Ela foi escolhida pelos anciões para ser a Luna do Alpha, mas ele a rejeitou sem hesitação. No entanto, sem saída, aceitou o casamento imposto, apenas para consumar a união e abandoná-la logo depois. Sozinha e desprezada, ela descobriu a pior das traições: seu companheiro estava nos braços de sua própria irmã. Quando confrontou o Alpha, seu corpo a traiu antes que ele pudesse sequer se justificar. Grávida. A notícia enfureceu a irmã, mas ela se calou... até o momento perfeito para agir. Em um duelo cruel, a loba foi derrotada e jogada de um penhasco, desfigurada e condenada a uma transformação inesperada: tornou-se humana. Resgatada e cuidada por humanos, ela sobreviveu. Três anos se passaram, e a doce Luna de outrora não existia mais. Agora, irreconhecível, ela cruza o caminho do Alpha novamente. Ele não a reconhece, mas algo nele grita por ela. Entre um copo e outro, ele revela que sua alcateia está em ruínas desde que perdeu sua verdadeira Luna e que agora luta todos os dias para sobreviver e proteger seu filho. Quando ela pergunta sobre a mulher que destruiu seu casamento, ele responde com frieza: “Ela foi a primeira a virar as costas para mim... e agora se envolve com o Alpha que quer me ver morto.” Mas o que ele fará quando descobrir que a mulher que tanto procura está diante dele? E que o passado não pode ser enterrado tão facilmente?
Ler maisOs dias que seguiram à proclamação de Aurora como líder da alcatéia foram marcados por mudança e silêncio. As celebrações cessaram, e o povo voltou ao trabalho com mais afinco. Não havia mais desculpas. A nova liderança exigia ordem, reconstrução, estabilidade.Aurora acordava todos os dias antes do sol. Dedicava-se ao treinamento dos jovens guerreiros, ao plantio, aos estudos com os anciãos e, acima de tudo, à criação de seu filho. O menino agora andava com firmeza, falava palavras simples e já aprendia sobre as fases da lua. Era seu pequeno universo. Sua razão.Damon, por outro lado, afastou-se do centro da aldeia. Construiu uma cabana nos limites da clareira e ali vivia em silêncio. A vergonha era um fardo que pesava mais do que qualquer castigo imposto. Ele assistia de longe o crescimento do filho, a força de Aurora, e via naqueles gestos tudo o que havia perdido.Kael, o mais velho entre os anciãos, observava Damon em silêncio até que, certa noite, aproximou-se dele.Kael: "Você
O novo dia chegou com um vento frio, incomum para a estação. Era como se os deuses da floresta estivessem em vigília, atentos a cada passo dado dentro do território recém-reconquistado. Aurora despertou antes do sol nascer, como sempre fazia. Seu filho dormia profundamente, abraçado ao pequeno lobo de pelúcia feito à mão que Kael lhe dera como presente. Ela se levantou em silêncio e saiu da cabana, respirando fundo o ar da manhã. Os olhos buscaram instintivamente o céu, e ali, entre as nuvens carregadas, a Lua ainda pairava, pálida, mas presente. Aurora fechou os olhos. Aurora: "Eu cumpri meu dever. Reconstruí o que ele destruiu. Mas eu não posso carregar esse fardo sozinha." A brisa pareceu responder, gélida, roçando sua pele como um sussurro. Era sempre assim — a Lua nunca dava respostas diretas, apenas sinais, presságios, sensações. Mas Aurora já aprendera a entendê-los. E aquele frio… não era um bom sinal. Enquanto isso, Damon reunia os guerreiros mais antigos da alcatéia. Eles
