Eyla sempre soube que era diferente. Seu dom de sentir energias e ler as intenções das pessoas a isolava em um mundo de aparências e superficialidade. Presa em uma rotina monótona e em um relacionamento frio, ela sente que algo dentro dela clama por mudança—por um amor verdadeiro, por um destino maior. Adrian é o alfa de sua alcateia, um líder astuto e perigoso, dono de um olhar verde que carrega segredos e um destino que não pode ser evitado. Quando seus caminhos se cruzam, o choque entre os dois é visceral, inevitável—e proibido. Uma profecia antiga alerta que, se um alfa se vincular a um humano, o véu que separa os mundos cairá, desencadeando consequências imprevisíveis. Agora, Eyla se vê no centro de uma guerra oculta, onde traições rondam a alcateia e forças sombrias se aproximam. Para sobreviver e reivindicar seu lugar ao lado de Adrian, ela precisará atravessar um ritual mortal que pode transformá-la para sempre… ou destruí-la. Entre o desejo e o perigo, entre a paixão e a fúria, o amor deles pode ser a ruína de todos—ou a chave para um novo destino. Um romance sobrenatural intenso, repleto de reviravoltas, paixão e mistério.
Ler maisA luz fria do teto vibrava levemente, zumbindo como um lembrete incômodo de que a vida de Eyla estava presa a repetições.
Mais um dia, mais uma reunião onde rostos vazios disfarçavam ambição e falsidade por trás de sorrisos plásticos. Sentada na ponta da mesa de vidro, ela observava os colegas — cada um envolto por uma névoa energética densa, cinza, sufocante. Seu dom, uma maldição silenciosa, a impedia de se desligar. Enquanto os outros balbuciavam sobre metas e estratégias, ela via o que ninguém mais via: inveja, frustração, desejo de poder. Tudo embrulhado em ternos caros e discursos reciclados. Eyla cruzou os braços e afundou na cadeira, disfarçando o desdém com uma expressão neutra. Mas por dentro, ela gritava. A sensação de estar fora do lugar, de ser uma peça errada em um quebra-cabeça burocrático, era constante. No corredor, a copa fervilhava de vozes agudas. Fofocas voavam como mosquitos em noite abafada. A secretária do chefe quase se desmanchava em desespero, tentando dar conta de uma agenda caótica. Eyla? Ela tinha três projetos acumulados, um novato para treinar e uma lista de clientes VIPs esperando soluções que ela mal conseguia oferecer com entusiasmo. Sua alma estava cansada. Após a reunião, encontrou Justin — seu namorado, ou melhor, seu exibidor oficial. Ele vinha com aquele ar de superioridade que parecia colado à pele, falando alto sobre contratos e cifras como se isso fosse alguma prova de masculinidade. Eyla o ouviu em silêncio, o coração murcho, a mente distante.Eles estavam a caminho de mais um evento corporativo — desses cheios de sorrisos falsos e taças de espumante morno. Justin parecia animado. Uma nova parceria com uma empresa internacional de energia limpa e sustentável prometia bons lucros. Mas o que chamou a atenção de Eyla não foram os números. Foram eles, os sócios. Os novos sócios chegaram cercados de uma aura estranha. Homens altos, imponentes, com um magnetismo quase selvagem. Olhos intensos, corpos marcados por uma força contida. Ao lado deles, mulheres igualmente belas e elegantes, mas com uma energia bruta, como predadoras em pele de veludo. Algo neles fez a espinha de Eyla arrepiar. No entanto, voltando a sua presença quando Justin solta em uma roda de conversa: — Vejam — disse Justin, com orgulho inflado —, esta é minha noiva, Eyla. Noiva? O chão pareceu sumir sob os pés dela. Aquela palavra caiu como uma bomba em sua mente. Justin nunca havia pedido sua mão, nem sequer insinuado tal coisa. Ela era somente uma decoração conveniente no seu teatro de sucesso. O calor subiu às bochechas, e um nó apertou sua garganta. Sentiu os olhares curiosos dos convidados pesando sobre ela, julgando, esperando. Forçou um sorriso, mas foi fraco, quebrado. — Com licença... preciso ir ao banheiro — murmurou, virando-se sem esperar resposta. Caminhou rapidamente pelos corredores, o salto ecoando como marteladas. Seu coração batia fora do ritmo. E então, sentiu. Uma presença. Alguém — ou algo — a observava. A atmosfera mudou. Uma energia espessa, pulsante, quase viva, enroscou-se nela como um toque invisível. Estremeceu. Ela não sabia explicar, mas aquela sensação era diferente de tudo que já havia sentido antes, pensou que estava louca, ou o espumante foi demais? Olhou discretamente em volta, não percebendo nada, seguiu seu caminho rumo ao toalete.Aquela noite só estava começando...
