Ela foi escolhida pelos anciões para ser a Luna do Alpha, mas ele a rejeitou sem hesitação. No entanto, sem saída, aceitou o casamento imposto, apenas para consumar a união e abandoná-la logo depois. Sozinha e desprezada, ela descobriu a pior das traições: seu companheiro estava nos braços de sua própria irmã. Quando confrontou o Alpha, seu corpo a traiu antes que ele pudesse sequer se justificar. Grávida. A notícia enfureceu a irmã, mas ela se calou... até o momento perfeito para agir. Em um duelo cruel, a loba foi derrotada e jogada de um penhasco, desfigurada e condenada a uma transformação inesperada: tornou-se humana. Resgatada e cuidada por humanos, ela sobreviveu. Três anos se passaram, e a doce Luna de outrora não existia mais. Agora, irreconhecível, ela cruza o caminho do Alpha novamente. Ele não a reconhece, mas algo nele grita por ela. Entre um copo e outro, ele revela que sua alcateia está em ruínas desde que perdeu sua verdadeira Luna e que agora luta todos os dias para sobreviver e proteger seu filho. Quando ela pergunta sobre a mulher que destruiu seu casamento, ele responde com frieza: “Ela foi a primeira a virar as costas para mim... e agora se envolve com o Alpha que quer me ver morto.” Mas o que ele fará quando descobrir que a mulher que tanto procura está diante dele? E que o passado não pode ser enterrado tão facilmente?
Leer másO silêncio pós-batalha era tão ensurdecedor quanto o próprio combate. A clareira, ainda tingida de sangue e fuligem, parecia respirar junto com os lobos que restaram em pé. Aurora observava os corpos sendo recolhidos com um aperto no peito. Cada perda era uma cicatriz nova. Cada ferido, uma dívida com a Lua.O filho dormia em segurança na cabana dos anciãos, guardado por guerreiros leais e pelos encantamentos do círculo lunar. O pequeno corpo ainda exalava um brilho tênue. A energia da Lua ainda o envolvia, mesmo adormecido.Aurora caminhava entre os destroços com os pés descalços. Sentia o chão falar com ela. O sussurro dos mortos. As raízes feridas da floresta. A mágoa da terra profanada pelo sangue do Alfa Exilado.Kael a encontrou na beira do rio, onde lavava os braços ainda sujos de batalha.Kael: "Ele foi destruído, mas não vencido. O corpo caiu. A alma dele... não descansará tão fácil."Aurora: (olhos fixos na correnteza) "Eu sei. A Lua disse que a guerra não acabou. Que o verd
A floresta estava inquieta. Os pássaros não cantavam e o vento parecia sussurrar presságios nas folhas. O cheiro da terra molhada pela chuva recente misturava-se a algo mais denso. Algo que Aurora sentia nos ossos.Na manhã seguinte ao confronto com Agnes, a aldeia despertou mais cedo. As crianças foram levadas para as cavernas protegidas e os anciãos acenderam as tochas cerimoniais nas bordas do território. A presença do mal tinha sido sentida por todos, e o silêncio entre os lobos era um aviso.Aurora acordou com o filho aninhado em seu colo, o pequeno com os olhos prateados abertos, encarando a luz que filtrava pelas frestas da cabana. Seu instinto dizia que algo estava prestes a acontecer.Aurora: "Hoje não vamos treinar. Hoje, só vamos observar."Ela o vestiu com cuidado, trançou os próprios cabelos e saiu com ele preso em seu peito, envolto em um xale cerimonial azul. A cor da sabedoria. A cor dos avisos antigos.Ao sair da cabana, Aurora viu Kael já a esperando na clareira.Kae