A alvorada nasceu tranquila, mas a paz era frágil. As cinzas da batalha ainda pairavam no ar e, embora o território estivesse de volta às mãos certas, a aldeia estava longe de se recompor. Casas tinham sido queimadas, campos pisoteados, lobos feridos. Ainda assim, o povo andava com a cabeça erguida. Eles tinham Aurora. E isso bastava. No centro da clareira, uma nova cabana era erguida com o esforço conjunto da alcatéia. Mas Aurora recusava-se a dividir o mesmo teto com Damon. Aurora: "Não. Eu não quero viver sob o mesmo teto que ele." Os anciãos a olhavam com pesar, mas não ousavam contrariar sua decisão. Damon, do outro lado da clareira, observava em silêncio, com o filho nos braços. O menino já começava a andar, tropeçando pelas pedras, curioso como todo filhote de lobo. Damon: "Ele precisa crescer com os dois pais por perto." Aurora: "Então construa uma cabana próxima à minha. Mas não dormirá comigo. Você escolheu Agnes, Damon. Então sustente sua escolha." A voz dela era fir
A noite chegou com um silêncio incomum. Um daqueles silêncios que antecedem a destruição. O luar brilhou com intensidade no céu, pintando de prata os rostos endurecidos dos guerreiros que estavam prontos para lutar. Aurora, de pé diante de sua alcatéia, era a imagem da força. Seus olhos ardiam como brasas, o corpo coberto por vestes cerimoniais tingidas com sangue de lobo — símbolo do renascimento.— Hoje... — ela começou, a voz firme. — Hoje nós tomamos o que é nosso. Pela Lua. Pela honra. Pela verdade.O uivo da líder ecoou alto e longo, reverberando pelas montanhas e pelos corações dos guerreiros. O som foi respondido com dezenas de uivos em uníssono. A guerra havia começado.As duas alcatéias se encontraram nas bordas da antiga aldeia, que havia sido tomada por Agnes e seus aliados da tribo rival. O fogo já começava a consumir as árvores. Flechas voavam. Garras rasgavam carne. O solo se tornou um tapete de sangue e barro. Era caos. Era guerra. Era o que a Lua havia previsto.Auror
A clareira silenciosa parecia suspensa no tempo.Aurora, com a respiração pausada, permanecia em pé diante do altar de pedra onde a Lua havia selado sua linhagem. A cicatriz em sua têmpora, deixada pelo golpe de Agnes, agora reluzia em prata. Seu lobo interior pulsava com fúria contida e sabedoria ancestral. Ela havia sido renascida, não apenas como a Luna, mas como algo mais — como a verdadeira voz da Deusa.As árvores ao redor tremiam com o vento da noite, e a alcateia reunida formava um círculo ao seu redor. Os olhos de todos estavam fixos nela. Damon, entre os guerreiros, parecia uma sombra do Alfa que fora. Os anciãos, silenciosos, seguravam suas bengalas com força. Era a hora do julgamento.Aurora: Eu retornei não porque fui chamada. Mas porque fui escolhida antes mesmo que esse mundo tivesse nome. E hoje, a Lua voltou a falar comigo.Ela ergueu a mão, e uma luz prateada brilhou entre seus dedos.Aurora: A Luna não é só uma companheira de Alfa. Ela é a raiz. A base. O espírito v
O fogo ainda consumia os restos do que um dia foi o coração da aldeia. As cabanas ardiam em labaredas laranja e vermelhas, como se o céu tivesse descido à Terra para julgar os vivos. Os gritos haviam cessado, mas o cheiro de sangue e fumaça continuava impregnado nas narinas de todos. A noite estava carregada, pesada como chumbo. A lua, agora tingida de vermelho, parecia observar tudo com olhos de fúria. Aurora estava caída de joelhos no centro da clareira, as mãos manchadas de terra e cinzas. O cabelo, antes dourado e trançado como exigia sua posição de Luna, agora solto e emaranhado, balançava com o vento sujo da destruição. Seus olhos estavam secos, mas por dentro, ela ardia em dor, raiva e culpa. As últimas palavras da anciã ecoavam em sua mente: "Você é a guardiã da lua, filha da essência. Não deixe que a dor oculte o chamado." Ao seu lado, o pequeno Ayren dormia envolto em uma manta fina, com o rosto manchado de fuligem. Aurora o abraçou, pressionando o rosto contra a cabecinh
Último capítulo