantos anos se transformou em um homem assustado, vestindo um pijama de seda ridículo e procurando as chaves do carro. — Stella, está doendo? Quanto de dor? Precisamos de uma escala de 1 a 10. Você comeu? Temos a maleta no carro? - Eu perguntava como se não tivesse passado por isso antes. Sendo que na verdade, posso ter mais dez filhos, acho que irei
A Princesa Moretti? O Jardim de Amor Floresce Stella Moretti Os meses se desdobraram em uma tranquilidade que eu nunca soube que era possível. Esta gravidez era o oposto polar da primeira, que foi marcada pelo medo, pela insegurança e pelo peso de um contrato. Agora, tudo era leve, protegido e, acima de tudo, nosso. Desta vez, a única pressão que senti foi a suave, mas firme, mão de Dante na minha barriga, a cada noite, antes de dormir. Ele estava diferente. O CEO Moretti continuava a dominar o mercado, mas o homem que voltava para casa era um marido e pai transformado. Ele não me via como a portadora de um herdeiro necessário; ele me via como a mãe do nosso milagre. Eu tive uma gravidez tranquila, quase como se o próprio universo estivesse compensando o caos do passado. As náuseas matinais foram breves, o cansaço, gerenciável. A cada ultrassom, Dante estava lá, sentando-se ao meu lado, não com a tensão de quem espera uma sentença, mas com o fascínio de quem assiste a um espe
O Segundo Milagre: O Mensageiro da Esperança Stella Moretti Seis meses. Foi o tempo que a Dra. Helena nos pediu para esperar após a cirurgia de Dante. Seis meses para que a cura se manifestasse, para que o corpo de Dante, livre daquela obstrução silenciosa, voltasse a operar em sua plenitude. E para mim, foi a espera mais fácil e mais difícil da minha vida. Fácil, porque a pressão havia desaparecido. Não havia mais agendamentos de laboratório, não havia injeções hormonais, não havia a frieza científica que marcava as tentativas de ter um filho no passado. Havia apenas a liberdade de amar, a promessa de Capri de que a partir de agora, o nosso planejamento seria espontâneo. Difícil, porque a cada ciclo, a cada atraso, a velha ansiedade tentava rastejar de volta, sussurrando: E se não funcionar? E se a varicocele fosse apenas um detalhe, e o problema for mais profundo? Mas eu tinha feito uma promessa a Dante, e o meu foco era a sua cura emocional. Nós vivemos esses seis meses co
Uma Viagem Inadiável: O Presente da Gratidão Dante Moretti O avião particular pousou em Viracopos às duas da manhã. A viagem de Bruxelas havia sido uma névoa de reuniões e fusões, mas minha mente estava longe de contratos e market caps. Estava em São Paulo, na Mansão Moretti, com Stella. O caminho até o Jardim Europa parecia mais longo do que o voo transatlântico. Eu estava ansioso. A microcirurgia havia sido há três meses. Foi um procedimento rápido, discreto, um mero item na minha agenda, mas emocionalmente, foi a maior cirurgia da minha vida. A Dra. Helena havia removido uma obstrução física; Stella havia removido a mágoa que eu carregava. Quando entrei em casa, a Mansão estava em seu silêncio majestoso. Encontrei Stella no nosso escritório, ainda acordada, lendo um livro à luz fraca do abajur. Ela estava vestida com um roupão de seda, o cabelo solto, e a visão dela, a minha paz materializada, me atingiu com força. — Você está acordada. — Minha voz estava rouca pelo cans





Último capítulo