O céu da manhã seguinte estava encoberto por nuvens escuras. A luz da Lua ainda pairava sobre o horizonte, como se recusasse a partir. Era um presságio. A floresta sabia. O povo também. A ameaça não tinha terminado. Ela apenas esperava o momento certo para voltar, mais letal.Aurora acordou com o coração apertado. Seu filho dormia profundamente, agarrado à pele de lobo que ela mesma havia costurado para ele. Mesmo dormindo, os olhos dele tremiam sob as pálpebras — sonhava. E Aurora sabia que, cedo ou tarde, a Lua também falaria com ele.Lá fora, a reconstrução continuava, mas a tensão era palpável. Aurora reuniu os anciãos na clareira. O círculo estava mais carregado que nunca. As runas cravadas nas pedras brilhavam em vermelho pálido. Kael, de rosto grave, foi o primeiro a se pronunciar.Kael: "A presença dos exilados não é apenas um desafio físico. É um desafio espiritual. Agnes canalizou forças que jamais deveriam ter sido tocadas."Aurora: "E ela não está sozinha. Há algo — ou alg
Os dias que seguiram à proclamação de Aurora como líder da alcatéia foram marcados por mudança e silêncio. As celebrações cessaram, e o povo voltou ao trabalho com mais afinco. Não havia mais desculpas. A nova liderança exigia ordem, reconstrução, estabilidade.Aurora acordava todos os dias antes do sol. Dedicava-se ao treinamento dos jovens guerreiros, ao plantio, aos estudos com os anciãos e, acima de tudo, à criação de seu filho. O menino agora andava com firmeza, falava palavras simples e já aprendia sobre as fases da lua. Era seu pequeno universo. Sua razão.Damon, por outro lado, afastou-se do centro da aldeia. Construiu uma cabana nos limites da clareira e ali vivia em silêncio. A vergonha era um fardo que pesava mais do que qualquer castigo imposto. Ele assistia de longe o crescimento do filho, a força de Aurora, e via naqueles gestos tudo o que havia perdido.Kael, o mais velho entre os anciãos, observava Damon em silêncio até que, certa noite, aproximou-se dele.Kael: "Você
O novo dia chegou com um vento frio, incomum para a estação. Era como se os deuses da floresta estivessem em vigília, atentos a cada passo dado dentro do território recém-reconquistado. Aurora despertou antes do sol nascer, como sempre fazia. Seu filho dormia profundamente, abraçado ao pequeno lobo de pelúcia feito à mão que Kael lhe dera como presente. Ela se levantou em silêncio e saiu da cabana, respirando fundo o ar da manhã. Os olhos buscaram instintivamente o céu, e ali, entre as nuvens carregadas, a Lua ainda pairava, pálida, mas presente. Aurora fechou os olhos. Aurora: "Eu cumpri meu dever. Reconstruí o que ele destruiu. Mas eu não posso carregar esse fardo sozinha." A brisa pareceu responder, gélida, roçando sua pele como um sussurro. Era sempre assim — a Lua nunca dava respostas diretas, apenas sinais, presságios, sensações. Mas Aurora já aprendera a entendê-los. E aquele frio… não era um bom sinal. Enquanto isso, Damon reunia os guerreiros mais antigos da alcatéia. Eles
A alvorada nasceu tranquila, mas a paz era frágil. As cinzas da batalha ainda pairavam no ar e, embora o território estivesse de volta às mãos certas, a aldeia estava longe de se recompor. Casas tinham sido queimadas, campos pisoteados, lobos feridos. Ainda assim, o povo andava com a cabeça erguida. Eles tinham Aurora. E isso bastava. No centro da clareira, uma nova cabana era erguida com o esforço conjunto da alcatéia. Mas Aurora recusava-se a dividir o mesmo teto com Damon. Aurora: "Não. Eu não quero viver sob o mesmo teto que ele." Os anciãos a olhavam com pesar, mas não ousavam contrariar sua decisão. Damon, do outro lado da clareira, observava em silêncio, com o filho nos braços. O menino já começava a andar, tropeçando pelas pedras, curioso como todo filhote de lobo. Damon: "Ele precisa crescer com os dois pais por perto." Aurora: "Então construa uma cabana próxima à minha. Mas não dormirá comigo. Você escolheu Agnes, Damon. Então sustente sua escolha." A voz dela era fir
Último capítulo