MNarrado por Leonid Raskolnikov
As palavras de Zalea ecoavam em mim como um lamento tardio, esculpindo sulcos de culpa onde antes havia apenas aço. Cada sílaba sussurrada por ela era uma confissão que me queimava por dentro — um açoite silencioso que expunha a minha negligência. Eu deveria ter feito algo. Ter ouvido, ter visto, ter rasgado o véu do silêncio que a envolvia desde a morte da mãe. Mas eu tinha apenas dezessete anos. Um Don recém-coroado, tão cego de poder quanto qualquer tirano jovem demais para reconhecer o peso de uma alma ferida.
Na época, eu não sabia. Não sabia das mãos sujas de Ivan Baranov, nem das marcas invisíveis que ele deixava no corpo da própria filha. Ignorância não é inocência — e agora, ela me corroía como um veneno antigo, espalhando-se pelas veias com a lentidão cruel de um castigo merecido.
Mas não importava mais. Eu faria de cada dor de Zalea uma oferenda de sangue. Destruiria Ivan de dentro para fora, devorando-o com a mesma crueldade com que ele arru