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Marcada pelo Destino
Marcada pelo Destino
Por: Raays
Capítulo 1 – Escolhida Pela Lua

A lua cheia reinava absoluta no céu, lançando seu brilho prateado sobre a clareira sagrada. O vento cortante sussurrava entre as árvores, carregando consigo o cheiro de terra molhada e o murmúrio da alcateia reunida. Os anciões estavam posicionados em círculo ao redor da pedra ritualística, seus mantos esvoaçando levemente com a brisa. O clima era tenso, carregado de expectativa e reverência.

Aurora, de pé no centro do círculo, sentia cada olhar cravado nela. Seu coração batia acelerado, mas ela manteve a cabeça erguida. Desde pequena, ouvira as lendas sobre a Escolha da Lua – a cerimônia sagrada em que a deusa dos lobos determinava quem seria a Luna do Alpha, aquela destinada a reinar ao lado dele, a guiá-lo e fortalecê-lo. E agora, o momento havia chegado.

O Alpha.

Damon estava parado à margem do círculo, os braços cruzados sobre o peito, o rosto uma máscara de desdém e impaciência. Seu corpo imponente irradiava uma energia indomável, a força de um líder nato, um guerreiro forjado no fogo das batalhas. Seu olhar negro, profundo como o abismo, cravava-se nos anciões, carregado de frieza. Ele não queria estar ali.

O mais velho dos anciões, Othar, ergueu as mãos para o céu. A multidão silenciou.

— A Lua escolheu. — Sua voz ecoou como um trovão na noite. — Aurora é a destinada a ser a Luna da nossa alcateia.

Um murmúrio percorreu os presentes. Alguns lobos pareciam satisfeitos, outros chocados, mas ninguém ousava contestar as palavras da Lua. A escolha era sagrada. Irrefutável.

Mas então, Damon riu.

Uma risada baixa, seca, carregada de desprezo. Os olhos dos anciões se voltaram para ele, e a tensão na clareira se intensificou.

— Isso é uma piada? — Sua voz era grave, um rosnado contido. — Vocês realmente acham que eu vou aceitar isso?

Othar não piscou.

— Você não tem escolha, Alpha. A Lua decidiu.

Damon avançou um passo, o poder bruto em sua aura eletrizando o ar ao redor.

— Quem vocês pensam que são para me dizer o que devo ou não fazer? — Ele passou o olhar afiado pela multidão. — Eu não preciso de uma Luna. Muito menos dela.

Aurora sentiu o golpe em cheio. O desprezo em sua voz era uma lâmina afiada rasgando sua alma. Ela nunca tivera ilusões sobre Damon. Ele era frio, implacável, um Alpha que governava com força e medo. Mas ouvi-lo rejeitá-la assim, diante de toda a alcateia, era um golpe cruel.

Ainda assim, ela se recusava a demonstrar fraqueza. Engoliu a dor e sustentou o olhar dele, seus olhos dourados reluzindo sob a luz da lua.

Othar, no entanto, não recuou.

— Damon, a Lua nunca se engana. Se escolheu Aurora, é porque ela trará glória à alcateia.

Damon riu novamente, mas dessa vez havia um toque de raiva na sua voz.

— E se eu disser não?

O silêncio foi quase ensurdecedor. Os anciões se entreolharam, e foi Othar quem respondeu, sua voz carregada de algo sombrio.

— Se você rejeitar a escolha da Lua… será a ruína de todos nós.

A multidão irrompeu em murmúrios assustados.

— Nossa alcateia já está cercada de inimigos, Alpha. Nossa força depende da harmonia com a Lua. Ignorar sua vontade é desafiar o próprio destino.

Damon apertou os punhos. Ele sentia o peso daquelas palavras, mas sua alma se recusava a aceitar. Ele não queria uma Luna. Não queria Aurora.

— Se esse é o destino, então ele é uma maldição.

A voz de Othar se ergueu mais uma vez.

— Ouça bem, Alpha. — Seus olhos eram como brasas vivas. — Você pode lutar contra isso, pode odiá-la, desprezá-la… mas se não aceitá-la ao seu lado, condenará não apenas a si mesmo, mas todos que jurou proteger.

Damon sentiu um trovão rugir dentro de si. Ele queria rejeitar aquela imposição. Ele queria desafiar os deuses, cuspir no destino. Mas o olhar dos anciões, o medo estampado nos rostos de sua alcateia… tudo dizia que ele não tinha escolha.

A ruína de sua alcateia ou um casamento forçado.

O ódio queimou em suas entranhas.

Ele respirou fundo, sua mandíbula se retesando até ranger. Então, encarou Aurora com olhos frios, desprovidos de qualquer traço de aceitação.

— Que seja.

Um silêncio pesado caiu sobre a clareira. A alcateia prendeu a respiração, esperando algo mais. Mas não houve palavras bonitas, nem gestos de aceitação. Apenas a brutalidade de uma rendição sem alma.

Damon se virou, sua capa negra ondulando com o movimento. Ele partiu sem olhar para trás, sem se importar com a mulher que, a partir daquela noite, seria sua esposa.

Aurora sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Ela deveria se sentir aliviada? Feliz? Não sabia. Tudo o que sabia era que sua vida nunca mais seria a mesma.

O destino fora selado.

E a ruína ou a glória estavam à espreita.

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