A primeira luz da manhã atravessava as cortinas espessas do quarto, espalhando um brilho dourado sobre os corpos entrelaçados. Adrian despertou antes que o sol tocasse totalmente o céu, os instintos já em alerta. A presença de Eyla em seus braços, serena e tranquila, era seu único alívio.Ele desceu da cama com cuidado, ajeitando os lençóis sobre o corpo dela, como se temesse que qualquer brisa a levasse para longe novamente. Vestiu-se em silêncio, cada movimento lento e contido, mas seus olhos não deixavam de encarar o horizonte além da janela.Havia algo errado. E ele sentia.Minutos depois, Viktor chamou na ligação mental.— Alfa — disse em tom grave. — Temos algo.Adrian franziu o cenho e saiu, deixando um beijo leve na testa de Eyla. Ao sair do quarto, seu semblante mudou. O Alfa guerreiro tomou o lugar do companheiro apaixonado.— Fala.Viktor caminhava ao lado dele pelos corredores ainda adormecidos da fortaleza.— Três novos símbolos da Marca Negra foram encontrados a leste da
O crepúsculo tingia o céu de tons dourados quando Eyla sentiu o cheiro inconfundível de pinho, terra molhada e poder. Adrian. Seu lobo. Seu companheiro. Seu amor.Ela mal teve tempo de virar-se antes que ele surgisse no corredor, ainda coberto pela poeira e terra, os olhos verdes faiscando. Eles se encararam por um instante eterno, e então Adrian correu até ela e a envolveu nos braços.— Meu amor… — ele sussurrou contra seu pescoço. — Você voltou para mim, você descansou?— Sim, Adrian, estava preocupada com você — ela respondeu, segurando-o com força. — Quando me trouxe de volta, fiquei com tanto medo de te perder.— Nunca. — Ele segurou o rosto dela entre as mãos, a testa tocando a dela. — Você é minha luz, Eyla. Quando vi sua alma naquele lugar, imóvel, pensei que meu mundo tivesse acabado.Ela acariciou-lhe a barba, sentindo cada fio, cada vibração de emoção.— Estamos aqui agora. Juntos. Inteiros e cheios de saudade.Ele a beijou. Um beijo quente, intenso, desesperado. Um beijo d
A noite sobre as montanhas esquecidas, onde o tempo parecia estagnado e os ecos das eras antigas ainda ressoavam entre as rochas cobertas de musgo. No centro do círculo de pedra, envolto por runas ancestrais gravadas à mão, Alfa Lucian aguardava. Sua presença era uma sombra viva, a túnica negra esvoaçando com o vento que vinha de nenhum lugar.O ar ao redor estalou, e uma fissura se abriu no tecido da realidade. Da brecha entre os mundos, emergiu o Príncipe do Escuro.Sua forma era esguia, feita de névoa e carne, e seus olhos, vermelhos como brasas acesas, fitavam Lucian com desprezo e fome.— Você me chamou, traidor — rosnou a entidade, com a voz que soava como centenas de línguas sussurrando ao mesmo tempo.Alfa Lucian sorriu, frio como o aço.— Eu chamei, sim. Mas para avisa-lo que não vou me submeter a você.O Príncipe riu, uma gargalhada que fez o próprio solo estremecer.— Eyla esteve em suas mãos… e você a deixou escapar. Tão perto, tão vulnerável… E mesmo assim, ela vive. Você
O sol mal havia tocado as montanhas quando Eyla abriu os olhos. Seus músculos estavam tensos, a pele fria, mas o coração… o coração pulsava forte. Valesa, sentada ao seu lado com uma infusão de ervas nas mãos, sorriu ao vê-la desperta.— Você voltou inteira — disse a xamã, aliviada. — Eu temi que sua alma tivesse ficado presa no véu para sempre.Eyla tocou o próprio peito, onde ainda sentia o resquício da dor que a consumiu no Véu.— Eu senti Adrian. Foi ele que me puxou de volta.— Ele atravessou o Véu por você, Luna. Isso não se faz impunemente. Mas graças a Deusa da Lua, ele conseguiu voltar e a você. — Valesa a observou com atenção. — E agora, o vinculo entre vocês está mais forte. Quase indestrutível.— Quase — murmurou Eyla, sentando-se com esforço. — E Alfa Lucian?— Ferido segundo Alfa Adrian. Mas vivo. E desaparecido também. Adrian já está em campo e começou a caçada da Marca Negra.Eyla ergueu os olhos.— Sozinho?Valesa assentiu.— Com Viktor e Mike e alguns guerreiros. Mas
Valesa trabalhou rápido, enviando Adrian através do véu.O véu não era lugar de chão ou céu. Era feito de visões quebradas, fragmentos de passado e medo. A cada passo, Adrian era assaltado por memórias de batalhas perdidas, cenas de Eyla sangrando em seus braços, vozes que sussurravam suas falhas, seus piores instintos.Lobos de olhos vazios surgiam entre as névoas, ilusões vivas, tentando puxá-lo para a loucura. Mas ele os despedaçava com rosnados e garras de energia bruta. Ele não procurava redenção. Ele procurava ela.E então, ele a viu.No centro de um círculo feito de fumaça, Eyla flutuava, envolta em correntes de sombra. Os olhos dela estavam abertos, mas sem brilho — e Alfa Lucian estava ali, atrás dela, sussurrando palavras em sua mente.— Bem-vindo, Alfa Adrian — disse Alfa Lucian, calmo, os olhos reluzindo com prazer. — Como eu sabia que faria.Adrian rosnou, as presas à mostra, a fúria tomando conta.— Solte. Ela. Agora.Lucian sorriu. Um sorriso cruel.— Que tal negociarmo
A clareira ritualística havia sido preparada. O chão estava coberto de símbolos antigos entalhados em sal e carvão. O ar vibrava com energia contida, uma antecipação que fazia a pele formigar. Valesa murmurava cânticos em uma língua esquecida, e Eyla, no centro do círculo, mantinha os olhos fechados, mãos sobre o peito. Dentro dela, a loba se remexia, tensa. O fio com Lucian se entrelaçava com suas emoções, tentando distraí-la, puxá-la de volta. — Concentre-se. — disse Valesa, colocando as mãos sobre a testa de Eyla. — É ele ou você. Queime o fio. A energia aumentou. As runas ao redor brilharam. Um vento sobrenatural começou a soprar ao redor do círculo, levando folhas e poeira ao ar. A terra parecia respirar. Um grito rasgou os céus quando o fio começou a se desfazer. Adrian atravessou os corredores da fortaleza como um raio. Tinha sentido a ligação com Eyla tremer. O elo mental entre eles ficou turvo, e em seguida, silêncio total. Seu coração martelava no peito como um tambor de
Último capítulo