Narrado por Leonid Raskolnikov
Zalea estava sentada na cadeira de amamentação, o corpo ainda frágil, mas a alma… a alma parecia enraizada em algo maior. Seus braços envolviam Nazar, e a pequena Anya repousava logo em seguida sobre seu peito. Era uma visão sagrada: mãe e filhos unidos pela respiração, pelo calor, pela sobrevivência.
O silêncio era preenchido apenas pelo som dos monitores e da vida se renovando. E ali, mesmo à distância, senti algo dentro de mim se partir — talvez fosse o resto do homem que um dia acreditou que não merecia aquilo. Porque agora, vendo Zalea com nossos filhos nos braços, eu soube: tudo tinha valido a pena. O sangue, as perdas, os gritos no escuro. Tudo.
Eu beijei o topo de sua cabeça, sentando-me ao seu lado enquanto nossos filhos respiravam, pequenos e frágeis, como chamas recém-acesas contra o vento.
Ali, entre fios e luzes tênues, ela os embalava como quem carrega o próprio coração fora do peito.
Por eles, eu matava e morreria sem pensar duas vezes. P