Marcas de possessão

Narrado por Zalea Baranov

Os dias escorreram como sangue lento em ferida aberta. Desde aquela noite — a noite em que Leonid me viu afogada em pesadelos — algo se partiu em silêncio e se reconstruiu em sombras entre nós. Todas as noites, quando o colchão afundava sob o peso do seu corpo, e as mãos dele deslizavam como promessas não ditas pelas minhas costas, eu simplesmente cedia. Afundava nele. Me deixava existir.

Havia algo de quase sagrado naquele gesto. Um toque leve, um carinho no cabelo, o calor constante… insignificante para um mundo que não entende o que é crescer em ruínas. Mas para mim, aquilo era um altar. Um refúgio. Uma prova muda de que, mesmo entre monstros, eu ainda podia ser tocada sem ser destruída.

Naquela manhã, ao abrir os olhos e encontrá-lo me observando com aquela intensidade glacial que queimava, eu soube. Soube que o dia tinha nome. Tinha peso.

Hoje, eu me tornaria a noiva de Leonid Raskolnikov.

Um calor estranho se espalhou por mim — possessivo, incontrolável
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